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Reinauguração do aquário marca aniversário de 151 anos do Museu Goeldi
Agência Museu Goeldi – O mais antigo aquário público do Brasil está de volta: fundado em 1911, o Aquário Jacques Huber, um dos espaços mais aguardados pelos visitantes do Museu Paraense Emílio Goeldi, será reaberto depois de mais de dez anos fechado para reformas e adaptações. A reinauguração será nesta sexta -feira (6), dentro da programação de aniversário de 151 anos do Museu Goeldi, firmando seu lugar como a mais antiga e popular instituição científica da Amazônia.
Entre os peixes adaptados no aquário do Museu Goeldi, o público vai poder conferir exemplares de espécies de pirarucu ( Arapaima gigas ), tambaqui ( Colossoma macropomum ), tucunaré ( Cichla ocellaris ), piramutaba ( Branchyplatystoma vaillant ), piranha ( Pygocentrus nattereri ), piramboia ( Lepidosiren paradoxa ), acará ( Pterophyllum scalare ), acari ( Hypostomus plecostomus ) e surubim ( Pseudoplatystoma fasciatum ).
Além de peixes, o espaço também abriga um plantel de répteis e quelônios como serpentes das espécies sucuri ( Eunectes murinus ), jiboia ( Boa constrictor ) e periquitamboia ( Corallus caninus ); a tartaruga matamatá ( Chelus fimbriata ) e o lagarto jacuraru ( Tupinambis teguixin ).
“O nosso aquário é exclusivamente de água doce e amazônico. Nós privilegiamos peixes e outros animais que são importantes para a nossa cultura, sejam porque são os que a gente come e fazem parte do nosso dia a dia, sejam porque são marca das nossas tradições indígena e cabocla e do próprio imaginário da região”, afirma o pesquisador Horácio Higuchi , um dos biólogos responsáveis pelo espaço.
Diante da crise orçamentária que atinge duramente as instituições de pesquisa e ensino do país, o aniversário de 151 anos é, ao mesmo tempo, uma celebração e prova da resistência institucional. A limitação de recursos impede, por exemplo, o pleno funcionamento do Aquário Jacques Huber, que só poderá ser visitado entre quarta e sexta -feira, em dois turnos: 9h30 às 11h30 e 13h30 às 16h. Acesse aqui e aqui e leia mais sobre a crise no Museu Goeldi.
Programação – A abertura da programação será às 9h30 da manhã de sexta -feira com o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Jr. Além da reinauguração do Aquário, o Museu Goeldi entrega oficialmente para população a revitalização do muro do Parque Zoobotânico - totalmente pintado através da parceria firmada com o Governo do Estado, a empresa de tintas Coral e o ProGoeldi .
Após as falas, o Aquário Jacques Huber será oficialmente inaugurado com um abraço simbólico em torno do prédio. A partir de então, grupos de 30 pessoas, em intervalos de meia hora, serão guiados em uma visita especial pelo espaço.
E como já é tradição nas datas comemorativas do Museu Goeldi, os parabéns acontecem em volta de um lindo bolo de flores e frutos oferecido ao público. A programação encerra com a música de grupos folclóricos do Pará.
História – Fundado em 6 de outubro de 1866, por Domingos Soares Ferreira Penna, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) é o primeiro projeto nacional de estudo científico da Amazônia, sendo ainda o segundo museu de história natural mais antigo do Brasil. Sua agenda de investigações sobre os processos naturais e dinâmicas sociais da região amazônica servem de apoio para gestores das tres esferas, comunidades e empresas.
Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil (MCTIC), o Museu Goeldi é um dos três maiores museus brasileiros em termos de coleções. Mantém atualmente mais de 4,5 milhões de itens tombados em 19 coleções científicas, que abrangem acervos etnográficos, arqueológicos, linguísticos, biológicos, minerais e fósseis, e documentais.
No Parque Zoobotânico, uma das três bases físicas do Museu, está o Aquário Jacques Huber, o mais antigo aquário público do Brasil. Inaugurado em 1911, o espaço exibia espécies de peixes amazônicos e foi concebido pelo botânico suíço Jacques Huber (1867-1914), na época diretor do Museu, e pelo desenhista alemão Ernst Lohse (1873-1930). Ao longo do tempo, a construção perdeu seus traços neoclássicos originais e, na reforma realizada entre os anos de 2008 e 2009, o prédio foi ampliado para a exibição de serpentes e quelônios, como também para melhorar a área de manejo dos animais. Desde a sua fundação, o aquário sempre foi um espaço de grande fluxo de visitantes.
Pesquisador do Museu Goeldi, o historiador Nelson Sanjad lembra como é forte e afetuosa a relação construída entre o público e a instituição desde a sua fundação: “O vínculo afetivo da população belenense com o Museu Goeldi é bem antigo. Há registros do grande impacto positivo provocado na população com a inauguração do Parque Zoobotânico, ainda em 1895. Esse espaço permaneceu muito visitado nos anos posteriores. Entre as razões desse fenômeno, podemos mencionar as melhorias e as novas atrações constantemente inauguradas no Parque, o que atraia permanentemente os visitantes, a ponto das visitas se tornarem um hábito semanal. Outra razão é o grande interesse que a população local manifestou pelos animais da região (o que ocorre ainda hoje ). Emilio Goeldi foi um gestor extremamente hábil ao perceber que a sobrevivência da instituição dependia do apoio da população – e soube obter esse apoio”, destaca.
Texto: Phillippe Sendas