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Agentes culturais de Minas Gerais discutem o fortalecimento dos editais de cultura negra
Se uma única palavra pudesse definir a reunião dos agentes culturais mineiros e integrantes do Movimento Negro realizada no último domingo (16/06), em Belo Horizonte/MG,o verbete escolhido com certeza seria: MOBILIZAÇÃO.
Durante o encontro, cujo objetivo era discutir estratégias para conseguir a total liberação dos editais do Ministério da Cultura (MinC), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), destinados para produtores, criadores e pesquisadores negros, os participantes ressaltaram é preciso agir e ir em busca de soluções para esse entrave.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, participou da reunião e afirmou que somente com a união do Movimento Negro será possível manter os direitos conquistados e demandar mais políticas públicas para a arte e a cultura negra. “Participar das reuniões é importante, mas para as reais necessidades da população negra chegarem até nós do governo, é preciso que o Movimento Negro construa isso”, disse. “Esse objetivo só será alcançado com união”,declarou.
Evandro Nunes, ator e presidente do Coletivo Negraria, concordou com Hilton Cobra ao afirmar que sente falta de mobilização para alcançar os objetivos traçados nos debates. “Eu acho que só no campo do discurso nós não conseguiremos mudar nada. Nós já estivemos em vários debates, vários fóruns e encontros, mas a coisa não tem caminhado. Precisamos de ação”, disse.
A escritora Lêda Martins chamou atenção para o fato de que a mobilização para revogar a liminar que suspendeu os editaispara produtores, criadores e pesquisadores negros deve ser nacional. “Uma das ideias é formar comitês de força nacional. Não será mais um estado que vai lutar por isso, mas o Brasil com uma só voz”, salientou.
Para a Makota Kizandembu Kiamaza, presidenta da Associação Nacional de Moda Afro-Brasileira (ANAMAB), é hora de fortalecer o movimento negro. “Nós precisamos nos unir, ir para as ruas. Temos que pensar que ações serão tomadas após a suspensão dos editais. Como vamos ficar nessa história?”, questionou.
FCP pelo Brasil – Assim como aconteceu em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, a reunião entre os produtores culturais, artistas e militantes do Movimento Negro da capital mineira fomentou também a decisão de criar um Fórum Mineiro de Culturas e Artes Negras que deve discutir estratégias para ampliar o acesso dos afro-brasileiros aos mecanismos de fomento à cultura do Estado.
Nos próximos dias, será a vez dos agentes culturais dos estados de Maranhão e Sergipe se reunirem para planejar ações culturais jurídicas para reverter a situação, assim como a realização de manifestações de rua para dar visibilidade às interferências praticadas contra a preservação da arte e da cultura negra.