Mário de Andrade e seus dois pintores: Lasar Segall e Candido Portinari
08/08 a 06/10/2015
Mário de Andrade (1893-1945) viveu entre os artistas de seu tempo. Porém, os seus dois pintores foram Lasar Segall (1889-1957) e Candido Portinari (1903-1962), não apenas porque revelaram tão profundamente a tipologia antagônica de sua personalidade, mas, principalmente, por encarnarem os heróis maiores da epopeia crítica marioandradiana.
Na cena artística brasileira dos anos 1930-1940, Segall e Portinari eram, em sua opinião, os que contavam mesmo. O Modernismo brasileiro, do qual Mário de Andrade foi um dos construtores, representou um momento em que gênios nacionais eram forjados e apontados responsáveis pela cristalização de uma imagética nacional. Mário buscava um paladino para o presente e o encontrou, primeiramente, em Lasar Segall, pintor europeu emigrado na década de 1920 que trazia para o Brasil sua significativa maturidade plástica, com a consequência de intensificar extraordinariamente a vida artística entre nós. No entanto, o ano de 1931 proporcionou a Mário de Andrade uma de suas confessas vaidades: a de descobrir colombicamente e com firmeza o jovem brasileiro Candido Portinari em meio ao Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Se até então Segall melhor cristalizava o ideal de artista proposto por Mário, subitamente Portinari passava a rivalizar com ele para a consecução do projeto de criação de uma arte genuinamente nacional.
A partir da “descoberta” de Portinari e à medida que este se consagrava como importante expoente do cenário e do mercado das artes plásticas brasileiras, Mário de Andrade começaria a viver “entre” os dois pintores. A competitividade entre os dois artistas, se não era certamente promovida ou causada por Mário de Andrade, sem dúvida passava também por ele, que tentava administrá-la, por vezes mitigando, por vezes fustigando. Nos últimos anos de sua vida, entretanto, as crônicas escritas sobre os seus pintores não eram mais cheques assinados em branco e a reavaliação crítica atingiu ambos ainda que a relação com Portinari e sua obra tenha saído ainda mais chamuscada. O momento era de profundas revisões, cujas consequências no pensamento marioandradiano não podem ser avaliadas com exatidão, já que sua morte colocou fim nesse processo.
Na exposição, a obra de Segall e Portinari é abordada a partir da lente da crítica de arte de Mário de Andrade e de suas relações pessoais com esses artistas. As ideias e opiniões de Mário guiam a seleção das obras, distribuidas em pequenos conjuntos, e a ele pertencem todos os textos de comentários que acompanham os trabalhos.
Anna Paola Baptista
Curadora
Serviço
Museu da Chácara do Céu
Rua Murtinho Nobre, 93. Santa Teresa. Rio de Janeiro
26 de maio a 27 de julho
Diariamente, exceto terças, das 12h às 17h
Museu Lasar Segall
Rua Berta, 111. Vila Mariana. São Paulo
8 de agosto a 5 de outubro
Funcionamento de Quarta a Segunda, das 11 às 19 horas