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Pesquisador do Observatório Nacional representa país em projeto da UNESCO
O Brasil terá uma importante participação no projeto "Reading geologic time in Paleozoic sedimentary rocks", que fará parte do Programa Internacional de Geociências da UNESCO, que existe há mais de 40 anos. O pesquisador Daniel Franco, da área de Geofísica do Observatório Nacional, especialista em magnetoestratigrafia, foi convidado a ser colíder deste projeto de pesquisa internacional, que visa à calibração do tempo geológico para a Era Paleozoica (entre 540 e 250 milhões de anos atrás). Este projeto envolverá pesquisadores de todo o mundo, promovendo a participação de jovens cientistas de países em desenvolvimento. Será a primeira vez, de maneira sistemática, que registros geológicos do Brasil serão alvo de esforços visando ao estabelecimento da escala temporal astronômica, a ATS (sigla em inglês), envolvendo, de maneira integrada, cientistas de diferentes partes do país.
Com base em tais estudos, será possível encontrar uma melhor precisão temporal para a escala de tempo geológica ao longo do Paleozoico, que marcou importantes mudanças climáticas, geológicas e de evolução da vida. "Temos por objetivo o estabelecimento de uma escala temporal astronômica, baseada em variações orbitais periódicas da Terra, pela observação de grupos de rochas sedimentares paleozoicas de diferentes regiões do mundo. A partir dessa escala, seria possível, por exemplo, uma melhor determinação de idades de rochas desta era geológica em estudos de evolução de bacias sedimentares. Os ciclos orbitais da Terra afetam a insolação sobre o planeta e, consequentemente, podem influenciar os processos de sedimentação. Há vários registros sedimentares ditos "cíclicos" que preservam estas oscilações orbitais ao redor do mundo, e que abrangem diferentes períodos geológicos”, explica Daniel.
Ainda de acordo com o pesquisador do Observatório Nacional, este tipo de escala temporal é considerada uma das mais recentes inovações na geocronologia moderna, sendo aplicada como um eficiente "relógio geológico" para os últimos milhões de anos.
“Em particular para o Paleozoico, em que há uma expressiva falta de precisão temporal, esta escala permitiria, em princípio, uma determinação mais acurada de idades para rochas sedimentares. Assim, através da integração desta escala temporal com datações bioestratigráficas e radioisotópicas, seria possível entender melhor, por exemplo, a evolução do sistema climático do Paleozoico”, revela.
Confira uma animação sobre os ciclos de Milankovitch na página da Universidade de Wisconsin.
Texto: Alba Bozi e Letícia Reitberger