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21 de março – Independência da Namíbia
“Nós não entregamos as nossas terras. O que não foi dado pelo proprietário não pode ser tomado por outra pessoa’’ – Hendrik Witbooi
No último 21 de março, além de fazermos memória aos manifestantes mortos e feridos no massacre de Sharpeville, na África do Sul, em 1960, por meio do Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, nesta data comemora-se também a Independência da Namíbia. Por isso, hoje, iremos passear pela história deste belo e árido país localizado na parte austral do continente africano e que também precisou lutar contra o regime racista do apartheid.
Antes da ocupação alemã (1884), as terras do que hoje são a Namíbia eram habitadas por povos bantus (hereros, ovambos) e pelos khoisans (khoikhoi e san). Com a Conferência de Berlin (1884/85), a região esteve sob ocupação alemã até o final da 1ª Guerra Mundial, quando foi estabelecido que com a dissolução dos impérios turco-otomano e alemão, as antigas regiões de ocupação destes ficariam sob mandato da Liga das Nações. No caso específico do ‘‘Sudoeste Africano’’, como foi chamada a região, o apoio à administração do território pela Liga das Nações foi delegado à União da África do Sul. No entanto, em 1921, a União da África do Sul ocupou militarmente e politicamente, o teritório.
Desde o imperialismo alemão, a população da Namíbia se organizou para combater as forças estrangeiras. Exemplo foi a luta do líder khoikhoi Hendrik Witbooi que ao perceber a ameaça que o colonialismo representava para o seu povo, negociou a paz entre grupos étnicos da região, para que se unissem e lutassem contra o colonialismo alemão. Como resposta à resistência dos povos nama e hereros, os alemães praticamente os exterminaram, o que é considerado o primeiro genocídio do século XX.
A ocupação da África do Sul, onde a partir de 1948 foi institucionalizado o apartheid, foi marcada por políticas segregacionistas, opressão e exploração econômica da população do Sudoeste Africano. Com o fim da Segunda Guerra, o nacionalismo na África, especificamente na Namíbia cresceu, no entanto, por ser um país de localização estratégica, em um contexto de Guerra Fria e possuir importantes fontes de diamante e urânio, as lutas contra a ocupação da África do Sul perduraram até 1988, quando houve um acordo entre as duas partes para tornar a Namíbia independente.
Desde a década de 1960, a luta pela libertação foi protagonizada pela Organização do Povo da África do Sudoeste (SWAPO), grupo político construído a partir dos povos ovambos, mas que rompeu com o essencialismo étnico e ampliou o sentimento nacional do povo Namibe. Por décadas, lançou uma guerra de guerrilha contra as forças sul africanas, unificando a luta pela independência da região.
Quando a Namíbia se tornou de fato um Estado soberano, Sam Nujoma, líder da SWAPO, foi eleito presidente do país. Em uma nova assembleia constituinte, o país declarou-se totalmente independente, em 21 de março de 1990.
A Namíbia é um dos países mais jovens da África, onde uma das principais atividades econômicas da região é a extração de minerais e metais preciosos – o país é um dos principais produtores mundiais de urânio e diamante. É um país eminentemente desértico – seu nome, na verdade, deriva do deserto homônimo que atravessa o território, Deserto do Namibe.
Namíbia é também considerada o segundo país independente com menor densidade demográfica, ou seja, há poucos núcleos de concentrações populacionais. A grande parte da população desta região é formada pelos ovambos, que somam mais de 50%, os outros 50% são divididos entre os povos; herero, himba, damaras e namas. 7% da população é formada por pessoas brancas descendentes de alemães, britânicos e portugueses, a segunda maior população de ascendência europeia no continente. Um dos grandes problemas enfrentados é a distribuição desigual de renda, pois a maioria das riquezas estão concentrados nas mãos da população não negra presente no país.
Desde 1991, o inglês vem sendo utilizado como única língua oficial do país, mas o idioma mais falado é o oshiwambo. Até 1990, o alemão e o africâner eram considerados línguas oficiais, mas no ano posterior o inglês foi oficializado e passou a ser ensinado obrigatoriamente nas escolas. Outros idiomas têm recibo de semi oficial, por serem instrumentos de instrução nas escolas primárias.
Com clima semi-úmido, banhado pelo oceano atlântico, o território de Namíbia é composto na unificação de paisagens formadas por desertos arenosos e cânions de pedras. Sua fauna é formada por animais de várias espécies, que podem ser vistos em vários safaris e parques ecológicos. Os grandes monumentos geográficos naturais existentes na região é o deserto do Kalahari, deserto de Namibe e o Canyon Fish River. O deserto de Namibe é uma vasta área de planaltos que contém cascalhos áridos e dunas de areia que se estende pela costa do país.
Fontes: