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Programa Ciência no Rádio é uma parceria ON-Rádio MEC e vai ao ar em todas as quartas-feiras às 7h10 da manhã
Como funcionam os sistemas de defesa planetária contra asteroides?
O "Ciência no Rádio" é um dos quadros do programa "Rádio Sociedade" e vai ao ar todas às quartas-feiras às 7h10min da manhã (Hora Legal de Brasília). O programa é resultado de uma parceria do ON com a Rádio, criada em 2015 para levar ao público informações científicas ligadas às três áreas de atuação do ON: astronomia e astrofísica, geofísica, metrologia em tempo e frequência. São quase 300 programas ao longo desses anos! E todos estão disponíveis em nosso site Clique aqui para ouvir.
Em maio de 2021, o "Ciência no Rádio" passou a ser transmitido também por outras frequências, alcançando São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, além do Rio de Janeiro. Além disso, passou a ser disponibilizado um contato de WhatsApp para que o ouvinte possa interagir com sugestões de temas para o programa: (21) 99710-0537.
Na próxima edição do programa, o convidado será o astrônomo do ON, Dr. Filipe Monteiro. Ele possui graduação em Física pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2014), mestrado e doutorado em Astronomia pelo Observatório Nacional e, atualmente, é bolsista de pós-doutorado NOTA 10 da FAPERJ, atuando junto a pesquisadores do grupo de Ciências Planetárias do ON.
No programa, ele vai falar sobre o funcionamento dos sistemas de defesa planetária contra asteroides.
Na última semana, o observatório Hungaro Piszkesteto Station detectou um pequeno asteroide de aproximadamente 2 metros de diâmetro 2 horas antes de seu impacto com a atmosfera da Terra.
Este objeto denominado 2022EB5 entrou na atmosfera terrestre às 21:22 UTC ou 18:22, no horário oficial de Brasília, do dia 11 de março. Seu impacto aconteceu na região do mar Ártico, a sudoeste da ilha norueguesa Jan Mayen, a uma velocidade de 18,5 km/s.
O asteroide 2022EB5 já tem uma órbita determinada que indica que ele é um asteroide tipo Apolo, relativamente comum, com período orbital aproximado de 4,73 anos.
A partir das observações do asteroide à medida que se aproximava da Terra e da energia medida pelos detectores de infra-som no momento do impacto, estima-se que 2022 EB5 tenha cerca de 6 1/2 pés (2 metros) de tamanho.
Pequenos asteroides deste tamanho ficam brilhantes tempo suficiente para serem detectados apenas nas últimas horas antes de seu impacto (ou antes de se aproximarem muito da Terra). Eles são muito menores do que os objetos que os observatórios são capazes de detectar e alertar com antecedência.
O impacto do asteroide gerou uma bola de fogo equivalente a 2 quilotons que foi detectada por estações de infrassom da Groenlândia e da Noruega. Além da explosão, um flash brilhante possivelmente associado ao evento foi relatado por observadores do norte da Islândia.
Objetos como esse geralmente explodem a quilômetros de altura, em geral de 20 a 30 quilômetros, o que provoca um enorme estampido sônico, fazendo tremer as janelas de casas e prédios da região logo abaixo, mas sem risco de qualquer dano físico. Neste acontecimento recente, o objeto explodiu sobre o mar, não causando tais efeitos.
Proteção planetária
O observatório da Hungria, que detectou o objeto, faz parte de um projeto de proteção planetária do qual o IMPACTON – Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra no Observatório Nacional – também é integrante.
Pequenos asteroides como 2022 EB5 são numerosos e impactam na atmosfera com bastante frequência – aproximadamente a cada 10 meses (CNEOS/JPL). Mas muito poucos desses asteroides foram realmente detectados no espaço e observados extensivamente antes do impacto, basicamente porque eles são muito fracos até as últimas horas, e um telescópio de pesquisa precisa observar apenas o ponto certo do céu na hora certa para um ser detectado. Até agora este é o quinto asteroide descoberto momentos antes de seu impacto na Terra.
No entanto, um asteroide maior com potencial de impacto perigoso seria descoberto muito mais longe da Terra. Esses sim podem causar danos sérios à população. O objetivo dos principais observatórios e agências é acompanhar esses asteroides, calcular suas trajetórias e determinar suas propriedades físicas, para termos condições de planejarmos um meio de evitar o impacto com anos de antecedência.
Em caso de algum objeto em rota de colisão – até agora não há registros de nenhum – seria necessário enviar uma missão para tentar desviar a órbita do objeto a fim de tirá-lo do caminho da Terra. Esse tipo de técnica está em fase de teste, isso porque a missão DART que foi lançada no final do ano passado irá colidir com o satélite de um asteroide em setembro deste ano para modificar sua órbita, e assim fornecer dados reais sobre a utilização desta técnica para um eventual caso real.
Existem muitos asteroides próximos à Terra, sendo a maioria deles sem nenhuma propriedade física conhecida. Alguns deles, em particular os maiores do que 150 metros, podem causar graves danos no caso de uma eventual colisão. Por isso, são desenvolvidos programas para descobrir e estudar as características físicas desses objetos potencialmente perigosos.
O projeto IMPACTON lidera as pesquisas nesta área no Brasil operando há 10 anos o Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI) no município de Itacuruba (PE). O OASI tem o segundo maior telescópio instalado em solo brasileiro, com espelho principal de 1 metro de diâmetro.
A equipe do ON é a única no Brasil a trabalhar com observações físicas de pequenos corpos do Sistema Solar e vem desempenhando um papel relevante no desenvolvimento da área de ciências planetárias no País.
O projeto IMPACTON é um esforço no sentido de integrar o ON e o Brasil aos programas internacionais de busca e seguimento de asteroides e cometas em risco de colisão com a Terra.
Esses programas, atendendo determinação da União Astronômica Internacional, visam detectar e monitorar pelo menos 90% desses objetos. Entretanto, os projetos de busca estão concentrados no hemisfério Norte, fazendo com que 25% da esfera celeste não sejam explorados.
Não perca! Na 4ª feira, dia 23 de março, às 7h10min!
Programa Rádio Sociedade, quadro Ciência no Rádio, Rádio MEC AM.