Bloco Comemorativo - Selos
O bloco postal do centenário da Semana de Arte moderna conta com 4 selos, representando 4 pilares distintos, com as principais expressões presentes no evento: literatura, artes plásticas, música e arquitetura. Na parte externa, também são simbolizados inúmeros signos que remetem à arte modernista e aos seus representantes. A ideia motivadora deste projeto era conectar a Semana de 1922 com o presente, buscando, por meio de releituras, uma interpretação de como a estética e as temáticas das obras modernistas podem ser traduzidas para a atualidade. Inspirados no conceito de Oswald de Andrade, os artistas dos selos buscaram “antropofagizar” os modernistas, expandindo e repensando seus conceitos para o Brasil contemporâneo. A parte externa do bloco traz centralizada uma árvore inspirada naquela que Di Cavalcanti desenhou para o cartaz da Semana. No original, a árvore era um broto. Já nesta releitura, ela cresceu, deu frutos e fincou raízes, demonstrando a continuidade do movimento modernista na atualidade, agora sob novas perspectivas, diferentes das originais. No fundo, em prata, consta um mosaico com elementos múltiplos, remetendo à diversidade brasileira. Há padrões Yorubá, símbolos do calçadão do Rio de Janeiro e das calçadas de São Paulo, inscrições das cerâmicas marajoaras, desenhos presentes em azulejos de São Luís/MA e em azulejos de Cândido Portinari presentes na igreja de São Francisco na Pampulha. As paisagens que conectam os selos, urbanas e rurais, são inspiradas em Tarsila do Amaral. |
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No pilar da literatura, a arte é composta por desenhos inspirados em Carybé que, em 1943, ilustrou uma das edições de Macunaíma, de Mário de Andrade. A personagem principal aparece deitada nos óculos do autor. Por mais que Macunaíma tenha seus limites, por ter sido escrito em uma determinada época e por um autor de elite, podemos pensar como a relação do personagem principal com a vida é diferente do modelo ocidental utilitarista que permeia os dias atuais. A respeito desta diferença, o autor e ativista da causa indígena Ailton Krenak, afirma: O pensamento vazio dos brancos não consegue conviver com a ideia de viver à toa no mundo, acham que o trabalho é a razão da existência. Eles escravizaram tanto os outros que agora precisam escravizar a si mesmos. Não podem parar e experimentar a vida como um dom e o mundo como um lugar maravilhoso.(...) Eles ficam horrorizados com isso, e dizem que somos preguiçosos, que não quisemos nos civilizar. Como se “civilizar-se” fosse um destino. Isso é uma religião lá deles: a religião da civilização. Mudam de repertório, mas repetem a dança, e a coreografia é a mesma: um pisar duro sobre a terra. A nossa é pisar leve, bem leve. Ailton Krenak, A vida não é útil. |
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Nas artes plásticas, foi feito uma homenagem a Zina Aita, artista mineira que participou da Semana de 1922. O selo foi inspirado no quadro “A sombra”. No original, é possível ver homens trabalhando, sendo que a autora claramente demonstra a questão do trabalho difícil e explorador ao qual a população negra é submetida. No selo, vê-se motoboys, entregadores, classe trabalhadora que, atualmente, atua arduamente nos centros urbanos, muitas vezes sem direitos trabalhistas garantidos. |
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O alicerce da música tem como inspiração principal a música de “O Trenzinho do Caipira” de Heitor Villa-Lobos. Esteticamente, o selo conversa com as obras de Anita Malfatti. |
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Em arquitetura, são apresentadas duas construções que ligam o passado e o presente modernista: O Teatro Municipal e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP). Esta última instituição, além de contar com diversas obras modernistas em seu acervo, é, em si, um projeto arquitetônico do modernismo, idealizado por Lina Bo Bardi. |