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ON/MCTI realiza estudos geofísicos de rocha que pode reduzir dependência do Brasil da importação de fertilizantes
Uma equipe da área de Geofísica do Observatório Nacional – unidade de pesquisa vinculada ao MCTI (ON/MCTI) – foi à campo na última semana realizar estudos geofísicos envolvendo a Rocha Kamafugito, responsável por macronutrientes (fertilizantes) para agricultura. O local de estudo foi o Município de Presidente Olegário, em Minas Gerais, e o levantamento de campo vai até o dia 2 de agosto.
A pesquisa em questão faz parte do projeto de doutorado do MSc. do ON, Lucca Ribeiro Franco, orientado pelo pesquisador do ON, Dr. Emanuele La Terra, que coordena o estudo.
Conforme destacou La Terra, a região de Presidente Olegário apresenta potencial de exploração de Kamafugito, rocha que pode reduzir dependência do Brasil da importação de fertilizantes.
Análise geológica do solo da região de estudo. Crédito: Emanuele La Terra
O Kamafugito é uma rocha de origem vulcânica constituída predominantemente de minerais ricos em potássio e com altos teores de cálcio e fósforo. Quando transformada em pó de rocha, após o processamento mecânico, torna-se uma ótima fonte de macronutrientes que são amplamente utilizados na agricultura. No Brasil, a ocorrência dessas rochas está localizada na Província do Alto Paranaíba, no centro oeste-mineiro.
A presença dessa rocha na região de Presidente Olegário foi detectada pela primeira vez pela empresa Terra Brasil Direitos Minerários S.A, que possui direito de pesquisa mineral junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) no município. Nos últimos anos, a Terra Brasil realizou estudos geológicos de superfície e também de subsuperfície na área e identificou a presença de Kamafugito.
“O grande potencial agrícola do Kamafugito é devido ser fonte de macronutrientes primários para as plantas, como o potássio, fósforo e quantidades de cálcio. Além do kamafugito, a região apresenta o elemento titânio e terras raras”, destacou La Terra.
Em 2019, o Observatório Nacional foi procurado pela Terra Brasil para realizar medidas geofísicas com os métodos magnéticos e de espectrometria de raios gama na região de Presidente Olegário para ajudar a delimitar em subsuperfície a rocha Kamafugito. Os levantamentos ocorreram em novembro daquele ano.
Dr. Sergio Fontes e Dr. Emanuele La Terra – pesquisadores do ON – no estudo de campo. Crédito: Willer Lopes
No mês seguinte, os pesquisadores do ON realizaram testes de viabilidade técnica utilizando métodos geoelétricos que ajudaram a identificar melhor a rocha kamafugito e suas delimitações laterais, assim como a sua geometria tridimensional. Para isso, utilizou-se dois métodos geofísicos, o Audiomagnetotelúrico (AMT) e a Tomografia de Resistividade Elétrica (ERT).
Segundo La Terra, os resultados deste estudo mostraram que os dois métodos foram satisfatórios para identificar a rocha e fornecer seus limites. A partir de então, deu-se o início de uma nova fase do projeto intitulada “Estudo para Delineação Tridimensional da Rocha Kamafugito através do método Audiomagnetotelúrico – AMT na Região de Presidente Olegário, MG.”
O método AMT visa delimitar o corpo de rocha Kamafugito de forma tridimensional, conseguindo-se obter, assim, o conhecimento aproximado do volume contido desta rocha na região de estudo.
Pontos de análise da Rocha Kamafugito através do método Audiomagnetotelúrico. Crédito: Emanuele La Terra
Também estão sendo realizados levantamentos magnéticos aerotransportados por drones. Essa parte da pesquisa servirá para a formação do aluno de doutorado do ON, MSc. Gabriel Silva Nogueira, orientado pelo pesquisador Dr. Sergio Fontes.
“As mesmas técnicas que a gente utiliza na superfície terrestre a gente pode usar em sensores transportados por drones. O Observatório Nacional começou agora a utilizar drones na geofísica, transportando magnetômetros, condutivímetros e outros equipamentos, para medir as grandezas de subsuperfície das rochas. A gente vai medir a susceptibilidade magnética, a condutividade elétrica, a radiação natural do meio... E a partir disso, a gente forma, mais rapidamente do que em terra, uma imagem tridimensional do que é observado em subsuperfície. E isso pode ser de grande importância para a mineração”, destacou Sergio Fontes.
Preparo do drone para os levantamentos magnéticos aerotransportados. Crédito: Willer Lopes
Além do ON e da Terra Brasil, esse projeto de pesquisa está sendo desenvolvido em conjunto com a empresa Sirius Pesquisas Minerais Ltda que, assim como a Terra Brasil, detém os direitos de pesquisas minerais da região de estudo junto à ANM.
“Este é um estudo inovador, pois até o momento não se tem conhecimento deste tipo de estudo voltado especificamente para este tipo de rocha”, ressaltou La Terra.
Além de La Terra, participaram do estudo, por parte do ON, o pesquisador Dr. Sergio Fontes; o geofísico e engenheiro eletrônico do projeto PEGBr/ON (Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil), Ítalo Maurício; o técnico Alcides dos Santos; os doutorandos Lucca Martins Franco e Gabriel Silva Nogueira.
Por parte do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), participaram Olair Ferreira, Luiz Mangueira e Anysio . Já por parte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro participou o geólogo e pesquisador Miguel Tupinamba.