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Programa Futuras Cientistas no Museu Goeldi
Agência Museu Goeldi – Aderindo a estratégia para impulsionar a presença feminina na ciência, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) participou pela primeira vez do Programa Futuras Cientistas, que busca promover uma imersão científica em intuições de pesquisa para alunas e professoras da rede pública. O Museu Goeldi ofertou vivências para 10 participantes em duas experiências: o projeto “Biodiversidade invisível e técnicas de higienização para o dia a dia”, sob tutoria da Drª Monyck Lopes; e “A imensidão do mundo microscópico”, coordenado pela Drª Ana Paula Linhares.
A experiência do Museu Goeldi teve início nos dias 9 e 11 de janeiro quando as participantes do projeto puderam vivenciar, no Parque Zoobotânico, uma imersão sobre a história do Museu Goeldi e as atividades de divulgação científica realizadas pela instituição. Descobriram mais sobre grande diversidade de fauna e flora no Parque do Goeldi, conheceram a Coleção Didática Emília Snethlage, a Biblioteca Clara Galvão (direcionada para o público escolar), o Clube do Pesquisador Mirim e visitaram a exposição Diversidades Amazônicas.
Ainda em janeiro, no período de 16 a 23, as atividades passaram a se concentrar nos laboratórios do Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, onde aconteceram práticas de manipulação de microrganismos. Os laboratórios de Biologia Molecular, Biotecnologia de Propágulos e Mudas de Botânica e o de Microscopia Eletrônica de Varredura concentraram os experimentos realizados para os dois projetos.
Futuras Cientistas - Voltada para alunas e professoras do ensino médio das redes públicas, o Programa Futuras Cientistas é uma iniciativa do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e representa uma oportunidade inovadora na busca de incentivar a participação de mulheres no meio científico, através do contato com instituições de pesquisa. As participantes contam com uma bolsa mensal no valor de R$ 600 (seiscentos reais), fornecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e recebem kits com os materiais necessários para a realização dos experimentos.
Monyck Lopes, pesquisadora da Coordenação de Botânica do Museu Goeldi assinala a relevância da realização do projeto e da familiaridade destas jovens com práticas científicas: “Muitas vezes elas não têm práticas em laboratórios e veem isso como algo muito distante. Então essa experiência é essencial para estimular o desejo pela ciência. Algumas nem sabiam que se faz ciência aqui na Amazônia. Neste projeto, elas puderam compreender o que é feito no laboratório a nível microscópico”, explica a pesquisadora, ressaltando que procurou transmitir, de maneira didática, práticas mais simples do cotidiano para manter uma higiene correta que reduza microrganismos contaminantes.
A semeação da ciência também se expande com a possibilidade das participantes repassarem seus aprendizados em suas escolas. Lorena Cunha, professora de ciências e biologia participou do programa com a intenção de propagar novos conhecimentos em suas aulas. “Tive a iniciativa de participar com o objetivo de potencializar a minha prática docente a partir dessa imersão científica. O curso de microscopia é algo que tenho bastante afinidade e quando começamos a desenvolver as atividades, fiquei muito feliz com as oportunidades que o Futuras Cientistas me trouxe”, pontua a professora Lorena.
Ana Paula Linhares relata o quanto participar do Futuras Cientistas como mentora é uma experiência gratificante, tanto profissional quanto pessoal: “Fui uma menina que não teve muitas oportunidades que pudessem me dar um leque maior de possibilidades. E hoje em dia ainda muitas meninas não são apresentadas a esses caminhos na ciência. Então minha participação no Programa vai além de ser apenas meu trabalho”, relata Ana Paula.
A pesquisadora ainda comenta a proatividade que pôde perceber, durante as atividades, por parte das alunas. Ela conta que “a recepção foi extremamente positiva, cada uma trouxe sua carga de conhecimento anterior e sua personalidade, mas todas realmente mergulharam na proposta da experiência”, completa.
Rebeca Nayara, aluna do 3º ano do ensino médio, já imagina seu futuro profissional no meio científico. “Desde o início do programa eu pude perceber mais ainda que a minha área está mais relacionada com a biologia. Foi muito interessante também conhecer a parte mais cultural do Museu Goeldi. Muitas vezes não temos noção do histórico dos locais da nossa cidade e o Museu nos apresentou isso”, ressaltou Rebeca.
A edição pioneira do Futuras Cientistas no Museu Goeldi encerrou no final de janeiro com a apresentação dos trabalhos das participantes.
Texto: Kauanny Cohen
Edição: Joice Santos