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Mostra do acervo do Museu Nacional de Belas Artes destaca o protagonismo negro nas artes visuais do século 18 à contemporaneidade
Detalhe da obra "Rasurando fidanza, da série Rasurando Fidanza" (2023), PV Dias
Pretagonismos** no acervo do Museu Nacional de Belas Artes reúne 105 obras de 59 artistas, 46 negros e 13 brancos, que retratam pessoas negras, para apresentar o protagonismo do artista negro neste acervo, que é um dos principais depositários do patrimônio artístico do país. O trabalho mais antigo data de 1780-1800 e o mais recente, de 2023.
O corpo curatorial da mostra – Amauri Dias, Ana Teles da Silva, Cláudia Rocha e Reginaldo Tobias de Oliveira, todos da equipe permanente do MNBA, quer frisar as trajetórias de luta, resiliência, transgressão e heroísmo desses negros em uma sociedade que ainda hoje é varada pelo racismo.
Pretagonismos abre ao público, na quinta-feira, 29 de agosto de 2024, na galeria do Espaço Cultural BNDES, selando o recente acordo de cooperação técnica entre o banco e o museu, que está em reforma física e conceitual desde o segundo semestre de 2019. Marca também a reabertura do espaço expositivo do BNDES, que estava fechado desde 2020.
“Já tínhamos reaberto o Espaço Cultural BNDES com uma programação de música às quintas e sextas e, agora, com a retomada das exposições de artes visuais, vamos levar ainda mais cultura gratuita à população”, afirmou o presidente do BNDES Aloizio Mercadante. “Essa exposição Pretagonismos, que reabre a galeria do Espaço Cultural BNDES, é muito emblemática, pois desafia e questiona os padrões de representação e coloca artistas negros no protagonismo da arte e da história. Tudo isso é motivo de orgulho para o BNDES, que busca promover uma sociedade mais justa e diversa,” completou.
“Esta mostra é mais um passo significativo na construção de uma narrativa inclusiva e justa no panorama artístico nacional que, diante das urgências contemporâneas, evidencia fissuras, forçando o olhar para uma noção de beleza e de poética mais integrativa”, propõe Daniela Matera, diretora do Museu Nacional de Belas Artes.
Até chegar à concepção desta exposição, os curadores aprofundaram a pesquisa que começou em 2018, com a mostra Das galés às galerias: representações e protagonismos do negro no acervo do MNBA, em que múltiplas interpretações do negro e do legado afro-brasileiro vão se constituindo na construção desta nação.
– Agora, queremos avançar no protagonismo de artistas negros, muitas vezes invisibilizados pelas instituições. Com Pretagonismos, aprofundamos a pesquisa sobre os protagonismos negros neste museu de origem acentuadamente eurocentrada, revela a curadoria.
A diretora do MNBA, Daniela Matera, reitera: “Predominantemente criados sob os modelos europeus, os museus brasileiros precisam se desafiar e se reavaliar, precisam ouvir (as vozes ancestrais), contribuindo para uma representação mais justa e equitativa de todas as culturas que compõem a história de um país”.
As investigações resultaram em exposições virtuais [início das obras do museu, seguidas pela pandemia], que impulsionaram a realização desta exposição, para ampliar o olhar sobre os artistas negros que integram a coleção do museu.
Na primeira mostra, a ênfase foi nas representações de negros. Agora, é o protagonismo negro no campo das artes visuais e na vida, sem esgotar a totalidade de artistas negros no acervo do MNBA.
Foram discutidos os pretagonismos possíveis numa sociedade que, desde sempre, relega o papel de objeto e não de sujeito ao povo negro no campo das artes. Apenas recentemente alguns artistas negros têm conseguido conquistar espaços consagrados nacionais e internacionais.
A curadoria organizou o percurso da exposição em núcleos não cronológicos:
- Mestres negros pioneiros;
- Nas brechas das representações: imagens e trajetórias de negros no acervo do Museu Nacional de Belas Artes;
- Entre a cátedra e o cativeiro: professores negros;
- Estevão Silva: transgressões e prenúncios da modernidade no MNBA e
- Decolonialidade em perspectiva: um olhar sobre os artistas negros desde a criação do MNBA;
**O neologismo “pretagonismo” foi apropriado de Rodrigo França e Jonathan Raymundo, para ressignificar o domínio que as pessoas negras possam ter sobre as suas próprias narrativas.
Artistas negros
1. Agnaldo dos Santos
2. Ana das Carrancas (Ana Leopoldina Santos Silva)
3. Antonio Bandeira
4. Armando Viana
5. Artur Timóteo da Costa
6. Brasiliense (Manuel Dias de Oliveira)
7. Brendon Reis
8. Chico Tabibuia
9. Cincinho (Inocêncio Alves dos Santos)
10. Emanuel Araújo
11. Estevão Silva
12. Fernando Diniz
13. Firmino Monteiro
14. Francisco Manuel Chaves Pinheiro
15. Grupo Cultural Benin
16. Guilherme Santos da Silva
17. Heitor dos Prazeres
18. Hélio Oliveira
19. Joaquim José da Natividade
20. José de Dome (José Antônio dos Santos)
21. Leôncio Vieira
22. Lídia Vieira
23. Louco Filho (Celestino Gama da Silva)
24. Manuel da Cunha
25. Manuel Messias
26. Marcos Roberto
27. Maria Auxiliadora Silva
28. Maria Lidia Magliani
29. Mestre Cândido
30. Mestre Valentim
31. Mestre Vitalino
32. Michel CENA7
33. Michel Onguer
34. Minelvino
35. Nhô Caboclo
36. Nice Nascimento
37. Otávio de Araújo
38. Panmela Castro
39. Pinto Bandeira
40. PV Dias
41. Rafael Frederico
42. Raimundo da Costa e Silva
43. Rubem Valentim
44. Tomás Santa Rosa
45. Valdomiro de Deus
46. Zé Igino (José Igino da Cruz)
Artistas brancos
1. Pedro Américo
2. Jorge Campos
3. Hostílio Dantas
4. João Batista Ferri
5. Margarida Lopes de Almeida
6. Rodolfo Bernardelli
7. Emil Bauch
8. Johann Moritz Rugendas e Victor Adam
9. Desmons e Paul de Saint-Martin
10. Emma Mouroux
11. Rodolfo Amoedo
12. José Correia de Lima
13. Modesto Brocos
Serviço
Pretagonismos no acervo do Museu Nacional de Belas Artes
De 29 de agosto de 2024 a 14 de fevereiro de 2025
Espaço Cultural BNDES
Av. Chile 100 – Centro – Rio de Janeiro
Segunda a sexta, 10 – 19h
Classificação Livre
Entrada gratuita