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Artista e sacerdote
Mestre Didi, ícone da cultura e religiosidade afro-brasileira, completa hoje 91 anos de idade.
Há 91 anos, nascia em Salvador, Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi. Artista plástico reconhecido no Brasil e no exterior, Mestre Didi representa a cultura afro-brasileira, pois sua arte é intimamente ligada à religiosidade de matriz africana. Além disso, sua arte não se limitou apenas às esculturas, mas também adentrou a literatura e a música.
Foi iniciado no candomblé aos 8 anos e, a partir dos 15, já é investido em vários títulos e funções na hierarquia das comunidades religiosas afro-brasileiras. Desde cedo, quis aprender a língua litúrgica da religião, o Yorùbá. Em 1950, publicou uma listagem de vocabulário Yorùbá-Português, o que serviu para instalar, em 1960, o ensino dessa língua na Universidade Federal da Bahia. Em 1961, Didi publicou uma primeira coletânea de contos populares de ascendência africana, como resultado da transmissão oral de geração em geração.
As obras de Mestre Didi estão no acervo do Museu Picasso, em Paris, do Museu de Arte Moderna em Salvador e no Rio de Janeiro, entre outros vários museus. Suas esculturas utilizam contas, renda de couro, búzios e folhas de palmeira e são inspiradas em contos e objetos de culto aos orixás. Como sacerdote, Mestre Didi não pode conceder entrevistas, devido a preceitos religiosos. A porta-voz do artista é sua esposa, Juana Elbei Santos. Segundo Juana, as esculturas de Didi estão longe de refletir aspectos de folclorização ou regionalismo, pois há um interesse muito grande sobre elas por todo o mundo.