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Museu Victor Meirelles promove a exposição “Da arte à nação: construções"
Na sexta-feira, 19, o Museu Victor Meirelles/Ibram inaugurou a exposição Da arte à nação: construções, mostra alusiva aos 200 anos da Independência do Brasil. Em cartaz, textos e obras que apresentam o artista sugerem reflexões sobre o processo artístico da Academia Imperial de Belas Artes e sobre o papel das pinturas de batalhas. A visitação é gratuita e acontece de terça-feira a sexta-feira, das 10 às 18h, e aos sábados, das 10 às 15h, exceto feriados.
A exposição é composta por três módulos. O primeiro traz aspectos biográficos do artista, considerado um dos grandes nomes da pintura brasileira e, conforme Antônio Parreiras, um dos nomes que inaugurou "a genuína arte nacional”. Na Academia Imperial de Belas Artes, Victor Meirelles se destacou como estudante e como mestre de pintura histórica.
O segundo módulo apresenta o processo de construção da arte acadêmica por meio do estudo da técnica, tanto no desenho quanto na pintura. Nele, o público pode conferir pela primeira vez a Natureza Morta de autoria de Victor Meirelles que foi doada ao museu pela professora Marietinha Monteiro em junho de 2022 e restaurada por Luiz Fernando Abreu, do Laboratório de Conservação e Restauro do Museu Histórico Nacional.
O terceiro módulo traz estudos e esboços das cenas de duas guerras retratadas por Victor Meirelles e que têm grande importância na construção dos discursos sobre a nação brasileira: a Batalha dos Guararapes, episódio da expulsão dos holandeses do Brasil pela atuação de um exército “brasileiro”, que a historiografia oficial apresenta como formado por portugueses, indígenas e negros e a Guerra da Tríplice Aliança (ou Guerra do Paraguai), último conflito sistêmico enfrentado pelo Império Brasileiro, marco da formação do exército e princípio da grave crise econômica, social e política que levou à queda do Império e à proclamação da República.
No terceiro módulo, destacam-se dois retratos, pintados por Meirelles sob encomenda: o retrato do Almirante João Mendes Salgado, o Barão de Corumbá, e o de Thereza Maria de Azevedo Salgado, a Baronesa de Corumbá. Essas duas obras permanecem no museu pelos próximos cinco anos, em regime de comodato, emprestadas por Augusto Carneiro, herdeiro do casal. O objetivo do recebimento dos bens museológicos é expô-los à sociedade com o fim de cumprir a missão institucional de preservar, pesquisar e divulgar a vida e obra de Victor Meirelles.
Victor Meirelles de Lima
Victor Meirelles de Lima nasceu em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, em 18 de agosto de 1832, filho do imigrante português Antônio Meirelles de Lima e da brasileira Maria da Conceição.
Pintor, desenhista e professor começou sua trajetória precocemente. Frequentou a Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro e aos vinte anos conquistou o Prêmio Especial de Viagem à Europa. De 1853 a 1861, viveu primeiro na Itália e em seguida na França, onde se dedicou ao estudo e ao trabalho.
Autor de quadros históricos, retratos, panoramas e da mais popular das telas brasileiras “Primeira Missa no Brasil”, exposta no Salão de Paris em 1861 (obra pertencente ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes/Ibram), Victor Meirelles deixou minuciosos esboços, estudos em papel e óleos sobre tela. O artista faleceu no Rio de Janeiro em 22 de fevereiro de 1903.