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NASA revela as primeiras imagens do Telescópio Espacial James Webb; astrofísico do ON/MCTI comenta
Hoje é um dia histórico para a Astronomia. A NASA, em parceria com a ESA (Agência Espacial Européia) e com a CSA (Agência Espacial Canadense), divulgou nesta terça-feira (12) as primeiras imagens coloridas bem como dados espectroscópicos obtidos pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST).
Essas primeiras imagens do maior e mais poderoso telescópio espacial do mundo revelam visões sem precedentes e detalhadas do Universo, demonstrando todo o potencial do James Webb.
Conforme destacou o Dr. Ricardo Ogando, astrofísico do Observatório Nacional - unidade de pesquisa vinculada ao MCTI - essas imagens são reveladoras:
"E sses dados preliminares já revelaram coisas nunca antes vistas na astronomia, como indicação bastante forte de vapor de água na atmosfera de um exoplaneta quente, novas estrelas, possíveis aglomerados estelares em torno de galáxias distantes, e muito possivelmente as galáxias mais distantes conhecidas", destacou o astrofísico.
Em comparação com as primeiras imagens obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble, Ogando ressaltou que as imagens dos JWST são um verdadeiro sucesso: "O brilho e a definição são incomparáveis. Sem dúvida um sucessor digno."
Aglomerado de galáxias SMACS 0723
Na segunda-feira (11), o presidente Joe Biden divulgou uma das primeiras imagens do JWST em um evento na Casa Branca, em Washington, a do aglomerado de galáxias SMACS 0723. A imagem mostra massivos aglomerados de galáxias em primeiro plano, que ampliam e distorcem a luz dos objetos atrás deles, a famosa lente gravitacional, permitindo uma visão de galáxias extremamente distantes.
Segundo a NASA, essa primeira imagem do SMACS 0723 é a imagem infravermelha mais profunda e nítida do universo distante já registrada e oferece a visão mais detalhada do universo primitivo até hoje. Conhecida como o Webb's First Deep Field (ou “Primeiro Campo Profundo do Webb”, em tradução livre), esta imagem exibe milhares de galáxias, cobrindo um pedaço do céu do tamanho de um “grão de areia segurado por alguém com o braço esticado”, disse a Nasa.
Aglomerado de galáxias SMACS 0723. Credits: NASA, ESA, CSA, and STScI
Espectro do exoplaneta gigante WASP-96
Na transmissão desta terça, a Nasa divulgou as demais imagens e os dados espectroscópicos.
Foi divulgado, em primeiro lugar, o espectro do exoplaneta gigante WASP-96 . Ele é composto principalmente de gás e está localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra. O exoplaneta orbita sua estrela a cada 3,4 dias e tem cerca de metade da massa de Júpiter.
Espectro do exoplaneta gigante WASP-96. Créditos: NASA, ESA, CSA, and STScI
Segundo a NASA, o James Webb capturou a assinatura distinta da água, juntamente com evidências de nuvens e névoa, na atmosfera ao redor do planeta gigante, gasoso e quente orbitando uma estrela distante parecida com o Sol.
“A observação, que revela a presença de moléculas de gás específicas com base em pequenas diminuições no brilho de certas cores, é a mais detalhada de seu tipo até hoje, demonstrando a capacidade sem precedentes do Webb de analisar atmosferas a centenas de anos-luz de distância”, disse a NASA. “A observação imediata e mais detalhada do Webb marca um salto gigantesco na busca por planetas potencialmente habitáveis além da Terra.”
Nebulosa do Anel Sul
Outra imagem divulgada foi a da Nebulosa do Anel Sul, uma nuvem de gás em expansão que envolve uma estrela que está morrendo. Essa nebulosa tem quase meio ano-luz de diâmetro e está localizada a aproximadamente 2.500 anos-luz de distância da Terra.
Nebulosa do Anel Sul. Crédito: NASA, ESA, CSA, and STScI
De acordo com a Nasa, a estrela no centro desta imagem tem soltado anéis de gás e poeira por milhares de anos em todas as direções, e o JWST revelou pela primeira vez que esta estrela está envolta em poeira. Duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem desta nebulosa, catalogada como NGC 3132, e revelaram uma segunda estrela.
“O Webb permitirá que os astrônomos investiguem muito mais detalhes sobre nebulosas planetárias como esta”, disse a NASA. “Compreender quais moléculas estão presentes e onde elas se encontram nas camadas de gás e poeira ajudará os pesquisadores a refinar seu conhecimento sobre esses objetos.”
Quinteto de Stephan
Localizada a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância, o Quinteto de Stephan está na direção da constelação de Pégaso. É importante por ser o primeiro grupo compacto de galáxias descoberto em 1877.
Quinteto de Stephan. Créditos: NASA, ESA, CSA e STScI
Conforme destacou a NASA, o JWST revelou uma imagem do Quinteto de Stephan sob uma nova luz, em um mosaico que corresponde à maior imagem do Webb até hoje, cobrindo cerca de um quinto do diâmetro da Lua. A imagem contém mais de 150 milhões de pixels e é construída a partir de quase 1.000 arquivos de imagem separados.
“As informações do Webb fornecem novos insights sobre como as interações galácticas podem ter impulsionado a evolução das galáxias no início do universo. Com sua poderosa visão infravermelha e resolução espacial extremamente alta, o Webb mostra detalhes nunca antes vistos neste grupo de galáxias”, pontuou a NASA.
Nebulosa de Carina
Por fim, a agência espacial divulgou a imagem da Nebulosa de Carina . Localizada a aproximadamente 7.600 anos-luz de distância na direção da parte sul da constelação Carina, essa nebulosa é uma das maiores e mais brilhantes já vistas.
As nebulosas são berçários estelares onde as estrelas se formam. Lar de estrelas massivas, várias vezes maior que o Sol, Eta Carina é a mais famosa delas.
Nebulosa de Carina. Créditos: NASA, ESA, CSA, and STScI
Segundo a NASA, a imagem revelada pelo James Webb representa a borda de uma região jovem e próxima de formação de estrelas chamada NGC 3324 na Nebulosa Carina. Capturada em luz infravermelha, a imagem revela pela primeira vez áreas previamente invisíveis de nascimento de estrelas.
“Os ‘picos’ mais altos nesta imagem têm cerca de 7 anos-luz de altura - maiores que a distância até a estrela mais próxima de nós . . A área cavernosa foi esculpida na nebulosa pela intensa radiação ultravioleta e ventos estelares de estrelas jovens extremamente massivas, quentes e localizadas no centro da bolha, acima da área mostrada nesta imagem”, detalhou a NASA.
Para o astrofísico Ogando, os dados preliminares do James Webb dão pistas do que está por vir:
"Se com esses dados preliminares já estamos maravilhados, mal podemos esperar pelos dados que virão. É difícil prever como o universo irá nos surpreender", afirmou.
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Com informações da NASA .