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Espetáculo Celestial: Conjunção de Júpiter e Marte em agosto de 2024
Entre os dias 13 e 16 de agosto de 2024, os planetas Júpiter e Marte proporcionarão um espetáculo celestial, parecendo quase se tocar no céu – uma impressão visual resultante de um raro alinhamento planetário. Embora Marte e Júpiter aproximem-se um do outro, no céu, a cada 825 dias, a próxima vez que eles estarão aparentemente tão próximos, será em dezembro de 2033.
Este fenômeno ocorrerá devido a um alinhamento temporário entre a Terra, Marte e Júpiter, produzindo essa conjunção vista a partir do nosso planeta. Marte, com seu brilho avermelhado, por estar mais próximo de nós, tem um movimento aparente maior e aparenta estar cada vez mais próximo de Júpiter no céu. Entre os dias 13 e 16 de Agosto, essa proximidade será menor que 1 grau e no dia 14 de agosto, a separação aparente entre o planeta vermelho e o gigante gasoso, será a menor do período, em um evento astronômico imperdível.
Configuração dos planetas do Sistema Solar, às 05:30 (horário de Brasília), do dia 14 de Agosto de 2024. O quase alinhamento entre o nosso planeta, Marte e Júpiter irá proporcionar a visão de uma bela conjunção cerrada entre o planeta vermelho e o gigante gasoso. Baseado no site The Sky Live (3D Solar System Viewer).
Ambos os planetas são facilmente observados a olho nu e será fácil identificá-los. Para observar os dois planetas em conjunção, basta olhar para a porção leste do céu (lado onde o Sol nasce), entre 02h30 da madrugada, até desaparecerem de vista ao amanhecer. É inconfundível, pois Júpiter será o astro mais brilhante nesta parte do céu e Marte será o astro vermelho mais próximo de Júpiter. O melhor horário para admirar a conjunção, será entre 04h45 e 05h15 da madrugada, quando ambos estarão mais alto no céu e a luz aurora ainda não interfere.
Conforme destacou o Prof. Dr. Gabriel Hickel, da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), parceiro do Observatório Nacional no Projeto “Céu em sua casa”, desde o início de agosto, Marte já está mais próximo (aparentemente) de Júpiter. A cada manhã, Marte se aproximará um pouco mais. Para a maioria dos observadores na América do Norte e do Sul, na Europa e na África, os dois planetas parecerão mais próximos na manhã de 14 de agosto. Já para a maior parte da Ásia e da Austrália, o par planetário parecerá mais próximo na manhã de 15 de agosto. Na sua maior aproximação, Marte e Júpiter estarão separados por uma distância de cerca de 0,3 graus, menor que a largura de uma Lua Cheia no céu, que é cerca de 0,5 graus.
Embora pareçam quase se tocar, a proximidade é apenas efeito de perspectiva, uma vez que Marte e Júpiter estarão na realidade separados por uma enorme distância no espaço (em torno de 575 milhões de km). Marte, é o quarto planeta em distância ao Sol, sendo um planeta rochoso, com metade do tamanho do nosso e sua órbita está relativamente mais próxima da Terra. Júpiter, por outro lado, é um planeta da parte mais externa; um gigante gasoso situado cerca de 3,5 vezes mais longe do Sol do que Marte.
Porção nordeste do céu, às 05:30 (horário de Brasília), de 14 de Agosto de 2024. Neste setor, Júpiter será o astro mais brilhante e Marte, o astro avermelhado mais próximo. A figura também aponta as estrelas mais brilhantes, além das populares “três marias” e do asterismo das Pleiades, também facilmente identificável no céu. Baseado no simulador de céu Stellarium.
O que é uma conjunção astronômica?
De acordo com a Dra. Josina Nascimento, uma conjunção astronômica é um evento em que dois ou mais corpos aparentam estar próximos no céu, por efeito de perspectiva; em função de nosso planeta e os corpos celestes envolvidos na conjunção, estarem aproximadamente alinhados.
Os astros do Sistema Solar, em particular o Sol, planetas e suas luas, estão aproximadamente no mesmo plano. No nosso céu, este plano é caracterizado pelas constelações zodiacais, assim designadas pelas culturas mais antigas. Desta forma, é relativamente comum que ocorram “encontros” aparentes, entre os astros do Sistema Solar que podemos ver a olho, sendo os mais comuns, entre a nossa Lua e os demais planetas. De vez em quando, encontros entre os planetas também ocorrem, como entre Marte e Júpiter, que ocorrerá no meio de agosto.
Mas quão próximos os astros devem estar para ser considerada uma “conjunção”? Não há uma regra oficial estabelecida. De modo geral, quando mais de dois astros estão envolvidos, encontros em que eles estão dentro de um círculo de 10 graus no céu, podem ser considerados “conjunções”. Para apenas dois astros, geralmente adota-se um círculo de 5 graus. Se o encontro entre dois astros ocorre dentro de um círculo de 1 grau no céu, pode-se dizer que a conjunção é “cerrada”. É o caso de Marte e Júpiter, em 14 de Agosto, quando eles estarão separados por apenas 0,3 graus, quase “um raspão”, embora bem separáveis, quando vistos a olho.
“Os planetas podem estar quase alinhados, mas estarem bem distantes entre si. Então, as conjunções interessantes são aquelas em que os astros são vistos próximos um do outro no céu”, destaca Josina.
A astrônoma observa que o ponto de vista em questão tem a Terra no centro. Ou seja, se refere ao que vemos aqui da Terra como se estivéssemos parados e todo o céu e astros movimentassem diante de nossos olhos.
“Por exemplo, vemos a Lua nascer em um local do céu. Minutos depois vemos a Lua em outro local, e assim sucessivamente até que a Lua se põe. Isso acontece com todos os astros que vemos no céu. Eles parecem mover-se no céu e nós parecemos estar parados. Mas na realidade, é a Terra que se movimenta e nós, em sua superfície, vamos juntos.”, esclarece.