Notícias
Sismólogo do Observatório Nacional explica terremoto registrado pela Rede Sismográfica Brasileira no Norte do Brasil
No último sábado, dia 20 de janeiro, por volta das 18h30 (horário de Brasília), foi registrado, no norte do Brasil, um terremoto de magnitude 6.6 mB – um dos maiores já registrados no país. No entanto, devido à grande profundidade, de mais de 600 quilômetros, esse sismo não foi sentido pela população próxima ao epicentro, localizado em Ipixuna, no Amazonas, próximo à fronteira com o Peru.
Inicialmente, esse terremoto foi localizado em Tarauacá, no Acre, com magnitude 6.5, mas novos cálculos reposicionaram o epicentro e ajustaram a magnitude do terremoto.
Mais de 60 estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), coordenada pelo Observatório Nacional (ON/MCTI), registraram o abalo sísmico.
Conforme explicou o sismólogo do Observatório Nacional, Dr. Diogo Coelho, embora tenha ocorrido no Brasil, este sismo tem características andinas, devido ao mecanismo que os gerou, na região da Cordilheira dos Andes.
“Essa região próxima à fronteira com o Peru costuma ter terremotos de grandes magnitudes. Esse tipo de terremoto ocorre devido ao movimento de subducção entre a placa tectônica de Nazca e a placa Sul-Americana. No caso, a placa de Nazca, por ser mais densa, entra por baixo da placa Sul-Americana, causando o abalo sísmico. Por isso, são terremotos que ocorrem a grandes profundidades”, destacou o sismólogo.
Segundo Coelho, a população não sente todos esses terremotos, justamente porque são muito profundos e a força dos sismos vai sendo dissipada até chegar à superfície. Além disso, essa região do país não tem uma densidade populacional tão alta.
“Resumidamente, essa região é propensa a esse tipo de terremoto, mas, devido à profundidade do sismo e à baixa densidade populacional, o risco e o perigo sísmicos são baixos. Portanto, não há razões para preocupação”, afirmou Coelho.
Em geral, os tremores de terra registrados no Brasil são superficiais, com até 10 quilômetros de profundidade. Na maioria dos casos, esses sismos são causados por pressões geológicas movimentando pequenas fraturas na crosta terrestre. O maior tremor deste tipo (chamado intraplaca) registrado no Brasil teve magnitude 6.2 e ocorreu na Serra do Tombador, no Mato Grosso, em 1955.
A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) desempenha um papel vital ao monitorar a sismicidade no território nacional, fornecendo dados essenciais para a compreensão da atividade sísmica e da estrutura interna da Terra. Com mais de 90 estações sismográficas, a RSBR conecta dados em tempo real via internet e satélites, armazenando e disponibilizando gratuitamente informações cruciais para a sociedade.
As estações da RSBR são operadas pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis/UnB), Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) e Observatório Nacional (ON). A RSBR conta ainda com o apoio do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM).