Macaparana – afinidades
09/06 a 06/08/2018
Como os pintores italianos do quattrocento, o artista José de Souza Oliveira Filho tomou de empréstimo o nome da cidade de seu nascimento, a pernambucana Macaparana. Apesar desse nome bastante musical lhe ter sido amigavelmente atribuído por seu amigo o artista Antonio Maluf e o historiador da arte Pietro Maria Bardi, Macaparana manteve-se fiel a sua origem, filho de alfaiate. Com um senso de espaço tão vigoroso quanto o plano de um padrão de uma vestimenta, de forte construção mental, seu trabalho tem como ponto de partida materiais como o papel e o papelão, suportes favoritos do artista, e que lembram, mais uma vez, sua origem: o avô do artista era fabricante de malas de papelão.
Ao longo dos anos, Macaparana desenvolveu um trabalho que se liberta da segunda dimensão e torna-se uma escultura de metal, ou então transmuta-se em painéis de madeira pintados, cortados, entalhados e perfurados, ocupando as paredes de museus e galerias.
Quando lancei o desafio a Macaparana de iniciar uma série de doze grandes desenhos, que ele nunca fizera antes, homenageando artistas que o acompanharam durante toda sua vida ele respondeu sem hesitação: “Fantástico!”.
Eu prossegui: “E poderíamos acompanhar essa nova série de desenhos com algumas obras representativas de sua coleção pessoal. Nomes como Josef Albers, Jean Arp, Almir Mavignier, Max Bill, Willys de Castro, assim como cerâmicas pré-colombianas das tribos Moche e Chimu, que interagem com o seu trabalho em termos de qualidades formais. O projeto está caminhando.”.
Reunindo uma série de desenhos inéditos, que focam em quarenta anos de prática sobre papel, e confrontando-a a alguns trabalhos de artistas que inspiraram o trabalho de Macaparana, a exposição propõe uma quebra na carreira do artista: um momento particular quando somos convidados a questionar certas transmissões. Não só o que um artista transmite a outro artista, mas também o que o artista transmite ao mundo.
Franck-James Marlot
Curador