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Um estudo extenso da mitigação climática auxilia estimar processos ambientais
Agência Museu Goeldi – O artigo “Carbon sequestration potential of second-growth forest regeneration in the Latin American tropics (O potencial de sequestro de carbono da regeneração de florestas secundárias nos trópicos da América Latina)”, publicado na edição de 13 de maio da revista Science Advances , revela a importância da conservação da floresta na América Latina para a mitigação do clima, quantificando o sequestro de carbono – processo de remoção de gás carbônico da atmosfera através da fotossíntese.
Trabalhando em conjunto com a Rede Internacional “Secondary Forests” (Florestas Secundárias), cientistas sob a coordenação da Professora de Ecologia e Evolução da Universidade de Connecticut (EUA) e coordenadora do projeto PARTNERS Reforestation Network, Robin Chazdon modelaram áreas florestais para projetar o estoque potencial de carbono ao longo de quatro décadas, classifica-las por idade e ilustrar cenários alternativos para armazenamento de carbono.
A pesquisa relata que vegetação em crescimento ativo, por meio do processo espontâneo de regeneração natural, ou seja sem a necessidade de plantio de árvores, potencializa o crescimento na capacidade de sequestro de carbono. Por isso apresenta baixo custo e deve ser conservada.
Florestas secundárias possuem capacidade de armazenamento de carbono elevada. Das áreas estudadas 17% são florestas secundárias jovens (1-20 anos) e 11% de idade intermediária (20-60 anos). Em florestas jovens a quantidade armazenada de carbono ao longo de 40 anos, se preservadas, chega a 100% e em intermediárias aumenta em 120%.
Nos próximos 40 anos a quantidade de sequestro de carbono das áreas estudadas é de 31,09 pentagramas (Bilhão de toneladas) de CO2 equivalente a emissão de comsbustíveis fósseis nos países da América Latina e Caribe no péríodo de 1993 a 2014. Apenas dez países contribuem para 95% do armazenamento de carbono, sendo que somente o Brasil é responsável por 71% desse valor.
Florestas maduras (com mais de 60 anos) contêm estoque de carbono em suas biomassas, então quando são queimadas o carbono é liberado na atmosfera contribuindo para o aquecimento global. Assim tem se que preservar tanto as florestas secundárias que tem o potencial de aumentar o sequestro de carbono, quanto as florestas maduras.
A preservação das florestas secundárias, sejam elas de qualquer idade, acarreta outros benefícios como a conservação da biodiversidade e o fornecimento de produtos florestais para as comunidades locais. Mas a regeneração e proteção da floresta não sequestram todo o carbono emitido em escala global, apesar de contribuir significativamente, as empresas devem fazer sua parte e adotar estratégias para a redução de CO2.
Amazônia Oriental – As pesquisas realizadas no Pará foram desenvolvidas no âmbito do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia em conjunto com as redes internacionais de pesquisa PARTNERS e a Rede de Florestas Secundárias. Os dados obtidos tem sido incluídos em vários estudos regionais e globais sobre biodiversidade e biomassa de florestas secundárias e publicados em revistas como Nature, Science e Forests .
Para Ima Vieira , pesquisadora do Museu Goeldi e coordenadora do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, que também assina o artigo Natural Regeneration of Tropical Forests Helps to Reach Global Climate Mitigation and Forest Restoration Goals , uma boa gestão das florestas secundárias da Amazônia Brasileira pode aliviar a pressão sobre remanescentes de floresta primária.
“Mas até agora, a gestão destas florestas tem recebido atenção insuficiente a nível local, nacional e internacional. É preciso focar em estudos sobre os fatores socioeconômicos responsáveis pela formação das florestas secundárias, as interações de florestas secundárias com outros tipos de uso da terra (sistemas de produção agrícola e pecuária dos agricultores) e os benefícios ambientais que estas florestas podem proporcionar. Particularmente acho necessária a elaboração de políticas bem formuladas apoiados por normas legais adequadas e um quadro institucional de suporte. O Pará é o único estado da Amazôia que possui legislação específica para as florestas secundárias”, aponta Ima.
Leia o artigo completo aqui .
Outros estudos publicados em revistas científicas:
Dossiê florestas secundárias -
http://www.museu-goeldi.br/editora/naturais/index.html#
Governance of Secondary Forests - http://www.mdpi.com/1999-4907/5/7/1737