Pintor, gravador, escultor e desenhista, Lasar Segall nasceu em 1889 na cidade de Vilna, Lituânia, que pertencia ao território da Rússia. Como milhões de seus compatriotas, Segall emigrou em busca de melhores condições de vida.
Na Alemanha, onde se radicou em 1905 para dar continuidade ao seu aprendizado artístico nas Academias de Arte de Berlim e Dresden, experimentou ainda muito jovem a vivência como expatriado, tornando inevitável que o tema da diáspora atravessasse sua produção.
Ao longo de todas as décadas de seu trabalho, a condição das pessoas que se encontravam à deriva no mundo reaparece. O tema subjaz às obras que retratam emigrantes amontoados em conveses de navios, vítimas do pogrom, judeus e judias forçados a uma eterna caminhada em busca de uma terra em que pudessem viver em paz, sempre com o olhar solidário de quem conhecia de perto aquela situação.
Durante os anos finais de sua formação, Segall atravessou um angustiante momento de redefinição de suas convicções e, pondo em risco a viabilidade material de sua carreira e mesmo sua reputação profissional, abandonou os princípios tradicionais que lhe foram transmitidos nas Academias de arte.
Quando aderiu definitivamente à estética de vanguarda, suas obras começaram a ser aceitas em coleções públicas e privadas na Alemanha, especialmente a partir de 1917. Essa aceitação se intensificou com a implantação da República de Weimar, em 1919, que derrubou o regime imperial tradicionalista e abriu as portas dos museus aos que desafiavam as linguagens artísticas tradicionais.
Durante os 15 anos da República de Weimar, os museus alemães incorporaram cerca de 16 mil obras de arte de vanguarda e moderna aos seus acervos. Nesse período, cerca de 50 obras de Lasar Segall foram compradas por instituições públicas de toda a Alemanha e várias dezenas passaram a integrar importantes coleções particulares. O ciclo chegou ao fim em 1933, com a ascensão do nazismo, quando a arte moderna tornou-se alvo de perseguição.
Quase 50 obras de Lasar Segall foram confiscadas de museus da Alemanha (Essen e Dresden) pelo regime nazista, em nome de teorias estéticas antimodernas e arianizantes. Parte delas foi exibida na exposição "Arte degenerada" (Entartete Kunst) em 1937, em Munique.
Segall emigraria ainda diversas vezes ao longo de sua vida antes de se fixar definitivamente no Brasil, em 1923, pátria em que viveria suas últimas décadas. No país, incorporou-se ao nascente movimento modernista, sendo um de seus expoentes. Mais do que artista, era militante da arte moderna e assumiu a tarefa de convencer o público brasileiro da sua necessidade e legitimidade.
Durante a sua trajetória artística, Lasar Segall escreveu e publicou textos, proferiu conferências e, sobretudo, pintou, gravou e esculpiu incessantemente, buscando sempre manter-se fiel aos seus ideais estéticos.
O artista faleceu na cidade de São Paulo, em 1957, aos 68 anos, sendo reconhecido, já na ocasião, como um dos grandes nomes da arte moderna brasileira. O Museu Lasar Segall funciona na casa em que o artista viveu e é responsável por preservar a sua memória e produzir conhecimento sobre sua obra.