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ON realiza Escola de Inverno em Astrofísica e atrai dezenas de estudantes
A Coordenação de Astronomia e Astrofísica (COAST) do Observatório Nacional – unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (ON/MCTI) – realizou na última semana a sua Escola de Inverno em Astrofísica do ON 2023, oferecida pela instituição desde 1998.
Escola de Inverno do ON 2023
Mais de 100 estudantes de graduação das áreas de Astronomia, Física e Matemática compareceram ao Auditório Emmanuel Liais do Observatório Nacional, entre os dias 1º e 3 de agosto para assistir minicursos e palestras sobre Ciências Planetárias, Evolução química da Galáxia, Astrofísica extragaláctica e Cosmologia.
A programação contou com dois minicursos, nove palestras e quatro encontros com pesquisadores das quatro principais áreas de pesquisa em astronomia. No último dia do evento, os participantes realizaram uma visita guiada pelo ON e fizeram uma confraternização de encerramento.
A Escola de Inverno é um evento tradicional da COAST que oferece a estudantes de graduação de todo o país a oportunidade de aprender sobre os temas mais relevantes da Astrofísica e Cosmologia modernas, através de cursos e seminários temáticos.
“A Escola de Inverno é uma excelente oportunidade para os pesquisadores da astronomia falarem um pouco sobre suas áreas de pesquisaou sobre projetos que desenvolvem. Para os estudantes participantes, pode ser o primeiro contato para desenvolver um projeto de iniciação científica ou de pós-graduação”, avalia a Dra. Simone Daflon, pesquisadora do ON e responsável pela organização do evento.
Visita guiada pelo campus do ON
Minicursos
Um dos minicursos da Escola de Inverno 2023 foi ministrado pela pesquisadora Dra. Daniela Lazzaro. Em “Ciências Planetárias: uma pequena introdução”, Daniela explicou que as ciências planetárias visam estudar os corpos do nosso Sistema Solar e extrassolares e detalhou a composição desses sistemas. A pesquisadora também falou sobre os processos de evolução desses sistemas e explicou a grande variedade de processos físicos, químicos e geológicos que atuam, ou atuaram, de forma a torná-los como os conhecemos hoje em dia.
A pesquisadora Dra. Simone Daflon apresentou o segundo minicurso com o tema “Evolução Química da Galáxia”, em que explicou a formação da nossa Galáxia e os processos evolutivos a que os seus componentes (estrelas, gás e poeira) estão sujeitos. Além disso, mostrou como essas modificações são percebidas através de observações e como diferentes processos evolutivos contribuem para a evolução química da Galáxia.
Dra. Daniela (esquerda) e Dra. Simone (direita) apresentam minicursos na Escola de Inverno
Palestras
Em sua palestra intitulada “Fazendo crateras na Lua e nos asteroides”, o pesquisador e diretor substituto do ON, Dr. Fernando Roig, explicou como são estudadas as crateras nos corpos celestes e analisou como ocorreu o processo de formação das grandes crateras na Lua e nos asteroides Ceres e Vesta. Também pontuou quais são as principais fontes dessas crateras e as consequências para a geologia terrestre.
Outro palestrante foi o pesquisador Dr. Armando Bernui. Em “O sistema atrator-repulsor gravitacional no Universo Local”, o pesquisador falou sobre o Universo Local, que contém as estruturas mais antigas do universo, formadas basicamente pela ação da gravitação universal. Ele também apresentou as últimas descobertas sobre as estruturas próximas à Via Láctea, as quais evidenciam a presença de um sistema dipolar gravitacional atrator-repulsor formado pelo superaglomerados de Shapley e pelo vazio Dipole Repeller.
A Dra. Josina Nascimento, gestora da Divisão de Comunicação e Popularização da Ciência do ON (DICOP/ON) palestrou sobre os programas e ações de divulgação e popularização da Ciência desenvolvidos pelo Observatório.
O Dr. Rafael Guerço apresentou a palestra “Espectroscopia: Uma queda abrupta nas abundâncias de flúor”, em que falou sobre a importância do estudo das abundâncias químicas em estrelas da Via Láctea através da espectroscopia em alta resolução. Em especial, ele mencionou o caso do elemento flúor, que ainda provoca grandes discussões sobre os processos de nucleossíntese responsáveis por sua formação. Segundo ele, este estudo fornece informações fundamentais sobre os processos de nucleossíntese ocorridos e sobre a história de evolução química da nossa Galáxia.
O evento também contou com a palestra do Dr. Felipe Avila intitulada “Machine Learning na Cosmologia: Reconstrução de Observáveis Cosmológicos com Processos Gaussianos”. Em sua apresentação, Avila abordou a aplicação de métodos de Machine Learning em Cosmologia, em especial o uso de técnicas supervisionadas, como os Processos Gaussianos, que tem permitido uma análise mais acurada da evolução dos observáveis cosmológicos.
O Dr. Marcelo Borges Fernandes, chefe da Divisão dos Programas de Pós-Graduação do ON falou sobre a pós em Astronomia, sua história, nível de excelência, estrutura acadêmica e física e como é o processo seletivo para ingresso no mestrado e doutorado. A Dra Simone, representando a comissão do programa de iniciação científica, falou sobre os programas PIBIC e PIBIT, com bolsas do CNPq, e PICT, programa próprio do ON, através dos quais os estudantes podem obter uma bolsa de estudos para desenvolver projetos de pesquisa durante a sua graduação.
A sétima palestra foi ministrada pela pesquisadora Dra. Plícida Arcoverde. Ela falou sobre o Estudo fotométrico de objetos com órbitas próximas da Terra, que possibilita obter uma gama de propriedades físicas desses corpos, tais como composição superficial, tamanho, período rotacional e até mesmo a forma.
O Dr. Nacizo Holanda apresentou a palestra “Lítio Estelar em Destaque: Explorando as Estrelas Gigantes Peculiares”. Na ocasião, o pesquisador observou que a origem das estrelas gigantes ricas em lítio tem sido um quebra-cabeças desafiador para a astrofísica estelar. Nesse sentido, ele explorou na apresentação uma parte da evolução das estrelas de baixa massa e abordou o desafio de compreender a formação dessas estrelas gigantes peculiares.
Por fim, o Dr. Michele Roriz falou aos participantes sobre “Estrelas de bário como traçadoras do mecanismo de captura lenta de nêutrons”. Conforme observou, as estrelas de bário tornam-se excelentes laboratórios astrofísicos para nos ajudar a compreender os processos de formação dos elementos mais pesados que o ferro, como o bário, através da captura de nêutrons.
O programa da escola contou também com rodas de conversa com os pesquisadores das quatro áreas de pesquisa, em que os estudantes puderam ouvir um pouco mais sobre os diversos projetos desenvolvidos na COAST.
Finalmente, os participantes fizeram uma visita guiada por alguns setores do ON: a COAST, a biblioteca e a centenária Luneta 46.
“Esperamos que a semana tenha sido proveitosa para todos os participantes! Ano que vem teremos mais uma edição!”, conclui Simone.
Dr. Marcelo (esquerda) e Dra. Plícida (direita)