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O evento foi viabilizado depois de sete anos, inovando com a ocupação da cidade de Fortaleza
Primeiro dia 8º Fórum Nacional de Museus reuniu cerca de mil participantes
Foto: Jeny Sousa
Na segunda-feira, 25 de novembro, a capital cearense deu início ao 8º Fórum Nacional de Museus, evento de grande importância para o setor museológico brasileiro, que contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes; a presidenta do Ibram, Fernanda Castro; o reitor da Universidade Federal do Ceará, Custódio Almeida; a Secretária Cultura do Estado do Ceará, Luisa Cela; o representante da Petrobras Cultural, Eduardo Fonseca Meireles, entre outros nomes importantes para a museologia.
Na solenidade oficial de abertura, a presidente do Ibram disse se tratar de um dia ansiosamente esperado por todos. “Depois de sete anos de espera, uma ameaça de extinção, uma pandemia e de um governo inominável, nos encontramos novamente para construir política cultural deste país”.
Aos colegas servidores do Ibram, Fernanda Castro dedicou gratidão, admiração, compromisso e orgulho, reforçando o potencial da mais jovem autarquia do Ministério da Cultura: “Enquanto setor, comprovamos que somos gigantes”. Ela também destacou que as políticas do setor de museus e memórias são feitas de baixo para cima e que o Fórum Nacional de Museus é um foro privilegiado de debates e construção dessas políticas pelos agentes de memória, instituições e pelo poder público.
Fernanda informou, ainda, que durante o Fórum haverá a apresentação dos resultados das consultas públicas de criação do sistema de participação social do Ibram e sobre a política de economia de museus. E anunciou o lançamento de novos dispositivos e plataformas de participação da sociedade civil, do cadastro de Pontos de Memória, entre outras iniciativas. “Essa é a nossa principal diretriz: fazer políticas de museus, para os museus e com os museus, com os agentes do campo de forma participativa e democrática e sabemos o tamanho do desafio”, declarou.
A ministra Margareth Menezes afirmou que o tema desse Fórum, que é Democracia e Direito à Memória, reforça o papel da Cultura e dos esforços dos espaços museais para o seu fortalecimento. “No cenário em que nos encontramos, precisamos resistir e investir na defesa da consolidação da democracia no nosso país. O setor museal existe para além de 4 mil museus e pontos de memórias já mapeados, mas é formado também por uma rede de movimentos coletivos para desenvolver ações que são construídas há mais de dois séculos no nosso país”, relatou.
Ela afirmou também que o Sistema Brasileiro de Museus tem sido a retomada do fortalecimento da participação social no processo de construção, debate, reflexão e implementação de políticas públicas. “A partir do Plano Nacional Setorial de Museus, poderemos ter uma maior aderência com outras políticas, como a Lei de Rouanet e a Política Nacional Aldir Blanc, garantindo que os recursos sejam distribuídos de maneira mais eficiente, com mais atenção para as necessidades dos museus e dos pontos de memórias, com seus territórios e suas comunidades”.
A ministra reforçou que para a área museal, a presidente Fernanda Castro tem mostrado uma gestão ativa, ampliando e fortalecendo as ações de parceria do Ibram e também a parabenizou pela iniciativa de realização do Fórum de estar ocupando diversos espaços da cidade de Fortaleza. “Esse é um grande diferencial, quando se consegue envolver a sociedade com uma ação de cultura com essa dimensão”.
A cerimônia oficial da abertura ocorreu no início da noite, mas outras atividades foram realizadas ao longo do dia, reunindo os cerca de mil participantes, num público composto de profissionais de museus, gestores, pesquisadores e estudantes da área.
O novo PNSM
O dia começou com a palestra “O novo Plano Nacional Setorial de Museus e a consolidação do Sistema Brasileiro de Museus”. Na palestra realizada no Cine Teatro São Luiz, a presidenta do Ibram, Fernanda Castro, destacou para um auditório lotado que o PNSM será a principal entrega do evento: os participantes irão construir e votar a proposta final do Plano, que será válido de 2025 a 2035.
A minuta do plano foi elaborada coletivamente, ao longo de quase 5 meses, a partir de contribuições de 34 eventos realizados em 21 estados e em 13 reuniões autogestionadas de associações, redes, movimentos, instituições de ensino e museus. “Essa construção democrática mobilizou cerca de 1.300 participantes e resultou em mais de 700 contribuições ao PNSM, o que demonstra de modo inequívoco a força, a mobilização e a capacidade de formulação do setor museal brasileiro”, destacou Fernanda. Para ela, a minuta é um documento "forte, coerente e sintético" que reflete o que a sociedade está demandando: “A gente quer museus democráticos, mas também museus democratizantes, que atuem para um mundo mais justo e igualitário”.
Teia da Memória
No período da tarde do 8º Fórum Nacional de Museus, foi realizada a V Teia da Memória, com o tema central de fortalecimento da participação social. Os integrantes da mesa reforçaram que a memória não é apenas um direito, mas também um dever a ser garantido pelo Estado.
Ao falar sobre a Política Cultura Viva, João Pontes destacou a quebra de paradigma que essa normativa proporcionou, uma vez que partiu do entendimento que todos nós somos seres culturais. Nesse sentido, o papel das políticas públicas do setor não seria o de levar a cultura para o território e, sim, reconhecer e valorizar agentes culturais.
O segundo convidado, Alexandre Gomes aprofundou o debate sobre a participação popular e mostrou como a questão está sendo tratada no âmbito institucional pelo Ibram. Em sua apresentação, mostrou a proposta de constituição do Sistema de Participação Social, que abarca desde a criação de colegiados e conselhos à sistematização de normativas para o campo museal.
Uma nova ferramenta presente na plataforma MuseusBr, desenvolvida pelo Ibram, foi apresentada no evento. Agora, a página passa a ser um repositório importante de informações sobre 494 pontos de memória brasileiros. O resultado do trabalho de recuperação e integração desses dados antes dispersos e, em boa parte, inacessíveis ao público em geral pode ser consultado por meio do link cadastro.museus.gov.br.
Democracia e direito à memória
Logo após a cerimônia oficial de abertura, foi realizada a mesa-redonda “Democracia e direito à memória”, que contou com a participação de Maria das Graças Alves Santana, servidora aposentada do Museu Paraense Emílio Goeldi e membra da Coordenação do Fórum de Museus da Amazônia; - Daiara Tukano, artista Visual, mestre em Direitos Humanos e conselheira Nacional de Cultura representando os povos indígenas; Ana Paula Feminella, da Secretaria Nacional de Direito da Pessoa com Deficiência; e, Jones Fernando, educador e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra.
Fruto de uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), o 8º Fórum Nacional de Museus é um projeto financiado pela Lei do Incentivo à Cultura e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Cultural, e pelo Instituto Cultural Vale.
Com uma programação diversificada, o 8º Fórum Nacional de Museus se estenderá até a sexta-feira, 29 de novembro, ocupando diversos equipamentos culturais da cidade de Fortaleza, e promete ser um espaço de troca de experiências e de fortalecimento das políticas públicas para os museus brasileiros.
Mais informações sobre o 8º Fórum Nacional de Museus podem ser encontradas no site oficial do evento ou nas redes sociais do Ibram.
Acesse aqui as fotos oficiais do evento.