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Asteroide recém-descoberto passará ‘perto’ da Terra em 24 de maio
Na próxima quarta-feira, dia 24 de maio, às 9h53 UTC, passará “próximo” da Terra um asteroide recém-descoberto que possui entre 87 e 200 metros de diâmetro. Trata-se do asteroide 2023 CL3 , que foi adicionado à lista de objetos que farão encontros próximos com a Terra. A lista é mantida pela NASA através do programa NEO Earth Close Approaches , cujo objetivo é divulgar e monitorar as rochas espaciais, especialmente asteroides, que se aproximam da Terra.
Segundo informações divulgadas pela agência espacial dos Estados Unidos, o asteroide classificado como NEO (Objeto em Órbita Próxima à da Terra) passará a uma distância segura de aproximadamente 7,2 milhões de quilômetros da Terra, ou cerca de 0,04834 unidades astronômicas (lembrando que uma unidade astronômica corresponde a cerca de 150 milhões de quilômetros).
Imagem do asteroide e sistema Terra-Lua no horário exato da máxima aproximação. Fonte: JPL/NASA
Conforme destacou o doutor em astronomia pelo Observatório Nacional (ON/MCTI), Filipe Monteiro, estima-se que o asteroide atravesse o espaço próximo à Terra a uma velocidade de mais de 7,33 quilômetros por segundo ou 26.388 quilômetros por hora.
“Apesar de sua proximidade e tamanho considerável, não há motivo para preocupação, pois os cálculos científicos indicam que ele não representará uma ameaça para o nosso planeta”, destacou Filipe. “É importante lembrar que todos os asteroides com uma distância mínima de 0,05 unidades astronômicas, ou menos, e um diâmetro maior ou igual a 140 metros são considerados Asteroide Potencialmente Perigoso (PHAs). Neste caso, embora o objeto 2023 CL3 faça uma aproximação com órbita da Terra menor do que 0,05 UA, o seu tamanho não é completamente conhecido para que ele seja classificado como um PHA. Por exemplo, assumindo um albedo (medida da quantidade de radiação solar refletida por um corpo) de 14% e uma magnitude absoluta de 22,4 (segundo o JPL), o objeto 2023 CL3 pode ter um diâmetro de aproximadamente 120 metros, sendo menor do que o limite dos PHAs. Neste sentido, é importante ressaltar que observações contínuas desse asteroide são necessárias para a sua caracterização física completa.”
Ainda segundo o astrônomo, a inclusão do asteroide 2023 CL3 na lista Earth Close Approaches ressalta a importância contínua da vigilância e monitoramento de objetos espaciais que se aproximam da Terra. Essa ação permite aos cientistas obterem dados valiosos sobre essas rochas espaciais, a fim de melhor compreender sua origem e comportamento, além de avaliar eventuais riscos que possam representar para a vida no planeta.
Conforme destacou Filipe, diversas agências espaciais têm estudado alguns mecanismos de proteção:
“É o caso da Missão DART que, no dia 26 de setembro de 2021, conseguiu desviar o asteroide Dimorphos de sua órbita ao redor do asteroide Didymos por meio da técnica de deflexão por impacto cinético . Tal missão espacial foi o primeiro ‘teste de defesa planetária’ da história, e poderá, eventualmente, proteger o nosso planeta. No entanto, é importante destacar que se a ameaça de impacto de um asteroide contra a Terra fosse real, seria necessário lançar, com alguns anos de antecedência, uma missão tal qual a DART para enfrentar um asteroide pequeno”, concluiu.
O que são asteroides?
Asteroides são corpos celestes que orbitam o Sol , mas que são pequenos comparados aos planetas do Sistema Solar. Existem muitos asteroides próximos à Terra, sendo a maioria desconhecida.
Alguns deles, em particular os com até 150 metros de tamanho, poderiam causar graves danos no caso de uma colisão. Por esse motivo, no mundo todo são desenvolvidos programas que visam descobrir e estudar as características físicas desses corpos.
No Brasil, o Observatório Nacional lidera as pesquisas nesta área com o Projeto IMPACTON (Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra no Observatório Nacional).
O projeto foi criado pelo grupo de Ciências Planetárias com o intuito de inserir o Brasil nas pesquisas científicas relacionadas aos pequenos corpos do Sistema Solar. Para isto, foi construído o Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI) , localizado em Itacuruba, Pernambuco, que conta com um telescópio com espelho de um metro de diâmetro, o segundo maior instalado no Brasil.