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Tecnologias Sociais do Museu Goeldi são certificadas no prêmio da Fundação Banco do Brasil de tecnologias sociais
Agência Museu Goeldi - A partir de agora, a Olimpíada de Ciências da Floresta de Caxiuanã e o projeto Replicando o Passado farão parte do acervo da Plataforma Transforma!, da Fundação Banco do Brasil. Um site que reúne centenas de tecnologias sociais com o objetivo de ampliar o conhecimento da sociedade sobre o tema e ao mesmo tempo, ser uma ferramenta colaborativa para a reaplicação dessas tecnologias sociais.
Nesta edição do prêmio, foram inscritas 1.012 tecnologias sociais, o segundo maior número de inscrições em todo os 23 anos de história da premiação. Dessas, 888 instituições concorreram à categoria para certificação de novas tecnologias sociais e 124, à categoria de tecnologias sociais já certificadas.
Nos próximos dias, devem ser divulgadas as 20 tecnologias sociais finalistas nas duas categorias (novas e certificadas), e que devem receber como premiação R$50 mil cada. Além do valor em dinheiro, os projetos finalistas vão participar da Semana Nacional de Tecnologia Social, que ocorrerá entre os dias 18 e 21 de junho de 2024, em Brasília – DF.
E, durante a Semana Nacional de Tecnologia Social, serão selecionadas dez iniciativas vencedoras para receber como premiação o valor de R$500 mil cada, a serem investidos na reaplicação das Tecnologias em projetos sociais.
Replicando o passado - Como resultado da proposta de compartilhar o conhecimento salvaguardado na Reserva Técnica da Arqueologia do Museu Goeldi, o projeto “Replicando o Passado” promove a troca e o compartilhamento de saberes entre arqueólogos e os ceramistas da Vila de Icoaraci, em Belém – PA. Os ceramistas têm a possibilidade de estudar e reproduzir peças originais de diferentes tradições encontradas no Pará e, no processo de produção, os arqueólogos observam e trocam informações sobre a arte do fazer, iluminando pontos sobre a produção milenar desses objetos. A TS oferece ao MPEG a possibilidade de divulgar seu acervo e aos ceramistas a qualificação de sua produção e geração de renda.
Para a coordenadora do projeto Replicando o Passado, Helena Pinto Lima, a premiação expressa o reconhecimento e a importância do trabalho que é desenvolvido por toda a equipe do projeto. “Nós do Replicando o Passado recebemos com muita alegria a notícia da certificação da nossa tecnologia social junto a Fundação Banco do Brasil. É mais um reconhecimento de um trabalho feito com muito envolvimento, amor e boa vontade por todas as pessoas que compõem esse grupo. É uma metodologia hoje consolidada mas que se desenvolveu de uma forma muito orgânica, dialógica e colaborativa feita a muitas mãos e muitas cabeças. Primeiro nós nos cadastramos enquanto tecnologia social com a chancela do Museu Goeldi e agora mais esse reconhecimento da Fundação Banco do Brasil nos deixa muito alegres e satisfeitos. Mas nós queremos ir pra relação dos finalistas e entrar no desafio da reaplicação dessa tecnologia social”. Acesse aqui para saber mais sobre o Replicando o Passado.
Olimpíadas de Ciências de Caxiuanã - Já as Olimpíadas de Ciências da Floresta Nacional de Caxiuanã promovem ações educativas em formato de gincana de ciência, contribuindo para a educação científica e ambiental, esportiva e cultural de estudantes, professores e comunitários de 17 vilas rurais que convivem cotidianamente com a Flona de Caxiuanã, localizada entre dois municípios na Ilha do Marajó – PA, e onde está sediada a Estação Científica Ferreira Penna do Museu Goeldi. As Olimpíadas acontecem anualmente desde 2001. Para saber mais sobre o projeto educativo acesse aqui.
Tecnologias Sociais (TS) - São tecnologias reaplicáveis e livres de patentes, que unem conhecimento popular e conhecimento científico em busca de soluções para problemas de grupos vulnerabilizados. Essas são algumas das principais características da TS, considerada um processo, método ou produto que atende às necessidades e demandas concretas da sociedade, gerando assim transformação social.
Regina Oliveira, ecóloga, pesquisadora da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Goeldi e coordenadora do Observatório de Tecnologia Social do Museu Goeldi, explica que “as tecnologias sociais, sejam métodos, processos ou produtos, precisam ser validadas, comprovadas pelo grupo social que tem essa demanda. E quando você tem esse método, produto ou processo a gente chama de solução sociotécnica. Esse conjunto mostra claramente que você consegue trabalhar o conhecimento científico junto com o conhecimento local e tradicional”.
As Tecnologias Sociais do Museu Goeldi – Além da Olimpíada de Ciências da Floresta de Caxiuanã e o projeto Replicando o Passado, até agora o Museu Goeldi já identificou e registrou sete tecnologias sociais oriundas de suas práticas em parceria com comunidades. Elas foram desenvolvidas ao longo de anos, como resultado das atividades de pesquisa, educação, extensão e comunicação realizadas pela instituição. São soluções para desafios enfrentados nos trabalhos com comunidades de perfis variados.
Clube do Pesquisador Mirim - Atuante desde 1997, o Clube do Pesquisador Mirim aproxima crianças do 4° ao 9º ano do ensino fundamental e adolescentes do 1º e 2º ano do ensino médio de escolas públicas e privadas da região metropolitana de Belém das pesquisas desenvolvidas no Museu. Os pesquisadores mirins têm a oportunidade de acompanhar as pesquisas e ter contato com as diferentes metodologias científicas.
Feira de Ciências de Caxiuanã - Com edições anuais, a Feira de Ciências das Escolas da Flona de Caxiuanã estimulam escolares a desenvolver e compartilhar projetos de pesquisas, que são apresentados em eventos interativos entres escolas e vilas. Uma tecnologia social em atividade desde 2001 que mobiliza para a troca entre o conhecimento científico e o saber local das comunidades.
Dicionário Multimídia de Línguas Indígenas – Proposto pela equipe de Linguística Indígena da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Goeldi, o projeto realiza um trabalho de resgate de línguas indígenas. A equipe desenvolve dicionários multimídia acessíveis por computador e um óculos de realidade aumentada, possibilitando o aprendizado na língua aos indígenas e aos não indígenas o conhecimento da riqueza linguística da Amazônia.
Gastronomia Inteligente - O projeto de desenvolvimento comunitário é fruto da relação de décadas do Museu Goeldi com comunitárias do bairro da Terra Firme, em Belém – PA. Surgiu como ferramenta para problemas de segurança alimentar, chamando atenção para o potencial nutritivo de alimentos descartados no dia-a-dia. O objetivo do projeto é educar e conscientizar a população sobre o preparo e o consumo de alimentos saudáveis, promovendo oficinas, organizando cardápios, realizando palestras e rodas de conversas sobre alimentação sustentável e criativa.
Museu de Portas Abertas - Museu Goeldi de Portas Abertas é um projeto que mobiliza toda a comunidade da instituição (pesquisadores, bolsistas, servidores, voluntários e terceirizados) para uma ação em larga escala. Durante quatro dias são realizadas visitas, exposições, palestras, apresentações de trabalho e outras ações nas instalações do Museu Goeldi para atender escolas públicas, estudantes de todos os níveis de ensino e o público mais amplo. É um processo de socialização do conhecimento científico produzido no Museu Goeldi.
Floresta Social (Restaurando a Mata) - Tecnologia Social que apoia grupos comunitários de reservas extrativistas na Amazônia a restaurar áreas queimadas de floresta com plantio de espécies florestais de valor cultural, social e econômico.
Espaço Goeldi - Pensado como estímulo ao processo de produção artesanal e artístico baseados nas coleções científicas do Museu Goeldi - MPEG, o Espaço Goeldi promove o encontro de saberes entre cientistas, artesãos, designers e artistas no desenvolvimento de ações de curadoria e apoio à criação de artesanatos, moda, joias, bijuterias, postais e objetos de arte.
Tecnologias Sociais Sustentáveis para a Amazônia - Agenda 2030 - O projeto institucional de pesquisa coordenado pela pesquisadora do Museu Goeldi Regina Oliveira foi iniciado em 2020 e está inserido no Programa de Tecnologias Sociais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O projeto é realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, todos vinculados ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O projeto de pesquisa busca promover, potencializar e realizar atividades de tecnologia social. Também tem como objetivo fortalecer o sistema de inovação e desenvolvimento de tecnologias sociais para a inclusão social, econômica e redução das assimetrias regionais na produção e acesso público à ciência, tecnologia e inovação.
Texto: Denise Salomão
Edição: Joice Santos