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Ciência no Rádio
El Niño: entenda os impactos climáticos e veja previsões para os próximos meses
A onda de calor que atingiu a maior parte do Brasil nos últimos dias do inverno vai continuar na primavera. A estação teve início no sábado, 23, sob influência do fenômeno El Niño, que é o assunto do programa Ciência no Rádio desta semana.
O programa conversa com o Dr. Gilvan Sampaio de Oliveira. Ele é bacharel em Meteorologia pela Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Coordenador-geral do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do INPE.
O El Niño é parte de um fenômeno acoplado atmosférico-oceânico, que ocorre no oceano Pacífico Equatorial (e na atmosfera adjacente), denominado de El Niño Oscilação Sul (ENOS).
O El Niño refere-se às situações nas quais o oceano Pacífico Equatorial está mais quente do que a condição média histórica (climatológica). A mudança na temperatura do oceano Pacífico Equatorial acarreta efeitos globais nos padrões de circulação atmosférica, transporte de umidade, temperatura e precipitação.
O monitoramento das condições atuais de temperatura da superfície do mar do oceano Pacífico equatorial mostra um padrão de anomalias positivas característico de condições de El Niño.
As previsões analisadas de anomalias de temperatura da superfície do mar na região do oceano Pacífico equatorial para setembro-outubro-novembro de 2023 dos modelos numéricos de previsão climática indicam a manutenção desse padrão de aquecimento, com valores positivos das anomalias de temperatura da superfície do mar, características de El Niño.
Geralmente durante um ano de El Niño, o Brasil enfrenta um aumento nas ondas de calor. Isso ocorre devido às mudanças na circulação atmosférica que o El Niño provoca, resultando em temperaturas mais altas em várias regiões do país. As ondas de calor podem ser mais frequentes e prolongadas durante esse período.
Na semana passada, o INPE, em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre (Cenad) divulgaram um boletim com o objetivo de apresentar o monitoramento, previsões e os possíveis impactos do El Niño no Brasil em 2023.
De acordo com o boletim, desde junho de 2023 as condições observadas de temperatura da superfície do mar mostram um padrão típico do fenômeno El Niño. Este padrão se apresenta na forma de uma faixa de águas quentes em grande parte do Oceano Pacífico Equatorial que, próximo à costa da América do Sul, são superiores a 3°C.
Neste ano, um efeito do El Niño foram as chuvas registradas no Rio Grande do Sul, entre 1º e 19 de setembro, cujos volumes ficaram em torno de 450 milímetros (mm). Nos demais estados do País, foi registrado um déficit de precipitação, com volumes superiores a 50 mm, abaixo da média histórica, na Região Norte.
Para o próximo trimestre (outubro, novembro e dezembro) a previsão indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal entre o leste, centro e faixa norte do Brasil. Entre a Região Sul, parte de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, a previsão indica maior chance de chuva acima da faixa normal.
Esta previsão reflete as características típicas de El Niño sobre o Brasil. Já a previsão de temperatura indica maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do País.
O El Niño deve influenciar o clima no Brasil até o início do ano que vem, reduzindo o volume de chuva nas regiões Norte e Nordeste. O calor extremo que atingiu o País vai continuar na primavera. Não tão intenso quanto o que está ocorrendo agora, quando estamos sob um bloqueio atmosférico que impede a chegada de frentes frias em algumas regiões.
Porém, nesta primavera e no verão nós estaremos sob influência do fenômeno El Niño, e um dos efeitos no Brasil é fazer com que as temperaturas fiquem mais altas que a média histórica.
A primavera é uma estação de transição, mas é ao longo dela que ocorrem os extremos. Mais para o final da primavera, as ondas de calor ficam mais quentes. Essas ondas de calor vão elevar a temperatura para acima de 35 graus em algumas regiões do País, chegando aos 40 graus.
Sobre o Programa Ciência no Rádio
O programa Ciência no Rádio é resultado de uma parceria do Observatório Nacional (ON) com a Rádio MEC, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São mais de 300 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site Clique aqui para ouvir.
Em maio de 2021, o "Ciência no Rádio" passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de WhatsApp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.
Não perca! Na 4ª feira, dia 27 de setembro, às 7h10min!
Programa Rádio Sociedade, quadro Ciência no Rádio, Rádio MEC AM.