Notícias
Rumo a uma nova síntese
Agência Museu Goeldi - O estudo da arqueologia na Amazônia, na sua maioria, se baseia no estudo das cerâmicas encontradas nos sítios da região. O livro “Cerâmicas Arqueológicas da Amazônia”, organizado pelas pesquisadoras Helena Pinto Lima (MPEG), Cristiana Barreto (MPEG, USP) e Carla Jaimes Betancourt (Instituto Alemão de Arqueologia e Un. Mayor de San Marcos), traz um panorama ilustrado dos acervos e pesquisas acerca do tema. Após ter tido o pré-lançamento na Feira Pan-Amazônica do Livro, dia 30 de maio, a coletânea será lançada no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi nesta quinta-feira, dia 16.
Ciência viva - De acordo com Helena Lima, a reserva técnica - espaço que acomoda o acervo arqueológico do MPEG - abriga aproximadamente 120 mil cerâmicas e provavelmente mais de 2 milhões de fragmentos. Na mesa, durante o pré-lançamento na Feira do Livro, as organizadoras da obra falaram sobre alguns dos motivos dessas peças serem tão significativas para traçar um panorama histórico-cultural da Amazônia.
A doutora em Arqueologia, Cristiana Barreto, explica que a relação dos ceramistas com as cerâmicas é fundamental para entender a importância das peças no contexto da história local. Ela conta que em uma das encomendas que realizou “ao invés de 20 peças, vieram 40. Eu falei que tinha a mais e ela falou ‘não tem importância, a gente gosta de fazer’. Eu tô cada vez mais convencida de que a relação dos povos com as cerâmicas vai muito além do simples fazer uma vasilha pra cozinhar. A cerâmica tem um significado especial”. A arqueóloga Helena Lima afirma que o material em si já colabora para a cristalização das cerâmicas. “Uma vez queimada, esse produto tá eternizado. Aqui na Amazônia todas essas características que tão cristalizadas nesses materiais mostram a diversidade dos povos indígenas. A cerâmica serve pra nos contar das histórias, das culturas, e é um fator que pode ser lido por nós arqueólogos”, explica.
Cerâmica e cultura - Cristiana ainda diz que é possível analisar a história do período colonial até os dias de hoje, mas “muitas vezes esses objetos desaparecem porque os grupos desaparecem no período colonial. Os Tapajós, por exemplo, produzem essa cerâmica maravilhosa e a gente deixa de encontrar, não porque eles deixaram de fazer cerâmica, mas simplesmente porque eles foram extintos”. Além de ser objeto arqueológico, as cerâmicas continuam contando histórias, porque ainda existem vários grupos produzindo as peças. Helena também cita que o livro traz uma nova cronologia sobre a profundidade temporal dos achados e a diversidade cultural dos povos.
Lançamento - A publicação é uma síntese das pesquisas arqueológicas sobre cerâmicas da bacia amazônica, com colaboração de 45 pesquisadores da área, abrangendo os estudos desde o Marajó, na foz do Amazonas, até as terras baixas do Equador e Bolívia, passando pelas cerâmicas das Guianas, no norte amazônico, e pelas peças do alto Xingu, ao sul. O lançamento do livro no Museu Goeldi conta com a apresentação do livro, oficina de cerâmica e uma visita à reserva técnica. O evento acontecerá no auditório do Campus de Pesquisa, na Av. Perimetral, 1901.
Serviço:
DATA: 16 de junho
LOCAL:
Auditório do Campus de pesquisa do Museu Goeldi
9:00 -
Apresentação do livro pelas organizadoras Cristiana Barreto e Helena Lima e pela superintendente do IPHAN/PA, Maria Dorotéa de Lima.
Participação de Janice Lima do Liceu Mestre Raimundo Cardoso, Icoaraci.
9:30 -
Ante-sala do auditório: Café da manhã e venda do livro
10: 00 -
Reserva técnica: Visita guiada à reserva técnica
10:30 - 13:00 -
Oficina de cerâmica sobre réplicas arqueológicas
Inscrições para visita e oficina:
ceramicas.amazonicas@gmail.com
(vagas limitadas)