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Doutorando do ON/MCTI conquista bolsa-estágio no Institute for Rock Magnetism, da Universidade de Minnesota
O doutorando do Observatório Nacional e mestre em Geofísica pela mesma instituição, Vitor Silveira, orientado pelo pesquisador Dr. Daniel R. Franco (Coordenação de Geofísica do ON), foi agraciado com uma bolsa de pesquisa no Institute for Rock Magnetism (IRM), da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.
O IRM dedica-se a fornecer instalações de última geração e conhecimento técnico para qualquer pesquisador interessado que seja aprovado em um processo seletivo. No caso de Vitor, ele recebeu a bolsa IRM Visiting Research Fellowship , que permitirá utilizar durante dez dias os equipamentos do instituto.
Conforme explicou o doutorando, no IRM ele conseguirá acesso a instrumentos mais especializados do ramo do magnetismo de rochas, os quais não têm fácil acesso no Brasil.
Isso permitirá que ele dê andamento a seu doutorado, em que analisa as propriedades magnéticas de um pacote sedimentar obtido a partir da perfuração do fundo oceânico na região da plataforma continental do noroeste da Austrália.
A região foi estudada pela Expedição 356 do International Ocean Discovery Program (IODP) , o mais longevo programa internacional em Ciências da Terra que envolve 26 países, entre eles o Brasil, com a participação do Observatório Nacional.
Vitor explicou que o pacote sedimentar que ele estuda preserva informações importantes sobre a história e dinâmica da Terra nos últimos 5 milhões de anos.
Vitor também utilizou o Laboratório de Paleomagnetismo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) durante sua pesquisa.
“O uso da instrumentação disponível no IRM me permitirá avaliar a origem e tipo dos minerais ferromagnéticos presentes nesses sedimentos, através do Magnetômetro de Amostra Vibrante (VMS, do inglês Vibrating Sample Magnetometer)”, explicou.
Com as análises, será possível fazer inferências com relação à origem desses minerais magnéticos para saber, por exemplo, se possuem origem detrítica, biogênica, pedogênica, etc. Segundo Vitor, a origem desses minerais pode ter uma relação direta com períodos de maior aridez na região, quando provavelmente predominam aqueles de origem biogênica e pedogênica, e períodos de maior umidade, quando aparentemente são observados minerais magnéticos de origem detrítica trazidos pelos rios ao oceano.
O doutorando do ON também pretende fazer a identificação do tipo de mineral magnético presente nos sedimentos. Para isso, vai utilizar um equipamento chamado “ Magnetic Properties Measurement System ” (MPMS).
“No equipamento as amostras serão magnetizadas e submetidas a temperaturas mínimas em torno de T = 20K (aproximadamente -253 °C). Assim, como os minerais magnéticos possuem temperaturas de transição específicas a uma dada temperatura, será possível identificar qual tipo está presente, por exemplo, magnetita, hematita, goethita, ou outros.”
Vitor ressaltou que essa identificação é de extrema importância para a verificação de ciclicidades climáticas que ocorrem na região. Além disso, a informação contribui para outras análises que está realizando nestes sedimentos, como por exemplo, a verificação dos minerais responsáveis pelo registro da reversão do campo geomagnético ao longo dos testemunhos sedimentares da expedição.
"Esta oportunidade de realizar experimentos de magnetometria a baixas temperaturas, em um centro de pesquisa de renome mundial, será uma experiência marcante para a carreira do estudante, uma vez que terá a oportunidade de trabalhar em conjunto com um corpo técnico altamente qualificado e interagir com grandes pesquisadores de nossa área. Este fato também é um passo muito positivo para a internacionalização das atividades do Programa de Pós-Graduação em Geofísica do ON e de meu grupo de pesquisa, e que levará a mais uma contribuição brasileira ao Programa IODP/CAPES Brasil", disse o Dr. Daniel R. Franco, pesquisador do ON que participou da Expedição 356 e orientador do Vitor em seu doutorado.