O corpo na pintura de Segall
25/07 a 27/09/2010
Os caminhos percorridos por Lasar Segall (1889 – 1957), desde o momento em que deixou a cidade natal de Vilna, na Lituânia, em 1906, para fazer sua formação artística na Alemanha, vindo desembarcar no Brasil em 1923, podem ser acompanhados de perto no roteiro proposto pelas catorze obras desta mostra.
São pinturas e uma escultura que representam a síntese do percurso poético de Segall – de início refletindo admiração libertária pelos impressionistas alemães, a seguir marcando lugar de destaque na geração dos jovens expressionistas, mais adiante vivenciando a mitologia de renascimento no Novo Mundo, traduzida pela identificação com os negros e com as cores e luzes das terras brasileiras, até chegar à pintura reflexiva e intimista dos anos 1940 e 50.
Durante os quatro anos em que viveu em Paris, de 1928 a 32, Segall começou a esculpir e essa experiência no manuseio da argila foi incorporada à pintura. Suas telas, desse momento em diante, passam a exibir uma matéria granulosa, resultante do acréscimo de areia à tinta a óleo, e as figuras também ganham corpo, exibindo formas arredondadas, solidamente ligadas à terra.
Seus temas são recorrentes: interiores, a figura humana em primeiro plano, um olhar compassivo sobre as questões sociais, a cumplicidade entre os seres, expressa no simbolismo das duas amigas, da maternidade, dos grupos de animais no campo.
Figurativo convicto, o encontro de Segall com a paisagem de Campos do Jordão é um encontro com a natureza enquanto ‘coisa’, como queria Cézanne. As montanhas e florestas repercutem no corpo de sua pintura, com a sutileza que pede o espírito, como memórias da infância vivida nos bosques de Vilna.