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Programa Ciência no Rádio é uma parceria ON-Rádio MEC e vai ao ar em todas as quartas-feiras às 7h10 da manhã
Rastros luminosos no céu: o que são?
O "Ciência no Rádio" é um dos quadros do programa "Rádio Sociedade" e vai ao ar todas às quartas-feiras às 7h10min da manhã (Hora Legal de Brasília). O programa é resultado de uma parceria do ON com a Rádio, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São mais de 290 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site Clique aqui para ouvir.
Em maio de 2021, o "Ciência no Rádio" passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de Whatsapp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.
Na próxima edição do programa, o convidado será o MSc. Marcelo de Cicco, coordenador do EXOSS – projeto brasileiro de pesquisas de meteoros com colaboração do ON. Ele possui graduação em Astronomia pelo Observatório do Valongo/UFRJ, mestrados em Economia, Políticas Públicas, Desenvolvimento e Inovação pela UFRJ e em Astronomia pelo ON. Atualmente, está finalizando sua pesquisa de doutorado em Astronomia no ON e é pesquisador-tecnologista do INMETRO.
No programa, ele vai falar sobre dois fenômenos luminosos atmosféricos que foram vistos na última semana no Brasil. O primeiro ocorreu no dia 7 de março. Naquela noite, um objeto brilhante cruzou o céu de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. As estações de estudo de meteoros do EXOSS, projeto brasileiro de pesquisas de meteoros com colaboração do Observatório Nacional, captaram imagens do objeto.
Na mesma noite do dia 07, por volta das 22:30h foi a vez da população da cidade de Altônia, no Paraná, ver um rastro luminoso rasgar o céu.
Embora, a princípio, os fenômenos sejam similares, eles têm uma diferença essencial. Enquanto o objeto visto no céu de Petrópolis era de origem natural, o visto em Altônia era artificial.
O primeiro objeto, visto em Petrópolis, era um meteoro que, por ser excepcionalmente brilhante, recebe o nome de bólido. Esse é o nome dado às “bolas de fogo” que explodem com um flash brilhante em seu final, muitas vezes com uma fragmentação visível.
Esse fenômeno é relativamente frequente, com bólidos cruzando o céu do Brasil quase diariamente.
De modo geral, os bólidos sofrem um considerável aumento de brilho ao longo da trajetória e até um “clarão” terminal. Esses objetos são originados de pequenos detritos de cometa ou mais raramente de asteroides muito pequenos, conhecidos como meteoroides.
Quando um meteoroide entra na atmosfera terrestre, ele tem sua superfície aquecida devido a ablação e a outros processos térmicos. Como consequência, a rocha fica incandescente e, em sua passagem, forma um “rastro” brilhante.
Já o objeto visto no sul do Brasil não era de origem natural, mas sim artificial. Mas precisamente, o que foi visto foram fragmentos do foguete Falcon 9.
Esse foguete é um típico lançador, pois é responsável por enviar e posicionar um satélite artificial na órbita da Terra.
Em geral, esses foguetes têm vários estágios que, na astronáutica, se referem a cada uma das partes do lançador que se separa do conjunto durante o voo.
Dependendo do tipo de missão, o satélite pode ir para uma órbita baixa, média ou alta. Os que vão para uma órbita baixa duram pouco, questão de meses, pois existe o arrasto atmosférico e a tendência do objeto é ir caindo.
No caso das órbitas médias, os satélites podem durar meses ou anos, mas também terminam por cair. Por fim, nas órbitas altas, onde o vácuo é muito alto, os satélites podem durar até milhares de anos.
O Falcon 9, no caso, tem uma duração de pouco tempo. Ele possuía vários estágios e alguns caíram logo após o lançamento. Quando o satélite foi finalmente posicionado, aquele estágio que colocou o satélite em posição também ficou em órbita temporariamente, mas foi caindo.
Foram justamente os fragmentos desse estágio que reentraram na atmosfera terrestre na semana passada. Embora a origem não seja natural, o fenômeno também é conhecido como “meteoro ou bólido”, já que essas palavras são usadas para se referir a um fenômeno luminoso no céu.
De Cicco explica que é possível determinar se a origem do fenômeno é natural ou artificial pela trajetória. No caso de lixo espacial, o movimento é de queda livre, diferentemente do caso do meteoro de origem natural.
Além disso, a velocidade também ajuda a diferenciar. Enquanto o lixo espacial tem um movimento mais lento, os bólidos de origem asteroidais ou cometários são muito mais rápidos.
O estudo de bólidos pode revelar muitas informações importantes. A primeira delas é a chamada associação a algum corpo parental. Se for possível calcular a órbita, pode-se identificar qual corpo deu origem a esse bólido, se foi um cometa ou um asteroide. Além disso, o estudo dos bólidos permite compreender o tipo de objeto e quantidade de detritos que entram na nossa atmosfera diariamente.
Hoje, o projeto EXOSS monitora esses objetos. O EXOSS é uma organização colaborativa de ciência cidadã, sem fins lucrativos, que atua em conjunto com diversas instituições científicas, voltada para o estudo de meteoros e bólidos, suas origens, naturezas e caracterização de suas órbitas, unindo profissionais e amadores.
As câmeras do EXOSS participam do projeto CAMS/SETI – NASA, de monitoramento de meteoros em várias partes do mundo.
No site do projeto há a ferramenta “Relate um Meteoro” em que qualquer pessoa com ou sem experiência neste tipo de fenômeno poderá realizar seu relato e com isso contribuir para uma base de dados única em todo o mundo
Não perca! Na 4ª feira, dia 16 de março, às 7h10min!
Programa Rádio Sociedade, quadro Ciência no Rádio, Rádio MEC AM.