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Colaboração internacional J-PAS lança os primeiros dados do mapeamento do Universo
O projeto astronômico internacional Javalambre Physics of the Accelerating Universe Astrophysical Survey (J-PAS), com participação do Brasil, está disponibilizando para a comunidade científica os primeiros 12 graus quadrados do mapa tridimensional do Universo que está sendo realizado a partir do Observatório Astrofísico de Javalambre, na Espanha. A área estudada contém cerca de 550.000 objetos astronômicos e é apenas uma pequena amostra da área total do levantamento, que observará mais de 8.000 graus quadrados ao longo de 10 anos.
As primeiras imagens e catálogos deste projeto internacional estão, desde 20 de novembro, completamente acessíveis através do site https://archive.cefca.es/catalogues/jpas-edr/. Os primeiros dados da pesquisa encontraram cerca de 100.000 estrelas e 450.000 galáxias. É a primeira demonstração científica do poder da combinação do telescópio de campo amplo JST250 e sua câmera panorâmica JPCam.
Imagem: Divulgação/J-PAS
Um mapa sem precedentes
O mapeamento J-PAS é o resultado de uma combinação única: observar um grande volume do Universo em um número sem precedentes de bandas fotométricas. A câmera JPCam integra 56 filtros ópticos de banda estreita, exclusivos no cenário internacional e definidos especificamente para o projeto. Na prática, isso significa ter informações multicoloridas homogêneas de todos os objetos observados, possibilitando a determinação de quantidades astrofísicas, como temperatura e composição de estrelas ou idade e distância de galáxias, entre muitas outras.
O J-PAS está definido para se tornar o mapeamento fotométrico mais completo do Universo, bem como uma referência internacional para uma infinidade de aplicações científicas. Ele observará milhares de graus quadrados do céu com centenas de milhões de galáxias e estrelas.
"Após anos de trabalho para tornar o J-PAS possível, estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos até o momento, hoje representados por esses primeiros 12 graus quadrados disponibilizados para toda a comunidade internacional. Quando concluído, serão milhares de graus quadrados com informações sem precedentes sobre o universo que constituirão um legado para várias gerações de astrônomos e astrofísicos”, destaca o Dr. Jailson Alcaniz, diretor do Observatório Nacional.
“Qualquer estudo futuro desses objetos se beneficiará das informações fornecidas pelo J-PAS. Como um projeto de legado, acreditamos que o J-PAS se tornará uma das grandes referências internacionais em astrofísica na próxima década. E este lançamento é o primeiro passo nesse caminho”, afirma o Dr. Carlos López San Juan, diretor científico adjunto do CEFCA.
Informação em cada pixel
O J-PAS agora abre acesso aos dados correspondentes a um total de 12 graus quadrados com os 56 filtros do projeto. O conjunto de dados é composto por 25.000 imagens que foram obtidas no último ano. As imagens do J-PAS são únicas porque fornecem informações em todos os filtros e em todos os pixels da área observada. As imagens são calibradas, o que significa que a intensidade da luz pode ser medida em qualquer ponto de qualquer levantamento, nos 56 filtros.
Plano focal da JPCam, uma das maiores câmeras astronômicas do mundo – Foto: Divulgação/J-PAS
Centenas de imagens são capturadas todas as noites a partir do Observatório Astrofísico de Javalambre (OAJ), que também requer um centro de dados dedicado para seu armazenamento, gerenciamento e calibração. O desenvolvimento de ferramentas de processamento de imagens é outro marco do projeto J-PAS.
Para o pesquisador do Observatório Nacional, Dr. Renato Dupke, Diretor Científico e Investigador Principal do projeto no Brasil: “Este projeto não apenas possui um potencial singular para realizar uma ciência inovadora, que outros mapeamentos não conseguem alcançar, como também estabelecerá conexões valiosas com colaborações e iniciativas científicas em andamento atualmente.”
“O J-PAS fará aportes significativos não apenas para a cosmologia, que é seu objetivo primário, mas também para outras áreas da astronomia, particularmente a astrofísica de estrelas e galáxias, que se beneficiarão do imenso volume de dados que serão gerados pelo levantamento”, acrescenta Dr. Fernando Roig, vice-diretor do Observatório Nacional.
Uma das maiores câmeras do mundo
O projeto J-PAS começou a capturar as primeiras imagens científicas há cerca de um ano. O J-PAS é o principal projeto realizado com o telescópio JST250, um telescópio de grande angular de 2,5 metros no Observatório Astrofísico de Javalambre (OAJ). Seu instrumento científico é a Câmera Panorâmica de Javalambre (JPCam) que, com mais de 1,2 bilhão de pixels, é atualmente uma das maiores câmeras astronômicas do mundo. A combinação de JPCam e JST250 fornece uma ferramenta poderosa e única capaz de mapear o Universo e medir distâncias extragalácticas com precisão.
JPCam - Crédito: Centro de Estudos de Física do Cosmos de Aragão (CEFCA).
A colaboração internacional
O J-PAS é gerido por meio de uma colaboração científica internacional. É liderado pelo Centro de Estudos de Física do Cosmos de Aragão (CEFCA) e pelo Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC), na Espanha, e pelo Observatório Nacional e pela Universidade de São Paulo, no Brasil, sendo desenvolvido e explorado cientificamente através de uma colaboração internacional com mais de 250 pesquisadores de 18 países.
O J-PAS é um projeto de legado para a comunidade científica internacional que oferecerá uma visão única do Universo, tanto em termos do tipo quanto da quantidade de informações que fornecerá para cada uma das centenas de milhões de objetos astronômicos que observará sistematicamente. Para o Dr. Héctor Vazquez Ramió, “o mais importante é que este lançamento inicial dá uma medida do que o J-PAS pode oferecer e da qualidade desses dados. Em muitos casos e projetos científicos, você já tem uma ideia aproximada de até onde ele pode chegar”.
O OAJ e o Projeto J-PAS são financiados pelo CEFCA e pelos Governos de Aragão e da Espanha através do Fundo de Investimento de Teruel, da União Europeia no âmbito do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência (NextGenerationEU) e dos Fundos Europeus de Desenvolvimento Regional. As agências brasileiras FINEP, FAPESP, FAPERJ e o Observatório Nacional do Brasil contribuíram majoritariamente para o financiamento da JPCam. Financiamentos adicionais para o J-PAS foram fornecidos pelo Observatório Tartu da Estônia e pelo Consórcio Astronômico Chinês J-PAS.