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Observatório Nacional registra maior tempestade geomagnética do atual ciclo solar
Equipes da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional (COGEO/ON) registraram a maior tempestade geomagnética do atual ciclo solar durante um trabalho de campo para aquisição de dados geofísicos realizado em março nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A tempestade em questão foi observada entre os dias 24 e 25 de março, conforme mostra o gráfico abaixo, que compara esta tempestade com períodos de tempo calmo, conhecidos como solar quiet.
Tempestade magnética observada entre 24 e 25 de março
Conforme explicaram o pós-doc do ON, Dr. Artur Benevides, e o doutorando Adevilson Alves, as tempestades geomagnéticas são causadas pela interação de grandes quantidades de partículas solares, conhecidas como ejeções de massa coronal, com o campo magnético da Terra.
“Os efeitos da tempestade solar podem ser observados em várias partes do mundo como, por exemplo, as auroras, que são geralmente visíveis em regiões polares. Além disso, as tempestades podem interferir em sistemas de comunicações e rotas de satélites, além de disparos falsos em dispositivos de proteção”, explicaram os geofísicos.
A tempestade geomagnética ocorrida no fim de março foi registrada por um conjunto de 19 aparelhos geofísicos magnetotelúricos (MT) instalados em campo entre 4 março e 3 de abril pelas equipes de Geofísica do ON.
Séries temporais a partir de 15 estações MT que registraram a tempestade magnética.
O método magnetotelúrico (MT) é uma técnica geofísica eletromagnética que fornece informações sobre a distribuição da resistividade das rochas na subsuperfície. O método utiliza como fonte a variação temporal do campo magnético da Terra.
Localização das estações magnetotelúricas (MT) espalhadas pelo norte do Rio de Janeiro e Sul do Espírito Santo.
Produção Geol. José Antônio Pereira.
Os dados registrados pelos aparelhos MT, pertencentes ao Laboratório Multiusuário Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil (PEG-Br), indicaram distúrbios no campo magnético de aproximadamente -200 nT, classificando a tempestade como intensa/forte.
O NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) classificou a tempestade como de nível G3 (forte) na sua fase mais intensa, utilizando um outro índice para avaliação da intensidade conhecido como Kp.
A expedição de coleta de dados das equipes de Geofísica do Observatório Nacional foi financiada pela Petronas, em um projeto coordenado pelo pesquisador do ON, Dr. Sergio Fontes. O objetivo do projeto é a investigação multifísica no Sudeste do Brasil.
Participaram da campanha o pós-doutorando Dr. Artur Benevides, os doutorandos MSc. Adevilson Alves e MSc. Gabriel Nogueira, o engenheiro e geofísico Ítalo Maurício, o técnico Alcides Antônio, e os assistentes Marcos Furtado, Marcos Ramos e Staylon Costa.
Sobre o Projeto PETRONAS Multifísica
O Projeto PETRONAS Multifísica utiliza diversos dados geofísicos da região sudeste do Brasil, tanto em terra como no mar, na região que inclui a Bacia de Campos, integrando dados geofísicos existentes como, por exemplo, dados gravimétricos, magnéticos e sísmicos a novos estudos magnetotelúricos e de fluxo de calor.
O projeto propõe a integração desses dados com o objetivo de compreender os processos geotectônicos profundos, conectando as estruturas geológicas conhecidas como cinturões orogênicos onshore e a margem estendida offshore, que resultou na formação da bacia petrolífera de Campos.
Ambos os dados onshore e offshore serão analisados em conjunto para desvendar a dinâmica profunda da Terra.