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Pesquisa em Biodiversidade na Amazônia Oriental: o futuro passa pela política
Agência Museu Goeldi – Centenas de pesquisadores em rede investigando os biomas brasileiros. Um sistema integrado de informação sobre biodiversidade para facilitar a gestão do nosso patrimônio natural e fortalecer ações de pesquisas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. São 12 anos de estudos do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) sobre os fenômenos que dizem respeito à diversidade biológica na porção oriental do bioma amazônico.
Em 2016, o momento é de reestruturação e de projetar o futuro. Em um cenário nacional de corte de recursos, com sensível perdas para a área Ciência, Tecnologia e Inovação, o VIII Seminário do PPBio também foi um encontro de inquietações e planos para dar novo fôlego ao programa em meio à crise econômica e política em nível nacional.
Os investimentos para o Programa de Biodiversidade nunca foram vultosos, e atualmente estão previstos apenas R$ 2 milhões de reais para o biênio 2017/2018, segundo informou o tecnologista do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), Bruno Martinelli. Essa quantia será compartilhada entre todos os núcleos e institutos participantes.
De acordo com Martinelli, “a rede deve coordenar as demandas locais, orientadas por biomas com grandes temas da nossa legislação ambiental, integrar os resultados e dados de pesquisa sobre a biodiversidade com a gestão de áreas naturais, trabalhar mais em parceria ao ICMBio, fazer conexões com estudos socioambientais e culturais, formar pessoal, tudo isso com a restrição orçamentária. É muito trabalho pela frente”, sintetiza Martinelli.
Recursos - Com a escassez de recursos na esfera federal, um caminho apontado por cientistas e gestores de unidades de conservação é a aproximação com os representantes dos estados e municípios. Uma busca por apoio e financiamento para pesquisas que beneficiem as duas pontas da parceria. Nesse sentido, o Secretário de Meio Ambiente do Estado Amapá, Marcelo Creão, que participou do seminário, apontou que “o Amapá dispõe de verbas consideráveis, vindas de compensações ambientais, a serem aplicadas na área do meio ambiente e ciência e que podem ser disponibilizadas para o programa”.
“Para esses recursos locais serem acessados, o MCTIC precisa ajudar”, alerta a bióloga do Museu Goeldi, Marlucia Martins. É necessário que os representantes do Ministério saiam de Brasília e visitem o Pará, o Amapá, o Tocantins, e os demais Estados da Amazônia, reúnam com as secretarias de meio ambiente, ciência, tecnologia e proponham parcerias”, disse Martins.
Alberto Akama, o coordenador do Núcleo Executor do PPBio Amazônia Oriental, acredita que a rede de cientistas e instituições, e os resultados de pesquisa que surgiram a partir dela, são o grande legado e trunfo do PPBio para os próximos anos. “A perspectiva é que continuemos articulados entre estados, regiões e institutos para dar continuidade ao Programa na Amazônia e no Brasil, particularmente captando recursos de outras fontes”.
Além das instituições de pesquisa, o Seminário contou com a participação do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio / PA) a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, e um secretário de estado de meio ambiente (Amapá).
No evento, o secretário Marcelo Creão convidou os pesquisadores do PPBio Amazônia Oriental a participar do Fórum de Governadores da Amazônia Legal, um espaço que pode resultar em uma maior interlocução com os governos estaduais e com conselhos estaduais de meio ambiente.
“O resultado desse seminário foi muito bom nesse aspecto, porque a gente conseguiu uma interlocução muito maior com os políticos e os gestores. Nosso grande objetivo [também] é sensibilizar os conselhos estaduais de meio ambiente e os governadores, pois são eles que podem nos dar a acesso a mecanismos de financiamento como o Fundo Amazônia. Quem faz essa solicitação são os conselhos estaduais de meio ambiente que podem ter acesso tanto ao fundo de compensação quanto ao fundo Amazônia e outros fundos setoriais que podem fornecer suporte financeiro ao programa”, finaliza Alberto Akama.
PPBio – Fundado em 2004, o Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI que busca ampliar o conhecimento em biodiversidade nos Biomas Brasileiros. O PPBio Amazônia Oriental é coordenado pelo Museu Goeldi e promove o inventário, a informatização das coleções científicas do bioma amazônico, a formação de recursos humanos especializados e a divulgação do conhecimento científico. O Programa integra mais duas redes: PPBio Amazônia Ocidental e o PPBio Semiárido.
Texto: João Cunha e Uriel Pinho