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2010 começa com a benção dos orixás
A festa de fim de ano realizada na Prainha, em Brasília, no dia 31, com a reinauguração da Praça dos Orixás foi um marco especial para adeptos das religiões de matriz africana e para a cultura afrobrasileira. “A entrega desta praça representa o direito inalienável de qualquer cidadão brasileiro de expressar sua fé e manter viva suas raízes. Seu significado vai além da questão religiosa, a praça é um lugar de expressão da cultura afrobrasileira”, ressaltou Zulu Araújo presidente da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, na solenidade de inauguração.
Para Zulu, o ato de intolerância religiosa que destruiu as estátuas dos orixás é uma ação racista e a restauração das estátuas e o projeto de resgate da praça é uma das obrigações da Fundação. “Enquanto presidente da Palmares é minha obrigação implementar políticas públicas que combatam a discriminação e a desigualdade. Enquanto cidadão este é um momento de grande alegria, mas que ainda precisa de muita reflexão sobre o espaço que é dado às influências da cultura negra para a cultura brasileira”.
A necessidade de zelo ao patrimônio público, de forma a inibir novos ataques aos orixás foi lembrada por todos os oradores, já que a reinauguração da praça se deu com seguranças, brigadistas e iluminação particular fornecida pelos organizadores do evento.
O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, garantiu que a segurança do local é um compromisso do presidente Luis Inácio Lula da Silva e que ela será feita, mesmo que seja preciso intervenção federal.
“A beleza de nossa festa perpassa pela beleza de nossa espiritualidade e é dessa forma – com beleza e solidariedade – que vamos dar respostas aos atos de intolerância religiosa e de racismo”, manifestou o assessor especial da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Carlos Moura.
Mãe Marinalva, presidente da Federação Brasiliense e entorno de Umbanda e Candomblé, em tom de alegria, foi direta: “Zulu, você é um baiano `arretado`, prometeu a restauração da praça e cumpriu!”. A mãe de santo falou de sua luta pela restauração do lugar e disse que em 2005, quando a primeira estátua foi depredada, muitos disseram que era o fim da praça. “Hoje, estou feliz de não ter acreditado nisso e de ter aceitado a missão que os orixás me deram, a de batalhar pela sua reconstrução e de ter procurado pessoas que pudessem me ajudar neste sonho”.
A chuva fina que caiu na noite que antecedeu a chegada do ano novo não atrapalhou a apresentação dos Filhos de Gandhi, da Bahia, e nem as comemorações de quem estava na Prainha. Serviram de bom agouro, já que 2010, segundo os babalorixás, é regido pelas águas e é o ano de Oxalá e Yemanjá.
A Fundação Cultural Palmares investiu R$ 550 mil na recuperação das estátuas do baiano Tutti Moreno e R$ 180 mil no projeto Resgatando a Praça dos Orixás, coordenado pelo diretor de Proteção ao Patrimônio Afrobrasileiro da Palmares, Maurício Reis.
Assessoria de Comunicação da FCP