2 DE JULHO

Hoje é 2 de julho, uma data que não guarda apenas a marca da independência na Bahia, mas é emblemática da força e da resistência dos povos negro e indígena na construção de nosso País. Como presidente da Fundação Cultural Palmares, é uma honra e um dever falar sobre o significado da data sob a perspectiva dessas nossas gentes.

Nas batalhas que marcaram a vitória de 2 de julho de 1823, a presença de indígenas e negros de ambos os sexos, escravizados e livres, era numerosa. Um bom exemplo é o da pescadora negra Maria Felipa. Ela foi uma das várias mulheres que enfrentaram as tropas portuguesas com a determinação e a coragem peculiares às comunidades afrodescendentes e indígenas.

Sua história, portanto, é um registro inequívoco de nossa resistência, nossa tenacidade, nossa luta pela liberdade.

O 2 de julho é uma oportunidade de reafirmar nossa identidade e cultura. As manifestações do dia do desfile, com suas danças e rituais de matriz africana, marcam nossas origens, celebrando não apenas o passado, mas atestando o valor de nosso patrimônio cultural – o que significa dizer quem somos hoje.

É um momento de orgulho e afirmação de nossas tradições e de nossa contribuição para a experiência brasileira.

Para nós, da Fundação Cultural Palmares, o 2 de julho simboliza resistência e chamamento para a ação. Estamos em um País onde as minorias raciais, em particular os negros e os indígenas, continuam a enfrentar enormes desafios. E ao comemorarmos a data, estamos também dizendo que queremos seguir em frente na luta pela justiça étnico-cultural – ou racial.

É uma oportunidade de pensarmos no que conquistamos e de dizer para onde queremos ir.

Portanto, neste 2 de julho, convido todas as brasileiras e todos os brasileiros não só a reverenciar nossos ancestrais, como a assumir um compromisso renovado com um futuro mais justo, nos motivando a lutar por um Brasil no qual a igualdade de direitos e a justiça social se tornem uma realidade para todas as pessoas da raça humana. 

Paz.

Luz.

Àṣe.

João Jorge Santos Rodrigues

Presidente da Fundação Cultural Palmares