Segall/Brasil
07/06 a 03/08/2014
Naturalizei-me; o Brasil se tornou minha Pátria
Lasar Segall
Todavia observamos após sua chegada no Brasil três “instantes” em seus trabalhos […] O primeiro é sem dúvida o período mais ‘brasileiro’ na segunda metade dos anos 20, com a presença de cores vivas em sua pintura, observando-se até uma certa afinidade em determinado momento com a pintura melhor de Tarsila (como em Menino com lagartixas, por exemplo, ou em Paisagem brasileira, de 1925), nos quais a construção, a estruturação do quadro, é bem mais importante que sua ‘expressão’, afastando-se bastante, nestes anos, da pintura da dramaticidade expressionista alemã, visível embora nas artes gráficas, em particular, na série do Mangue.
Amaral, Aracy. Segall: um pintor europeu no Brasil. In: LASAR Segall: Antologia de textos nacionais sobre a obra e o artista. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1982. p. 108.
O Brasil revelou-me o milagre da cor e da luz
Lasar Segall
À paisagem colorida e iluminada do Brasil ele se entrega como que agradecendo a generosidade da nova pátria adotada, rompendo as amarras com o passado sombrio. Superado o impacto emocional do início, a exuberância de cores dos primeiros trabalhos brasileiros foi se acomodando ao temperamento intimista do pintor, surgindo uma pintura nova, mas com sua marca pessoal, inconfundível. Em contato com o Brasil seu expressionismo torna-se mais sereno, acentuando-se a tendência narrativa o arredondamento das formas. A marginalidade social e racial do negro brasileiro o comove a ponto de estabelecer com ele uma forte identificação. Em mais de um trabalho Segall pinta-se como negro. Encontro, de 1924, é um deles, e Autorretrato, de 1930, é outro. Além disso, o negro passa a ser assunto frequente em trabalhos das décadas de 20 e 30.
d’Horta, Vera. Lasar Segall e o Modernismo Paulista. São Paulo: Brasiliense, 1984, 81.