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Artista indígena Xadalu faz residência artística no MNBA
O artista indígena Xadalu Tupã Jekupé faz uma residência artística em uma das salas do Museu Nacional de Belas Artes [MNBA], Rio de Janeiro. O trabalho que resultar desta residência será doado ao MNBA.
Como artista indígena, nascido no leste do pampa gaúcho, Xadalu descreve seu trabalho como questionador da História, buscando sua releitura decolonial, mas usando o suporte das imagens coloniais que estão disponíveis em livros e nas pinturas da coleção do Museu Nacional de Belas Artes.
– Para mim é um privilégio imenso e um sonho trabalhar dentro do MNBA, para fazer esse trabalho e contar a história do meu povo em uma narrativa que ainda não foi vista, e trazer o pensamento do povo da terra para dentro do museu, para espaços educativos e outros.
Xadalu propõe o questionamento do processo de catequização imposta pelo invasor com uma releitura em pintura, a “arte indígena contemporânea”, como ele descreve.
Durante a residência no MNBA, a intenção do artista é fazer uma ligação entre o espírito do homem e os objetos coloniais, pelos quais havia apego sentimental e de fé. “É o barroco jesuíta guarani agora com roupagem de pintura indígena contemporânea”, define Xadalu.
O artista avalia, porém, que sendo uma residência, é preciso deixar a linha de pensamento aberta, porque haverá modificações a todo momento.
Para a diretora Daniela Matera, a residência artística de Xadalu, com a possibilidade de visitação pública, “é um prelúdio para reabertura do Museu Nacional de Belas Artes, que terá uma exposição individual do artista”. Matera prevê para o futuro próximo uma atualização “da importância do MNBA no cenário cultural do Brasil, tornando-o uma instituição mais aberta, engajada socialmente, plural e porosa, ampliando seu alcance para a cultura dos séculos XX e XXI, para acolher as múltiplas histórias contadas e manifestadas através da Arte”.
Minibio de Xadalu
Xadalu Tupã Jekupé é um artista indígena. Nascido em Alegrete [RS], no pampa gaúcho, tem sua origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã, na antiga terra Ararenguá: os Guarani Mbyá, Charrua, Minuano, Jaros e Mbone. O artista trabalha com serigrafia, pintura, fotografia e diversos objetos para abordar a tensão entre a cultura indígena e ocidental nas cidades, tendo sua pesquisa voltada aos processos coloniais de catequização dos povos nativos. Xadalu tem obras nos acervos do Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Museu de Arte Moderna de São Paulo (SP) e Museu Nacional (RJ), entre outros. Como artista residente, já esteve na França, Espanha, Itália e no território Mapuche, no Chile, pela 35ª Bienal de São Paulo [2023], entre outros.