Notícias
Maldivas: depósitos marinhos revelam segredos das mudanças climáticas do passado
O próximo episódio do Ciência no Rádio, parceria entre o Observatório Nacional e a Rádio MEC, recebe uma pesquisadora que vem estudando como ciclos astronômicos moldaram os registros sedimentares das Maldivas. O estudo analisou sedimentos marinhos do arquipélago das Maldivas e revelou a influência de ciclos astronômicos, como os de Milankovitch, na formação desses depósitos ao longo dos últimos 8 milhões de anos.
A entrevistada é a pesquisadora do Observatório Nacional, Raysa Rocha, graduada em Física pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER).
Raysa explica que seu estudo busca responder questões ligadas à relação entre processos climáticos e sedimentares e sua influência na formação de padrões deposicionais cíclicos. Especificamente como as variações nos regimes climáticos, como as monções, impactaram os depósitos sedimentares, se os padrões cíclicos observados no testemunho de sondagem estavam associados a forçantes orbitais, como os ciclos de Milankovitch e quais fatores influenciaram a formação do registro sedimentar no local de estudo.
Segundo a pesquisadora, o arquipélago das Maldivas foi escolhido por apresentar condições ideais para a investigação de ciclicidade em depósitos sedimentares
Os ciclos de Milankovitch são variações periódicas na órbita e inclinação da Terra causadas por interações gravitacionais no Sistema Solar. Eles incluem três componentes principais:
-
Excentricidade: Alterações na forma da órbita terrestre (ciclo de aproximadamente 100 mil anos).
-
Obliquidade: Variações no ângulo de inclinação do eixo da Terra (ciclo de 41 mil anos).
-
Precessão: Mudanças na orientação do eixo terrestre em relação ao Sol (ciclo de 19-23 mil anos).
A importância desses ciclos reside no fato de influenciarem o clima da Terra ao longo de escalas de tempo geológico, controlando padrões de insolação, o que, por sua vez, impacta os processos de sedimentação e a formação do registro paleoclimático.
Conforme destaca Raysa, os resultados do estudo indicaram que as forçantes orbitais, como os ciclos de Milankovitch, desempenharam um papel determinante nos padrões deposicionais observados. Isso foi evidenciado pelas frequências cíclicas identificadas na análise dos sinais no testemunho.
“Esses resultados contribuem para a compreensão das mudanças climáticas ao demonstrar como os ciclos orbitais influenciam variações climáticas e sedimentares, ajudando a reconstruir o passado climático e a interpretar os impactos de processos astronômicos no registro sedimentar”, conclui Raysa.
Sobre o Programa Ciência no Rádio
O programa Ciência no Rádio é resultado de uma parceria do Observatório Nacional (ON) com a Rádio MEC, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São mais de 400 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site e em nosso Spotify.
Em maio de 2021, o "Ciência no Rádio" passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de WhatsApp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.
Em outubro de 2023, o "Ciência no Rádio" foi indicado na categoria "Rádio" ao Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar. A indicação reconhece o compromisso e a excelência do programa na divulgação científica. Os resultados foram divulgados no dia 19 de outubro.
Não perca! Na 4ª feira, dia 04 de Dezembro, às 7h10min!
Programa Rádio Sociedade, quadro Ciência no Rádio, Rádio MEC AM.