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Um patrimônio de 120 anos - Parque Zoobotânico do Museu Goeldi
Agência Museu Goeldi - No esquema da vida corrida de um grande centro urbano como Belém do Pará, o Parque Zoobotânico do MPEG, que completa 120 anos em agosto de 2015, segue como uma referência para mergulhar na cultura e natureza amazônica. Anualmente, cerca de 300 mil visitantes por ano se espalham nos 5,4 hectares do Parque, localizado no centro da capital paraense. Um quarteirão verde que faz parte da geografia da cidade, influenciando o microclima local ao diminuir a temperatura em 3 graus.
Em celebração a data, uma serie de atividades estão sendo realizadas no Parque do Goeldi ate o dia 30 de agosto, quando a programação de oficinas, palestras e atividades culturais encerra com uma feira de artesanato, exposições e mais apresentações culturais.
No último domingo, 16, por exemplo, o público pode conferir uma apresentação especial do projeto de teatro e educação ambiental “Programa Natureza” e as ações do projeto de comunicação “Viva Amazônia”, uma realização da Escola da Biodiversidade do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia.
Alexandre Shinji Takeda, de 3 anos, foi o primeiro a chegar à tenda do projeto “Viva Amazônia”, montada no parque Zoobotânico. Ele saiu satisfeito com sua miniatura da Ariranha Erê, mas teve uma ressalva a fazer: sentiu falta de peixes entre os animais em miniatura. “Ele está nessa fase de gostar de peixes”, explica rindo a mãe dele, Alexandra Takeda. Ela conta que adorou a manha de atividades educativas no Parque Zoobotânico: “É ótimo aproveitar momentos em que pais e filhos estão juntos, pois os filhos acabam ensinando aos pais e podemos começar a dar mais valor ao meio ambiente juntos”.
Patrimônio - Qualquer morador de Belém, ao ouvir a palavra “museu”, provavelmente lembrará do Goeldi, apesar de serem muitos os museus da capital do Pará. A arquiteta Karol Gillet Soares, mestre em História pela Universidade Federal do Pará – UFPA, avalia que o Museu Goeldi é uma das instituições brasileiras em que o imaginário popular local faz essa associação com mais instantaneidade e espontaneidade.
Geração após geração, moradores e turistas de Belém caminham por este patrimônio, criando laços e um repertório de assuntos e imagens da vida regional. A pedagoga aposentada Risoleide Chaar Bahia é uma dessas pessoas. “Desde criança sou apaixonada pelo Museu. Valorizo cada centímetro desse parque. Tudo era motivo para vir aqui com meus primos”. Agora, já com três filhos e três netos e após viver 20 anos na cidade de Fortaleza (CE), Risoleide diz que resolveu voltar para Belém, pois é aqui que estão suas raízes. Parte delas, com certeza, plantadas no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi: “Venho sempre aqui para recarregar as energias”.
Para o futuro, Risoleide deseja que o Parque do Goeldi invista cada vez mais em acessibilidade “Rampas, espaços para cadeirantes. Tudo isso nós precisamos, ainda mais depois de certa idade”, ela brinca, indicando as próprias costas.
120 anos de história – O roteiro de visitação do Parque Zoobotânico do Goeldi inclui mais de mil plantas e animais monitorados, monumentos, prédios históricos e espaços expositivos, que dão acesso a uma gama de assuntos investigados pelo Museu Goeldi em diferentes partes do bioma amazônico.
O Parque foi criado em 1895, quando o naturalista suíço Emilio Goeldi transferiu as atividades do Museu Paraense (criado em 1866 como Associação Philomática) para uma “rocinha” (casas de campo típica das elites da época) localizada na área rural da cidade de Belém. Além da organização e exposição das coleções científicas no prédio símbolo da instituição – a Rocinha -, o então diretor Emilio Goeldi se empenhou na construção de um jardim botânico e um zoológico, seguindo padrões europeizados. Ao surgir, o Zoobotânico do Museu Paraense foi o primeiro do seu gênero no território nacional e tornou este museu um dos mais visitados do país.
Desde o início, o Parque contou com o interesse massivo do público. Em 1900, por exemplo, Belém tinha cerca de 100 mil habitantes e 90% dessa população frequentava o Museu Goeldi, segundo o historiador Nelson Sanjad. E mesmo com a escassez de recursos, tanto do declínio da economia da borracha como de outros momentos econômicos, o Parque Zoobotânico do Goeldi continuou sendo muito visitado, figurando no final da década de 1930 como o melhor zoológico brasileiro, de acordo com revistas especializadas.
O Parque do Museu Goeldi já atravessou diferentes fases e teve que enfrentar muitos desafios, como o envelhecimento de sua infraestrutura e a degradação ambiental provocada pelo crescimento urbano. Apesar disso, continua sendo uma grande atração popular. No século XXI, o Zoobotânico continua sendo referência em seu campo. Em 2013, foi considerado pelo Ministério do Turismo como um dos 65 destinos turísticos indutores do desenvolvimento turístico regional no Brasil.
Museu Vivo - Para fugir da ideia de espaços estáticos e opressores, típicos do final do século XIX, o MPEG e outras instituições pelo mundo investem no conceito de Museu Vivo. A ideia é que o espaço do parque zoobotânico, e por meio dele as atividades de pesquisa da instituição como um todo, possam ser áreas contíguas ao cotidiano da população amazônica.
A vida floresce em todos os quadrantes do Zoobotânico. Seu acervo de plantas e animais se reproduz, seguindo um ciclo biológico. As pessoas ressignificam o espaço constantemente. Através de seu Parque Zoobotânico, o Museu Goeldi mexe com a mente, o corpo e o coração de diversos públicos.
A estrutura centenária do Zoobotânico do Goeldi fala sobre várias coisas. Fala sobre diferentes camadas de tempo sobrepostas. Fala sobre uma instituição científica que se reinventa há 149 anos, sempre tentando atender a novas necessidades, equilibrando-se entre seu papel de pesquisa, de comunicadora da ciência e de espaço que atende a um público que sempre muda.
Heloisa Helena da Costa, da Universidade Federal da Bahia - UFBA, considera que a cidade e seus espaços são como um organismo vivo, e como tal expressam diferentes desejos e sentidos, “conversam com os seus habitantes por meio de várias linguagens”. O Museu Goeldi expressa essa dinâmica em todas as suas bases físicas, mas nenhuma de forma tão emblemática como o Parque Zoobotânico.
Como um Museu Vivo, a instituição dialoga com o público escolar através de das atividades educativas, como o “Clube do Pesquisador Mirim”, clube de férias, a coleção didático-científica, o projeto Valorização do Saber do Idoso, ações interativas presenciais e virtuais, de projetos de extensão junto a populações tradicionais e indígenas, produtores rurais e gestores de todas as esferas, junto as comunidades da Flona de Caxiuanã e das ações desenvolvidas desde a década de 80 em parceria com centros comunitários da Terra Firme, periferia de Belém. São 420 escolas e 110 comunidades atendidas.
Programação – O aniversários dos 120 anos do Parque Zoobotânico oferece palestras, ações artísticas e oficinas que seguem até o dia 30 de agosto. Nesta quinta feira, iniciou a oficina “A fauna do Parque Zoobotânico em vitrais”, voltada para a terceira idade. Já no dia 23, o publico poderá interagir com a instalação artística “Árvore dos Sonhos”. E nos dias 25 e 27, participar do Ciclo de Palestras sobre a fauna e flora do Parque. A programação encerra no dia 30, na Expo-Feira Arte Goeldi, com a venda de artesanato, comidas típicas e ações de formação.
A programação convida o público para conhecer e se apropriar do espaço, entender e fiscalizar sua evolução e, por fim, contribuir para sua conservação. A disponibilização de informações científicas e a sensibilização provocada pelo contato com a natureza e elementos da cultura material amazônica procura estimular que a comunidade construa conhecimentos e os utilize para viver melhor e com mais responsabilidade por seu próprio futuro.
Durante a programação de aniversário do Zoobotânico, a instituição também pretende responder algumas das indagações do público visitante sobre áreas interditadas e reformas em andamento.
O Museu Goeldi – Fundado em 1866, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) é a mais antiga instituição científica da Amazônia e um dos maiores museus de história natural do Brasil. Suas linhas de pesquisa são organizadas em quatro coordenações: Ciências da Terra e Ecologia, Botânica, Zoologia e Ciências Humanas. Oferece, junto com seus parceiros, 6 cursos de Pós-Graduação. Além de seu Parque Zoobotânico, conta também com um Campus de Pesquisa em Belem (PA) e uma Estação Cientifica na Floresta Nacional de Caxiuana (PA).
Texto: Uriel Pinho
Serviço:
Programação no Parque Zoobotânico
Av. Magalhães Barata, 376, São Braz
20 e 27/08, Manhã - das 9h às 11h30
Oficina “A fauna do Parque Zoobotânico em vitrais”
Ministrantes: Me. Antônio Messias (Museu Goeldi), Esp. Filomena Secco (Museu Goeldi) e Esp. Izabel Cristina (FUNPAPA)
Público: Terceira idade
Local:Coleção Didática
Inscrição: Sala de atendimento da Coleção Didática
Fone: (91) 3182-3216
23/08, Manhã – 09h às 12h
Árvore dos Sonhos
Público: visitantes
Local: Espaço Raízes (Bambuzal)
25/08, Manhã
Palestras
Local: Auditório Alexandre Ferreira Penna
9h
Cada Macaco no seu Galho
Ministrante: Me. .Andre Ravetta (Museu Goeldi)
Público: Estudantes, professores e interessados no assunto
10h
O Parque Zoobotânico é muito mais do que parece
Ministrantes: Me. Antonio Messias Costa (Museu Goeldi)
Público: Estudantes, professores e interessados no assunto
27/08, Manhã – 9h
A Importância das coleções ex-situ em jardins botânicos
Ministrantes: Dr. Pedro Viana (Museu Goeldi)
Público: Estudantes, professores e interessados no assunto
Local: Auditório Alexandre Ferreira Penna
27/08, Tarde – 14h30
Plantas com potencial paisagístico
Ministrante: Dr. Natalino Correia (Paraíso Verde)
Público: Estudantes, professores e interessados no assunto
Local: Auditório Alexandre Ferreira Penna
30/08, Manhã – 9h
Expo-feira Arte Goeldi
Público: Visitantes
Local: Espaço Raízes (Bambuzal), no Parque Zoobotânico
Contação de histórias com Movimento de Contadores de História da Amazônia
Público: Visitantes
Local: Espaço Raízes (Bambuzal), no Parque Zoobotânico