Notícias
Cápsula de amostra do asteroide Bennu pousa na Terra; astrônomo explica importância
Após anos de trabalho da equipe da missão OSIRIS-REx da NASA, neste último domingo (24), uma cápsula com amostras de rochas e poeira coletada do asteroide Bennu finalmente chegou à Terra. A cápsula pousou em uma área-alvo do Campo de Testes e Treinamento do Departamento de Defesa de Utah, perto de Salt Lake City.
As amostras recolhidas de Bennu ajudarão cientistas de todo o mundo a compreender melhor a formação planetária, assim como a origem dos materiais orgânicos e da água que possibilitaram a origem da vida na Terra e aprender mais sobre asteroides potencialmente perigosos.
A missão OSIREX-REx também buscou aprimorar a órbita de Bennu, que é considerado um asteroide potencialmente perigoso, com uma probabilidade de 0,057% de impactar a Terra até 2300. Segundo Filipe Monteiro, Pós-doc do ON, a missão OSIREX-REx também teve como um dos seus objetivos principais estudar como a interação da radiação solar com a superfície do asteroide pode produzir pequenas alterações em sua órbita.
“Esse fenômeno é causado pelo efeito Yarkovsky, que ocorre devido ao aquecimento e resfriamento de um asteroide conforme ele gira. Com essa mudança de temperatura, o asteroide libera energia e, consequentemente, sofre um pequeno impulso. Esse efeito é bastante difícil de ser medido a partir da Terra e, por isso, a missão OSIREX-REx nos deu a oportunidade de estudar o efeito Yarkovsky em detalhes enquanto orbitava o Bennu. Isso conduzirá a obtenção de melhores cálculos das órbitas de asteroides próximos da Terra, o que é crucial para planejar medidas de mitigação de impacto de asteroides”, destacou.
A amostra de Bennu tem cerca de 250 gramas e marca apenas a terceira vez que uma amostra de asteroide é trazida à Terra, e a primeira pela NASA.
Créditos: NASA/Keegan Barber
A chegada ocorreu conforme o planejado, graças ao enorme esforço de centenas de pessoas que dirigiram remotamente a jornada da espaçonave desde seu lançamento em 8 de setembro de 2016.
A equipe guiou a missão à chegada a Bennu, em 3 de dezembro de 2018, buscando por um local seguro para coleta de amostras entre 2019 e 2020, durante a coleta de amostras em 20 de outubro de 2020 e durante a viagem de retorno para casa a partir de 10 de maio de 2021.
Depois de viajar bilhões de quilômetros até Bennu e voltar, a espaçonave OSIRIS-REx lançou sua cápsula de amostra em direção à atmosfera da Terra. A espaçonave estava a 102.000 quilômetros da superfície da Terra, cerca de um terço da distância da Terra à Lua.
Viajando a 44.500 km/h, a cápsula perfurou a atmosfera, na costa da Califórnia, a uma altitude de cerca de 133 quilômetros. Em 10 minutos, pousou.
“Toda a equipe estava com frio na barriga, mas essa é a antecipação focada de um evento crítico por uma equipe bem preparada”, disse Rich Burns, gerente de projeto do OSIRIS-REx no Goddard Space Flight Center da NASA.
Logo após o pouso, a amostra foi transportada para uma sala limpa temporária onde ficou conectada a um fluxo contínuo de nitrogênio. O nitrogênio é um gás que não interage com a maioria dos outros produtos químicos. Dessa forma, um fluxo contínuo dele no recipiente de amostra dentro da cápsula impedirá a entrada de contaminantes terrestres, deixando a amostra pura para análises científicas.
Nesta segunda-feira (25), a amostra de Bennu foi transportada para o Johnson Space Center da NASA em Houston. Os cientistas vão analisar a amostra e criar um inventário das rochas e da poeira e, com o tempo, distribuirão pedaços de Bennu para cientistas de todo o mundo.