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Observatório Nacional: 195 anos de pesquisa e prestação de serviços à Nação Brasileira
O "Ciência no Rádio" é um dos quadros do programa "Rádio Sociedade" e vai ao ar todas às quartas-feiras às 7h10min da manhã (Hora Legal de Brasília). O programa é resultado de uma parceria do Observatório Nacional (ON) com a Rádio, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São mais de 300 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site Clique aqui para ouvir.
Em maio de 2021, o "Ciência no Rádio" passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de WhatsApp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.
Na próxima edição do programa, a convidada será a astrônoma do Observatório Nacional Dra. Josina Nascimento. Ela é bacharel em física pela UFRJ, com mestrado e doutorado na área de Engenharia de Sistemas e Computação pela COPPE/UFRJ. Servidora do Observatório Nacional (ON/MCTI), é responsável desde 1980 pelos cálculos e edição do Anuário do ON, publicação anual de distribuição nacional.
Atualmente coordena os projetos de divulgação e popularização de Astronomia: "LCO: Imagens de Céu Profundo", "Olhai pro Céu" em parceria com o MAST e AstroEducadores, formação continuada para professores. Compõe a Comissão Organizadora da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), integra a equipe do projeto XXXV Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e coordena a Divisão de Comunicação e Popularização da Ciência (DICOP) do ON. É também membro do NOC Brasil, Escritório Nacional de Divulgação ligado à IAU (União Astronômica Internacional).
No programa, Josina vai falar sobre a história do ON, sua relação com o Brasil independente, e os serviços e pesquisas desenvolvidos.
A história do Observatório Nacional se confunde com a própria história do desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. A instituição fundada em 1827, apenas cinco anos após a independência, desempenhou um papel essencial no estabelecimento das bases da astronomia, da geofísica e da metrologia em tempo e frequência no Brasil, nucleando os pioneiros grupos de pesquisa e os serviços fundamentais nessas áreas.
Os Observatórios são instituições de caráter originário na história das sociedades. Os observatórios nacionais são espelhos das preocupações dos governos de suas épocas em institucionalizar o conhecimento do mundo natural. Sempre ocuparam a posição de principais centros científicos e refletiram o interesse da nação em demonstrar uma posição de prestígio através do cultivo de um ideal superior de cultura.
Os observatórios nacionais estão entre as primeiras instituições criadas em países colonizados no novo mundo, expressando objetivos comuns de dedicação à ciência e atendimento a serviços fundamentais de determinação da hora, de posições geográficas e do clima.
No tempo da criação do Observatório Nacional, juntava-se aos objetivos citados anteriormente uma necessidade urgente: o ensino do uso de instrumentos astronômicos e geodésicos para a Escola Militar, que precisava treinar seus alunos no que diz respeito à determinação do lugar, ou seja, da latitude e da longitude.
Também era necessária a prática das observações astronômicas aplicáveis à geodésia, tendo em vista a determinação dos limites do território nacional. E, além disso, os alunos da Academia da Marinha precisavam praticar as observações astronômicas necessárias à navegação.
Desde sua criação, o Observatório Nacional mudou de nome e de lugar. Até 1889 tinha o nome de Imperial Observatório do Rio de Janeiro e ficava no Morro do Castelo. O porto do Rio de Janeiro era frequentado por inúmeras embarcações e os capitães precisavam conhecer a declinação magnética, a hora e a longitude. Na verdade, a localização e as atribuições ficaram a cargo de uma comissão que demorou um pouco a tomar decisões.
Desde 1922 o Observatório Nacional tem sua sede principal no Rio de Janeiro, no Bairro Imperial de São Cristóvão. Tem um observatório no Sertão de Itaparica e dois observatórios magnéticos: um em Tatuoca, na região amazônica, e o centenário Observatório Magnético de Vassouras em Vassouras, Rio de Janeiro. Somente em 1846 saiu o decreto que estabeleceu como deveria funcionar o Observatório.
Como exemplo de serviços relevantes para o país ao longo de sua história, podemos citar as expedições para a escolha do local onde seria construída a nova Capital (1892 e 1894) e para a demarcação da fronteira do Brasil com a Bolívia (1901). Outro exemplo foi a criação em 1909, por decreto governamental, da Diretoria de Meteorologia, que ficou subordinada ao ON até 1921 e foi responsável pela implantação da rede de estações meteorológicas no país.
Outro exemplo é a confirmação da Teoria da Relatividade Geral, que o físico Albert Einstein havia publicado em 1915, através da observação do eclipse total do sol em Sobral, Ceará, em 1919. O Brasil foi protagonista deste importante feito: as fotografias registradas em Sobral confirmaram o valor previsto na Teoria da Relatividade Geral sobre a deflexão da luz. Foram feitas três expedições para a cidade, organizadas pelo então diretor do Observatório Nacional, o astrônomo Henrique Morize.
As transformações mais importantes, que concorreram para a moderna inserção do ON no cenário da pesquisa científica, ocorreram a partir da década de 1950, com o crescimento da comunidade científica e a criação da pós-graduação no Brasil. No ON, os cursos de pós-graduação em Astronomia e Geofísica foram criados em 1973 e 1982 e atualmente possuem conceito CAPES 6 e 5, respectivamente.
Na área de astronomia, o antigo sonho do ON de implantar um moderno observatório astrofísico na montanha foi realizado com a aquisição, na década de 1970, do telescópio refletor de 1,60 metros. Instalado em Brasópolis, Minas Gerais, o Observatório Astrofísico Brasileiro, como foi chamado, foi desmembrado do ON em 1985, dando origem ao atual Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).
No mesmo ano de 1985 é fundado o Museu de Astronomia e Ciências Afins, o MAST, herdando todo o acervo histórico do ON.
Não perca! Na 4ª feira, dia 07 de setembro, às 7h10min!
Programa Rádio Sociedade, quadro Ciência no Rádio, Rádio MEC AM.
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FONTES:
- Observatório Nacional 185 anos (acesse aqui o livro digital)
- História do Observatório Nacional: a persistente construção de uma identidade científica (acesse aqui o livro digital)
- O Eclipse de 1919 (acesse aqui o livro digital)