Notícias
A força da tradição: Cem anos de terreiro atestam resistência da cultura negra
Performance do dançarino e coreógrafo Clyde Morgan Mila Cordeiro/ AGECOM
Com um misto de emoção e orgulho, Mãe Stella de Oxossi encerrou a cerimônia de abertura do evento 100 anos do Candomblé de São Gonçalo: E daí, nasceu o encanto!, realizado do último dia 30 de julho a 1º de agosto, na cidade de Salvador, em comemoração ao aniversário do terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, um dos seis tombados no País.
“Estar à frente do Ilê Axé Opô Afonjá no ano em que ele completa cem anos é motivo de muita alegria. Este aniversário me deixa muito feliz. Aumenta a nossa auto-estima, faz com que nos reconheçamos como irmãos e irmãs, fortalecendo a luta da comunidade negra. É uma sensação de vitória e de felicidade, pois a Bahia está comemorando conosco!”, declarou Mãe Stella.
As comemorações de aniversário do terreiro do Afonjá contaram com a presença de autoridades e adeptos das religiões de matriz africana de todo Brasil. Um dos momentos mais fortes da noite foi o lançamento da coleção de selos que homenageia o patrono do Ilê Axé Opô Afonjá, o orixá Xangô. Segundo Jackson Augusto Jakes, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBTC), a confecção e circulação do selo simboliza o respeito da nação pelas religiões afro-brasileiras.
FCP – A história do terreiro e da ação das mulheres que já o guiaram nestes cem anos (as Yalorixás Aninha, Bada, Senhora, Ondina, e a atual Stella, contada pelo Ogã Ribamar Feitosa) também emocionou os participantes. Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, que compôs a mesa de abertura representando o ministro Juca Ferreira, da Cultura, afirmou, em sua fala, que “o principal desafio para as religiões de matriz africana na atualidade é a luta contra a intolerância religiosa”, não sendo mais aceitável que “o legado cultural e civilizatório que aqui chegou com os africanos seja desrespeitado”.
Compuseram a mesa de abertura da celebração o titular da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Eloi Ferreira; a Akekerê da Casa, Srª Ana; e a representante do governo da Bahia, socióloga Luiza Bairros, secretária de Promoção da Igualdade (Sepromi). Após os discursos, muita música e dança deram continuidade às comemoraçãos do dia, com a performance do dançarino estadunidense Clyde Morgan e do baianíssimo Afoxé Filhos de Gandhy.
“Os cem anos do Ilê são referência e exemplo de resistência para cada negro e cada negra (Eloi Ferreira, titular da Seppir).
“Este momento é de empoderamento da comunidade negra, pois vencemos os momentos de perseguição (Luiza Bairros, titular da Sepromi ).
“São cem anos de Brasil, cem anos de resistência, cem anos de cultura, cem anos de luta por um futuro de igualdade em nosso País (Zulu Araújo, presidente da Palmares).
“Momento de orgulho e honra para os(as) antepassados(as); futuro de glória para o povo deste axé regido por Xangô. Viva o Candomblé! (Ogã Ribamar Feitosa, Afonjá).