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Telescópio Hubble descobre estrela mais distante já observada com colaboração de cientista do Observatório Nacional
Na última quarta-feira (30), a NASA anunciou que o Telescópio Espacial Hubble alcançou um novo marco: foi capaz de detectar a luz de uma estrela que já existia no primeiro bilhão de anos após o nascimento do universo, ou seja, o Hubble encontrou a estrela individual mais distante já observada até hoje. A estrela recém-descoberta foi chamada de Earendel, que significa "estrela da manhã" em inglês antigo.
Participou dessa descoberta histórica a doutora em Astrofísica e pós-doutora do Observatório Nacional (ON/MCTI), Paola Dimauro, uma das primeiras autoras do artigo “A highly magnified star at redshift 6.2”, publicado na Revista Nature em 30 de março.
Dimauro foi bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI/MCTI) no ON até fevereiro deste ano e continua como Pesquisadora Colaboradora do ON contribuindo com o levantamento J-PAS.
“Esta é a primeira vez que uma única estrela é observada tão distante e, ao mesmo tempo, tão atrás no tempo. Essa descoberta não apenas quebra o antigo recorde, mas abre um novo campo de pesquisa, ampliando ainda mais nossos limites de observação”, destacou Dimauro. “Fazer parte deste trabalho é uma experiência emocionante. Nesse sentido, não posso deixar de agradecer à Dra. Yolanda Jimenez-Teja, que me convidou para embarcar nesta aventura. Nossa contribuição principal para este grande resultado foi no cálculo das densidades de massa da superfície estelar usadas para calibrar a análise de microlentes.”
Sobre a descoberta do Hubble
Conforme destacou a NASA em comunicado, a descoberta da estrela mais distante já observada é um grande salto no tempo em relação à recordista anterior detectada pelo Hubble em 2018.
Earendel já existia quando o universo tinha apenas 7% de sua idade atual. A estrela está tão distante que sua luz levou 12,9 bilhões de anos para chegar à Terra.
A descoberta foi feita a partir de dados coletados durante o programa RELICS (Reionization Lensing Cluster Survey) do Hubble, liderado pelo coautor Dan Coe no Space Telescope Science Institute (STScI), em Baltimore.
De acordo com o astrônomo Brian Welch, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, principal autor do artigo, normalmente, a essas distâncias, galáxias inteiras parecem pequenas manchas, com a luz de milhões de estrelas se misturando:
“A galáxia que hospeda esta estrela foi ampliada e distorcida por lentes gravitacionais em um longo crescente que chamamos de Arco do Nascer do Sol”.
Welch explicou que Earendel existiu há tanto tempo que pode não ter a mesma matéria-prima que as estrelas que estão ao nosso redor hoje:
"Estudar Earendel será uma janela para uma era do universo com a qual não estamos familiarizados, mas que nos conduziu a tudo o que conhecemos hoje. É como se estivéssemos lendo um livro realmente interessante, mas começamos com o segundo capítulo, e agora teremos a chance de ver como tudo começou", disse Welch.
Os pesquisadores estimam que Earendel tinha pelo menos 50 vezes a massa do nosso Sol e era milhões de vezes mais brilhante. Apesar disso, seria impossível vê-la a uma distância tão grande sem a ajuda da ampliação natural de um enorme aglomerado de galáxias, o WHL0137-08. A massa desse aglomerado distorceu o tecido do espaço-tempo, criando uma poderosa "luneta" natural que amplificou muito a luz de Earendel.
Confirmação com James Webb
Agora, após a descoberta, Earendel será observada pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA. Segundo a agência espacial americana, a alta sensibilidade do Webb à luz infravermelha ajudará a aprender mais sobre Earendel. Isso porque sua luz é “esticada” para comprimentos de onda mais longos, no infravermelho, devido à expansão do universo.
Com o Webb, espera-se confirmar que Earendel era de fato uma estrela. Além disso, será possível medir seu brilho e temperatura. A composição de Earendel será de grande interesse para os astrônomos, porque ela se formou antes que o universo fosse preenchido com os elementos pesados produzidos por sucessivas gerações de estrelas massivas.
No dia 30 de março, o Observatório Nacional realizou uma transmissão ao vivo para comentar sobre a descoberta e sobre como ela pode ampliar a nossa compreensão sobre o Universo. Assista aqui.
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Programa de Capacitação Institucional
Até o dia 3 de Abril estão abertas as inscrições para preenchimento de oito bolsas para o PCI do ON nas áreas de Astronomia, Geofísica e Metrologia em Tempo e Frequência. Saiba mais aqui.