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“O beijo da Mestra Irineia” – Artesã é homenageada em Alagoas
A quilombola e mestre artesã Irineia Rosa Nunes da Silva recebeu no último dia (13) uma homenagem do Governo do Estado de Alagoas, a replica da sua obra “O beijo da Mestra Irineia” foi instalada na orla da Lagoa da Anta em Maceió.
A iniciativa de expor as obras dos artistas locais para valorizar a cultura regional faz parte do “Circuito Alagoas Feita à Mão” e o intuito é instalar réplicas de esculturas da arte popular de Alagoas em pontos estratégicos da orla de Maceió. As réplicas gigantes medem cerca de seis metros e são feitas em isopor naval e fibra de vidro.
Nascida em janeiro de 1949, remanescente do povoado quilombola do Muquém, Dona Irineia começou fazendo cabeças de barro para ajudar na renda familiar, participou de feiras de artesanato pelo Brasil e em 2005 foi reconhecida como Patrimônio Vivo de Alagoas. A artesã utiliza barro e lenha para produzir os personagens da vida real, a partir da observação das vivencias dentro da comunidade. Dona Irineia, foi finalista do Prêmio Unesco de Artesanato da América Latina e Caribe e suas esculturas foram expostas na Expo Milão, uma feira que reúne obras de arte de diversos países.
O povoado de Muquém localizado em União dos Palmares abriga os descendentes diretos das famílias que habitaram a Serra da Barriga. Foi reconhecido oficialmente em 2005 pela Fundação Cultural Palmares (FCP) como a primeira comunidade remanescente do Quilombo dos Palmares, o povoado é conhecido como principal ponto de resistência contra a escravidão no Brasil. As principais atividades da comunidade são: agricultura familiar e o artesanato. A tradição de produzir peças de barro e cozidas em fornos artesanais atravessa gerações de Muquém. O barro, principal obra-prima das esculturas é retirado do rio Mundaú e pelas mãos dos artesãos da comunidade. Em 2010 o povoado foi destruído pela enchente e os moradores subiram em arvores para sobreviver. Dona Irineia perdeu aproximadamente 2 mil esculturas e após superar o desastre natural que abalou o Muquém, produziu um dos trabalhos mais significativos: A jaqueira e a lenha.
Dorinha Cavalcante presidente da Associação Ádapo na Comunidade do Muquém destaca a importância de expor o trabalho da artesã Dona Irineia. “Um trabalho importante na valorização da cultura quilombola que resiste. Turistas transitam todos os dias na orla logo é uma honra ter a escultura de Dona Irineia exposta”, Afirma Dorinha.
A escultura está exposta na orla da Lagoa da Anta, em Maceió.