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Semana dos Povos Indígenas 2017: ancestralidade, política e cinema
Agência Museu Goeldi – Reafirmando sua vocação de espaço de estudo das culturas indígenas amazônicas – passadas e contemporâneas – o Museu Paraense Emílio Goeldi realiza a partir da próxima segunda-feira (24) a edição 2017 da sua Semana dos Povos Indígenas. O evento se estende até quinta-feira (27) com atividades que fazem referência ao Dia dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril.
Os debates, mostra de filmes e visitas durante a Semana dos Povos Indígenas foram pensados também para celebrar as parcerias entre o trabalho científico do Museu Goeldi e grupos de diferentes etnias, que têm se desdobrado em exposições, ações culturais e pressão para que esses povos tenham seus direitos reconhecidos e respeitados.
Ancestralidade – O antropólogo Darcy Ribeiro, na obra O povo brasileiro , coloca a região amazônica, comparada às demais do país, como o lugar onde as pessoas têm de maneira mais forte em seus aspectos culturais a herança indígena. Segundo o Censo de 2010 do IBGE, cerca de 900 mil pessoas se autodeclararam indígenas no Brasil: são 305 etnias e pelo menos 274 línguas diferentes. E a região Norte abriga 37% dessa população, o maior percentual de índios brasileiros.
Parte das etnias que integram a Associação dos Indígenas da Área Metropolitana de Belém (AIAMB) fará uma visita às coleções etnográfica e arqueológica, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi. A atividade abre a programação da Semana dos Povos Indígenas 2017 na segunda-feira (24), sendo realizada também na terça-feira (25). Até agora, confirmaram presença representantes dos povos Guajajara, Karajá, Karipuna, Mundurucu e Tembé.
Essa viagem à história da ocupação da região amazônica, por meio de milhares de peças resguardadas no Museu Goeldi, reserva um encontro com diferentes emoções. Afinal, muitos dos visitantes reconhecem traços de seu cotidiano e de seus antepassados nos objetos abrigados nas coleções científicas da instituição.
Aproximadamente 15 mil peças de 120 povos indígenas, sobretudo os da Amazônia, compõem o acervo etnográfico da Reserva Técnica Curt Nimuendajú. O acervo arqueológico da Reserva Técnica Ferreira Mário Simões conta com cerca de 120 mil peças (inteiras e fragmentadas), como utensílios cerâmicos, objetos em pedra, registros de pinturas em cavernas etc., além de dois milhões de fragmentos, também de diversas regiões da Amazônia.
Política e Cinema – Além de celebrar a vida e a cultura dos povos indígenas, o evento vai debater os desafios que a atual política indigenista brasileira impõe. Esse é o tema da mesa que abre a programação de quarta-feira (26/04) da Semana dos Povos Indígenas, no Auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi. Participam do debate os indígenas Emílio Kabá e Roberta Kabá, da etnia Munduruku; um representante indígena do Rio Negro; e o antropólogo Márcio Meira (MPEG). Recentemente, o Museu Goeldi apoiou a nota de repúdio emitida por unidades da Universidade de São Paulo (USP) às afirmações do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antônio da Costa. Leia a íntegra da nota aqui .
Encerrando a programação, na quarta e na quinta (26 e 27 de abril), o Auditório Paulo Cavalcante também recebe o Festival de Cinema Indígena. A mostra audiovisual exibirá 14 produções, entre filmes e documentários, que serão seguidos de debate sobre a diversidade da cultura dos povos indígenas do Brasil e da América Latina.
Texto: Phillippe Sendas.
Serviço:
Semana dos Povos Indígenas 2017
Data: 24 a 27 de abril.
Local: Campus de Pesquisa do Museu Goeldi. Av. Perimetral, 1901 – Terra Firme.
Programação
Dias 24 e 25/04 (segunda e terça-feira) : Visitas às Reservas Técnicas de Antropologia e Arqueologia com as etnias indígenas agendadas.
Local: Campus de Pesquisa do Museu Goeldi.
Dia 26/04 (quarta-feira) :
Manhã
8:30 – 10:30 Mesa: Políticas indigenistas no Brasil .
Participantes: Emílio Kabá (Etnia Munduruku); Roberta Kabá (Etnia Munduruku); Representante Indígena do Rio Negro; Márcio Meira (Antropólogo/Museu Goeldi).
10:30 – 10:45 Intervalo.
10:45 – 11:30 Exibição do filme Mundurukânia, na beira da história (2015, 45 min).
11:30 – 12:00 Sessão de debate sobre o filme.
12:00 – 14:00 Intervalo almoço.
Tarde
14:00 – 17:00 Sessão de filmes: História indígena e do indigenismo no Brasil .
- Rondon: a construção do Brasil e a causa indígenai – Museu do Índio (2009, 28min).
- Na trilha dos Uru Eu Wau Wau – Adrian Cowell (1990, 55min).
- A convenção 169: obrigação de consultar os povos indígenas – Rede RCA (2011, 28min).
- Dark side of green: a luta do povo Guarani Kaiowa – Argentina/Brasil (2011, 29min).
- Yawa – A história do povo Yawanawa – Tasha Yawanawa e Laura Soriano (2004, 55min).
Local: Auditório Paulo Cavalcante, Campus de Pesquisa do Museu Goeldi.
Dia 27/04 (quinta-feira) :
8:30 – 12:00 Sessão de filmes: Culturas indígenas .
- Xapiri: Xamanismo Yanomami – Hutukara (2012, 55min).
- Nossa pintura ME’ÔK: Mebengôkre Kayapó – Museu do Índio (2014, 24min).
- Assim aprendemos: transmissão de conhecimentos entre os Marubo – CTI/Catitu (2014, 34min).
- Kupixa iara – Dona da roça (Baré) – IPHAN (2011, 31min).
- Língua assobiada Gavião (Rondônia) – Julien Meyer/MPEG (2011, 20min).
- Spirit Hunters: Xamanismo e caça entre os Matsigenka – Discovery Channel (1994, 10min).
- Miss Kayapó – Tatajere Kayapó – MPEG (2011, 6min).
- Mensagem do Chefe Mro-ô – Glenn Shepard/MPEG (2013, 5min).
Local: Auditório Paulo Cavalcante, Campus de Pesquisa do Museu Goeldi.