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Alaíde do Feijão ensina culinária negra em Brasília
Brasília, 12/9/07 – Alaíde do Feijão estará em Brasília do dia 18 a 21 de setembro para dar um curso de culinária afro. O curso é o segundo eixo do Projeto Intercâmbio, Resgate e Promoção Socio-Cultural Afro-Latina, da Fundação Cultural Palmares e será realizado em parceria com a Fundação Sônia Ivar.Dona do restaurante Alaíde do Feijão no Pelourinho, em Salvador, Alaíde ensinará a famosa feijoada, acarajé e outros pratos da culinária afro. Há 200 vagas para o curso, que será ministrado pela manhã e pela tarde na União Educacional de Brasília (Uneb). As inscrições são gratuitas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (61) 3349-8622.
Da rua para o mundo:
Foi com um tabuleiro, vendendo feijão no meio da rua, em frente ao Elevador Lacerda, desde 1945, que dona Maria das Neves criou os oito filhos naturais e os quatro que adotou. Uma das filhas, Alaíde da Conceição, manteve a tradição, e, do final da década de 70 até 1992, permaneceu no mesmo lugar, chegando a servir 150 pratos por noite. “A gente chegava por volta das 18h e só saia de manhã, quando os ônibus começavam a rodar”, relembra a popular Alaíde do Feijão, que há 11 anos comanda o restaurante com seu nome, no Pelourinho, conhecido nacional e internacionalmente.
Apesar da fama, ela não tem dúvidas: ganhava mais dinheiro antes, quando trabalhava na rua. Hoje sua clientela média é de 50 clientes por dia e as despesas são altas para manter o bom atendimento e a boa aparência do restaurante, sem falar nos impostos, salários dos funcionários, água, luz, telefone… “Lá não tinha nada disso, o dinheiro que entrava era livre”, diz Alaíde.
O segredo para ganhar a clientela no meio da rua, sem conforto, é “ter muito carinho pelo que faz e respeito pelos clientes. Se a comida for de boa qualidade, caseira mesmo, você conquista a confiança das pessoas”. E foi assim que dona Maria das Neves fez uma clientela fiel, que passou de mãe para filha. Nos dias mais movimentados, quando a noite do Comércio fervia, as duas chegavam a servir 150 pratos de feijoada, rabada e mocotó.
“Eram três panelões, cada um de dez quilos. O triplo do que faço hoje”, compara Alaíde. A saída das ruas, segundo ela, teve muito a ver com a violência da cidade, aliada à queda do movimento noturno no Comércio. Entre a Praça Cairu, onde contava apenas com o tabuleiro para apoiar as panelas e o fogareiro para manter o feijão no ponto, e o restaurante da Rua Doze de Outubro, ela passou um ano “numa portinha” na Rua Inácio Acioli, também no Pelourinho. O espaço dava apenas para três a quatro mesas, mas foi o bastante para a fama de Alaíde do Feijão se espalhar e atrair jornalistas, políticos, artistas, turistas e outros freqüentadores do Centro Histórico.
Com isso, o nome de Alaíde, ou melhor o feijão dela, ganhou o mundo. O restaurante passou a figurar em diversos guias turísticos, daqueles que indicam boas opções em Salvador. Apesar da mudança de endereço e do prestígio, ela garante que sua feijoada continua a mesma e que mantém o preço acessível: R$10, com porção para duas pessoas.