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Programa Ciência no Rádio é uma parceria ON-Rádio MEC e vai ao ar em todas as quartas-feiras às 7h10 da manhã
Percepção social do risco geológico
O "Ciência no Rádio" é um dos quadros do programa "Rádio Sociedade" e vai ao ar todas às quartas-feiras às 7h10min da manhã (Hora Legal de Brasília). O programa é resultado de uma parceria do ON com a Rádio, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São mais de 290 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site Clique aqui para ouvir .
Em maio de 2021, o "Ciência no Rádio" passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de Whatsapp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.
Na próxima edição do programa, no dia 02 de março, o convidado será Diogo Coelho, doutor em Geodinâmica e Geofísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente, Coelho atua na área de Geociências, com ênfase em Sismologia e está fazendo pós-doutorado na colaboração entre o Observatório Nacional e a Universidade Federal de Santa Catarina, investigando a sismicidade da costa sudeste do Brasil através de sismômetros de fundo ocêanico (OBS).
No programa, Coelho vai falar sobre os desastres ambientais causados por movimentos de massa e inundações em território brasileiro, que estimulam um debate sobre a vulnerabilidade geológica local.
Uma característica marcante do Brasil são as “águas de março”, expressão imortalizada por Elis Regina e Tom Jobim, que se refere às chuvas intensas que ocorrem no verão tropical.
Aliado a essas fortes chuvas que ocorrem durante todo o período do verão, o crescimento babélico dos centro urbanos no Brasil pavimenta um cenário para potenciais desastres ambientais. Tais desastres estão ligados majoritariamente a movimentos de massa e inundações.
Movimentos de massa são quaisquer movimentos de solos e rochas sob o efeito da gravidade, geralmente potencializado pela ação da água. Já as inundações são processos em que ocorre submersão de áreas fora dos limites normais de um curso de água em zonas que normalmente não se encontram submersas.
Para monitorar esses eventos, foi criado o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais, o CEMADEN , unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O objetivo principal da instituição é realizar o monitoramento e emitir alertas de desastres naturais que ajudem a proteger a população e diminuir a vulnerabilidade social, ambiental e econômica decorrente desses eventos.
O Observatório Nacional (ON) e a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) – projeto que monitora a sismologia em território nacional – colaboram com o CEMADEN através do monitoramento sismológico.
Mas, apesar da criação de conselhos civis e governamentais para o monitoramento de desastres naturais, a difusão das informações e alertas sobre desastres naturais ainda não fomentou uma reflexão crítica no planejamento dos grandes centros urbanos brasileiros. Nos centros urbanos, os desastres naturais têm tomado proporções catastróficas, tanto econômicas quanto em número de vidas perdidas.
O principal desafio dessas instituições é levar essas informações à população de regiões consideradas vulneráveis.
O CEMADEN, por exemplo, emite alertas diários em seu site sobre inundações e movimentos de massa. Mas essas informações não chegam à população, que acaba não se percebendo em situação de risco.
Existe, na verdade, uma minimização do risco geológico associado a esses eventos naturais, mesmo em regiões vizinhas a áreas que já sofreram graves desastres naturais.
Um exemplo é o estudo de José Maria Morais “Desastre Ambiental: Percepção de Risco em uma Comunidade não atingida, situada próxima ao local do evento”.
No estudo, o autor mostra que mais da metade dos entrevistados em comunidades em risco não se percebe em risco de deslizamento, mesmo o local apresentando os mesmos problemas de áreas que sofreram desastres.
Segundo o autor, isso mostra que a ausência de experiência referente a desastres ambientais passados contribui para essa percepção.
As medidas de prevenção de riscos adotadas pelos órgãos públicos devem levar em conta a percepção, o conhecimento e a aceitação do risco pela população.
Assim, quando uma área estiver em situação de risco, a população terá consciência disso e, assim, quando fenômenos de movimento de massa e inundações ocorrerem, eles terão um impacto menor na vida das pessoas, diminuindo a recorrência de desastres naturais em áreas afetadas.
Exemplos de recorrência são claros no passado e no presente brasileiro, como é o caso das grandes inundações no Sul da Bahia e dos movimentos de massa na Serra Fluminense.
Não perca! Na 4ª feira, dia 02 de março, às 7h10min!
Programa Rádio Sociedade, quadro Ciência no Rádio, Rádio MEC AM.