Métal – Germaine Krull
02/04 a 30/05/2016
Se a reimpressão de MÉTAL, depois de cinquenta anos, pode ter certa importância para a fotografia, torna-se necessário explicar aos leitores de hoje em que fase se encontrava a fotografia em 1926.
Nessa época, a fotografia servia para fazer fotos de casamentos, nos quais os grupos estavam muito bem-arrumados de acordo com as regras estritamente estabelecidas. Ou aqueles retratos em que o senhor, obrigatoriamente, tinha uma mão apoiada ou sobre a cadeira ou sobre a escrivaninha, e a outra mão em geral no colete. A senhora estava sentada de modo correto na cadeira, pés juntos, com um livro ou leque em suas mãos. A cabeça das personagens estava cuidadosamente alinhada por um colar de ferro escondido atrás da pessoa. Nos exteriores, fotografavam-se, às vezes, casas ou fábricas.
Tudo isso tinha de ser feito com grandes câmeras de madeira, montadas em tripés, e os negativos eram placas de vidro.
Além disso, havia fotógrafos amadores que ensaiavam seus talentos com algumas novidades, ou seja, pequenas câmeras de formato 9 × 12 cm, para fotos de família. A fotografia estava longe de ser uma profissão artística e também não tinha lugar no artesanato. Era simplesmente uma ocupação que devia trabalhar com regras bem estabelecidas.
A nova era, iniciada após 1914, revolucionou a arte e começou também a atacar o artesanato. Foi nesse período – entre 1922 e 1926 – que fiz as primeiras fotos de FERRO. Fascinada pelos gigantes nos portos de Rotterdam e Amsterdam, eu os fotografei da forma como foram vistos pelo meu olho.
Os guindastes, os elevadores de grãos, todas estas máquinas existiram sempre, só que ninguém teve a coragem nem o gosto ou a fascinação de vê-las, senti-las e representá-las.
Isso, é evidente, refere-se apenas à fotografia, porque sempre houve pintores de paisagens, portos ou barcos.
Não tive a intenção nem uma concepção especial quando fiz as fotos de ferros. Eu queria mostrar o que via, exatamente como o olho vê.
MÉTAL é uma coleção de fotos dessa época. MÉTAL iniciou uma nova era visual e abriu o caminho para um novo conceito em fotografia.
Se MÉTAL foi o ponto de partida que permitiu à fotografia se tornar uma ocupação artesanal e que fez do fotógrafo um artista, é porque MÉTAL fez parte desse novo movimento que nascia, dessa nova era que tocou a Arte como um todo.