Cálculo da expressão
24/04 a 10/07/2010
O Museu Lasar Segall tem priorizado parcerias com outras importantes instituições brasileiras. Foi assim que produzimos a mostra Os sonhos de Grete Stern, com itinerância destinada ao Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP) e ao Instituto Moreira Salles (IMS), na sede do Rio de Janeiro; de forma semelhante, recebemos Paul Strand: Olhar direto, exposição realizada pelo IMS.
Com o mesmo espírito, temos agora o privilégio de receber Cálculo da expressão, originalmente concebida pela Fundação Iberê Camargo, com a curadoria de Vera Beatriz Siqueira. A junção de três gravadores da melhor estirpe expressionista justifica a criação deste projeto: Oswaldo Goeldi, Lasar Segall e Iberê Camargo.
Oswaldo Goeldi foi definido por Aníbal Machado como “alguém que parece não pertencer quase à vida cotidiana, mas que é um côncavo de ressonância para as vibrações do mundo”. Não é a primeira vez que Goeldi é colocado lado a lado com o artista lituano, que ficou arrebatado a vida inteira pela temática da imigração e, desde sua “descoberta” do Brasil, pela negritude, hoje denominada de afro-brasilidade. A triangulação com Iberê Camargo é a maior contribuição desta mostra, uma vez que Iberê chegou a confessar “dilacerei-me para escapar das influências poderosas de Portinari, Segall e Utrillo”. A ostensiva ansiedade da influência é superada pela grandeza de sua gravura. Discípulo de Guignard, amigo de Goeldi e profundo admirador de sua obra, a inserção de Iberê Camargo permite tratá-lo, no melhor dos estilos borgeanos, como precursor de seus antecessores. O cotejo com Segall e Goeldi possibilita uma interpretação desdobrada do expressionismo no Brasil, que atinge no artista do Rio Grande do Sul um estágio intenso e original cuja leitura não pode prescindir da obra de seus antecessores.
Em Porto Alegre, às margens do rio Guaíba, o espaço privilegiado da Fundação Iberê Camargo, com arquitetura de Alvaro Siza, revelou uma estratégia seletiva muito representativa dos três artistas, com um total de 156 gravuras reproduzidas no catálogo; destas, 62 pertencem a Lasar Segall. Se por um lado a exposição em São Paulo ver-se-á reduzida por uma questão de limitação de espaço, por outro, a mostra de longa duração Lasar Segall – Retrospectiva, propiciará um olhar complementar do artista e do universo da própria gravura.
Jorge Schwartz
Marcelo Monzani
Curadoria: Vera Beatriz Siqueira