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Telescópio James Webb registra seu primeiro exoplaneta
O Telescópio Espacial James Webb da NASA identificou pela primeira vez um exoplaneta, isto é, um planeta que orbita outra estrela. Classificado como LHS 475 b, o planeta tem quase o mesmo tamanho que a Terra, com 99% do seu diâmetro.
Essa descoberta é o assunto da próxima edição do "Ciência no Rádio", um dos quadros do programa "Rádio Sociedade", que vai ao ar todas às quartas-feiras às 7h10min da manhã (Hora Legal de Brasília).
O programa conversa com o astrofísico do Observatório Nacional Dr. Ricardo Ogando. Ele tem graduação em Astronomia e doutorado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente, trabalha com aglomerados de galáxias em grandes mapeamentos do céu, como o Dark Energy Survey.
Conforme explicou Ogando, a equipe de pesquisadores que identificou o exoplaneta escolheu observar esse alvo com o James Webb depois de revisar candidatos produzidos pela missão Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) da NASA que tem um foco em descobrir exoplanetas usando a técnica de trânsito que é quando o planeta passa em frente à estrela, reduzindo seu brilho por um breve intervalo de tempo. O time selecionou candidatos com um tamanho parecido com o da Terra em órbita de estrelas mais frias que o Sol para facilitar as observações.
O LHS 475 b foi capturado por um equipamento acoplado ao James Webb chamado espectrógrafo de infravermelho próximo. Esse aparelho capturou o exoplaneta com facilidade e clareza com apenas duas observações. A expectativa inicial era de que mais observações fossem necessárias, demonstrando mais uma vez como o James Webb está funcionando muito bem.
Segundo Ogando, estes primeiros resultados abrem as portas para muitas possibilidades de estudos de planetas rochosos como a Terra e ajudarão a verificar se eles têm atmosfera respirável. Aliás, o projeto dos cientistas que ganhou tempo de observação no James Webb tem o curioso título de "Me diga como posso respirar sem ar".
Entre todos os telescópios em operação, apenas o Webb é capaz de caracterizar as atmosferas de exoplanetas do tamanho da Terra. A equipe até tentou avaliar o que há na atmosfera do planeta. Mas o resultado foi inconclusivo.
Os cientistas especulam que a atmosfera do planeta, se ela existir, possa ser composta por dióxido de carbono puro. Esse tipo de atmosfera é muito mais compacta e se torna muito difícil de detectar. Mais medições são necessárias para a equipe distinguir uma atmosfera de dióxido de carbono puro de nenhuma atmosfera ou até mesmo outro elemento. Os pesquisadores devem obter espectros adicionais com as próximas observações.
“Se encontrarmos uma atmosfera e conseguirmos medir sua composição, podemos responder a grande pergunta: conseguimos respirar em exoplanetas? Claro, se surgiu alguma vida capaz de respirar naquele exoplaneta”, disse Ogando.
As observações do James Webb revelaram que o planeta é algumas centenas de graus mais quente que a Terra. Portanto, se forem detectadas nuvens, isso pode levar os pesquisadores a concluir que o planeta é mais parecido com Vênus, que tem uma atmosfera de dióxido de carbono e está envolto em nuvens espessas. Além disso, os pesquisadores confirmaram que o exoplaneta completa uma órbita em torno de sua estrela em apenas dois dias.
Embora o LHS 475 b esteja mais próximo de sua estrela do que qualquer planeta em nosso sistema solar, sua estrela anã vermelha tem menos da metade da temperatura do Sol. Então, os pesquisadores acreditam que pode sim haver condições de temperatura para a existência de uma atmosfera.
De acordo com o astrofísico do ON, as descobertas abrem as possibilidades de identificar planetas do tamanho da Terra orbitando estrelas anãs vermelhas menores. Além disso, os achados destacam a precisão dos instrumentos da missão. Com certeza, é apenas a primeira de muitas descobertas que o James Webb fará nessa área .
O Webb resolverá mistérios em nosso sistema solar, olhará além para mundos distantes ao redor de outras estrelas e investigará as misteriosas estruturas e origens de nosso universo e nosso lugar nele.
Sobre o Programa Ciência no Rádio
O programa Ciência no Rádio é resultado de uma parceria do Observatório Nacional (ON) com a Rádio MEC, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São mais de 300 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site Clique aqui para ouvir.
Em maio de 2021, o "Ciência no Rádio" passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de WhatsApp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.
Não perca! Na 4ª feira, dia 25 de janeiro, às 7h10min!
Programa Rádio Sociedade, quadro Ciência no Rádio, Rádio MEC AM.