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Pesquisa com participação do ON ajuda a compreender impactos ambientais das mudanças climáticas na região Amazônica
Uma pesquisa recente, que contou com a participação do Observatório Nacional (ON/MCTI), lançou luz sobre os efeitos das mudanças climáticas ao longo dos séculos na região Amazônica.
Conduzida em Humaitá, Manaus e Presidente Figueiredo, no Amazonas, o estudo utilizou métodos geotérmicos que exploram variações de temperatura desde a superfície até as profundezas da Terra a fim de compreender a alteração térmica de poços artesianos, tanto rasos quanto profundos, e seus impactos ambientais.
Equipe de pesquisa
O projeto, intitulado "Contribuição aos estudos ambientais da Amazônia utilizando métodos geotérmicos", recebeu apoio do Governo do Amazonas através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores - Programa Primeiros Projetos (PPP).
O estudo foi coordenado pela doutora em Geofísica pelo ON, Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam-Campus Humaitá), e contou com a participação do pesquisador do Observatório Nacional (ON/MCTI) Dr. Fábio Pinto Vieira e da professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Dra. Suze Pereira Guimarães, que na época do estudo desenvolvia seu projeto de pós-doutorado no ON.
Conforme explicou o Dr. Fábio Pinto Vieira, o Laboratório de Geotermia do ON participou na pesquisa realizando medidas geotérmicas em poços artesianos para entender o comportamento da variação da temperatura em profundidade, calculando o gradiente geotérmico e obtendo o conhecimento do fluxo de calor para as camadas mais profundas. Nas camadas mais superficiais, o ON auxiliou na realização do estudo da variação climática nos últimos séculos, porque essas camadas mais rasas têm uma interferência direta na questão da variação da temperatura.
“Além da nossa expertise, também contribuímos com a pesquisa com nossos equipamentos de medição de dados geotérmicos, já que o aparato necessário para a realização do estudo foi desenvolvido no Laboratório de Geotermia”, destacou Fábio.
Trabalho de campo no Amazonas
De acordo com a Dra. Elizabeth Pimentel, a primeira fase do estudo revelou interações entre águas superficiais e subterrâneas nos poços rasos, contribuindo para a recarga dos lençóis freáticos na região.
A segunda etapa do estudo focou na avaliação das mudanças climáticas dos últimos séculos na Amazônia, utilizando métodos geotérmicos e análises de temperatura em 25 localidades do distrito de Manaus.
Os resultados indicaram um resfriamento entre os anos de 1600 e 1850, coincidindo com a "pequena idade do gelo" no hemisfério sul, seguido por um aquecimento. No entanto, os anos mais recentes testemunharam um aumento dramático da temperatura, alinhado com atividades de desmatamento entre 2008 e 2020.
Elizabeth Pimentel destacou que esses resultados têm implicações significativas, evidenciando o aquecimento na região amazônica ao longo do último milênio e a necessidade premente de cuidados com as atividades humanas que afetam o meio ambiente, como desmatamento e queimadas.
"Minimizar os impactos do aquecimento global na Amazônia vai além dos objetivos deste estudo, mas é crucial que a população esteja ciente da importância da preservação ambiental para garantir um futuro sustentável", alertou a pesquisadora.
Aquisição de dados geotérmicos