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Ibram divulga publicações de avaliação de impacto socioeconômico de museus no Brasil
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) apresenta os resultados do projeto para elaboração e aplicação da pesquisa “Modelo Metodológico de Estudo e Valoração do Impacto Socioeconômico dos Museus Aplicado à Realidade Brasileira” desenvolvido entre os anos de 2018 e 2021.
Com o propósito de acompanhar os debates nacionais e internacionais sobre a atuação dos museus, que defendem concepções multidimensionais dos impactos gerados pelas organizações museais e de incorporar os conhecimentos de profissionais do setor museal, especialistas e outros envolvidos locais, a pesquisa utilizou uma metodologia híbrida, empregou um método de análise quantitativo e outro qualitativo, respectivamente, a análise múltipla e o método Delphi.
As obras Avaliação do Impacto Socioeconômico de Museus no Brasil: um estudo exploratório e Manual para avaliação de impactos socioeconômicos dos museus brasileiros são fruto de uma parceria estabelecida com o Núcleo de Estudos em Economia Criativa e da Cultura (Neccult) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ambas publicações fazem parte da Coleção Museu, Economia e Sustentabilidade do Ibram. Desde 2014, o selo integra o programa editorial do Ibram e visa à publicação de dissertações, teses, ensaios e pesquisas que tratem das relações entre museus, processos museais, gestão, economia e sustentabilidade.
A análise teve como objetivo avaliar a inserção econômica de quatro organizações museais: o Museu Imperial (Petrópolis/RJ); a Fundação Casa Grande − Memorial do Homem Kariri (Nova Olinda/CE); o Museu do Diamante (Diamantina/MG); e o Museu do Doce da Universidade Federal de Pelotas (Pelotas/RS). Para isso, foram analisados aspectos ligados ao mercado de trabalho, à dinamização da economia local e à contribuição das organizações para as políticas públicas culturais das cidades. Em geral, todas as organizações museais demonstraram ter impacto agregado positivo sobre o mercado de trabalho dos setores culturais e criativos de suas respectivas cidades.
Segundo a obra Avaliação do Impacto Socioeconômico de Museus no Brasil, o resultado reforça o papel dos museus como centro do processo de desenvolvimento das atividades culturais em determinado espaço geográfico. Isso vale tanto pela escala que suas atividades demandam, quanto pelas relações que podem estabelecer com outros setores culturais e criativos.
Cabe ressaltar que o Museu do Diamante e o Museu Imperial se destacam pela homogeneidade do seu efeito positivo sobre o mercado de trabalho, bem como pela elevada contribuição à formação de hábitos culturais. O Museu da Fundação Casa Grande, por sua vez, destaca-se pelo alto peso relativo que desfruta na economia local, em linha com seu papel social original. No caso do Museu do Doce, ainda que a análise tenha sido parcialmente prejudicada pela ausência de algumas informações, sublinha-se a elevada qualificação e remuneração dos seus ocupados diretos.
Em relação à composição da mão de obra desses museus, observa-se uma utilização dos profissionais com ensino superior completo em atividades compatíveis com sua formação acadêmica, em termos das atividades atribuídas a essas ocupações. Nos quatro museus considerados, há predominância de ocupados diretos com ensino superior completo, quando comparamos aos ocupados totais. Os cargos de ocupação direta também concentram as atividades que dependem de maior qualificação, uma vez que são ocupações técnicas, de gerenciamento e relacionadas aos serviços prestados pelos museus.
O emprego de mulheres, todavia, possui resultados divergentes. O Museu do Diamante apresenta grande participação de mão de obra feminina qualificada, todavia também apresenta maior participação relativa de mulheres em atividades terceirizadas que dependem de menor qualificação profissional. O Museu Imperial, ainda que em termos relativos concentre maior participação feminina nas atividades diretas do museu, possui pequena participação feminina no total da força de trabalho empregada.
O Museu da Fundação Casa Grande apresenta uma boa composição relativa do emprego de mulheres em atividades que exigem qualificação. O Museu do Doce não emprega mulheres em ocupações diretas (de maior qualificação profissional).
Quanto aos desafios das organizações analisadas, o Museu Imperial e o Museu do Doce devem prestar atenção na composição da força de trabalho, ampliando a participação feminina. Por outro lado, o Museu da Fundação Casa Grande e o Museu do Doce parecem demandar, respectivamente, aumento do valor investido na força de trabalho e na sua remuneração.
Já o método Delphi, essencialmente qualitativo, permitiu a inclusão de conhecimentos de especialistas, gestores e usuários dos serviços e equipamentos culturais quanto aos impactos das organizações museais. O método vem sendo utilizado para a avaliação de impactos socioeconômicos de museus e sua aplicação é composta por, basicamente, duas rodadas de pesquisa: na primeira, são aplicados questionários abertos junto aos grupos definidos para a pesquisa, a fim de mapear os impactos observados por eles; na segunda, são testadas afirmações elaboradas a partir das respostas obtidas anteriormente, e são considerados significativos os impactos que obtiverem 65% ou mais de concordância entre os respondentes (isto é, 65% ou mais de respostas “concordo” ou “concordo totalmente” na escala Likert utilizada nos questionários.
Na abordagem, foram utilizados como estudos de caso cinco museus brasileiros: o Museu Casa de Cora Coralina (Goiás/GO); o Museu Imperial (Petrópolis/RJ); a Fundação Casa Grande − Memorial do Homem Kariri (Nova Olinda/CE); o Museu do Diamante (Diamantina/MT); e o Museu do Doce da Universidade Federal de Pelotas (Pelotas/ RS).
A Avaliação do Impacto Socioeconômico de Museus no Brasil pode ser lida por meio do link.