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Parque Zoobotânico do Museu Goeldi celebra 127 anos
Agência Museu Goeldi – No próximo domingo (28), o Museu Goeldi realiza a Programação “Domingo é dia de Ciência” para comemorar os 127 anos de seu Parque Zoobotânico. Toda a programação acontece dentro do Parque, na área da Sumaumeira Jovem, próximo ao portão da 9 de Janeiro. As atividades incluem apresentação de jogos e kits pelos alunos do Clube do Pesquisador Mirim, a apresentação da coleção Didática Emília Snethlage, com seus animais taxidermizados, artefatos indígenas e fósseis.
O Carro da Leitura também estará presente, com contação de histórias e um acervo de livros e brinquedos. Uma oficina de modelagem de animais em argila, voltada a pessoas com deficiência também está na programação. Haverá ainda o parabéns ao Parque Zoobotânico, com distribuição de mudas de seu tradicional “Bolo de Flores”. A entrada pode ser feita das 9h às 14h e o espaço fecha às 15h. O ingresso custa R$3, com meia entrada e gratuidade garantida para os casos previstos em lei.
Ana Cláudia Silva, chefe do Serviço de Educação do Museu Goeldi e coordenadora da programação, destaca que o Parque Zoobotânico do Museu Goeldi é “um espaço histórico, um patrimônio que guarda todo um acervo biológico e natural de espécies que se reportam a nossa floresta. Temos diversas espécies que são encontradas na região e o visitante pode ter a possibilidade de conhecer e ter esse ambiente bem no centro da cidade”.
E uma novidade: a partir de setembro, o público terá ainda mais tempo para visitar o Parque. As visitações, que hoje ocorrem de 9h às 15h, de quarta a domingo, se estenderão até 16h. Uma hora a mais para encontrar a natureza e a ciência no centro de Belém.
História - Inicialmente pensado como dois anexos distintos do então Museu Paraense de História Natural e Etnographia, o Parque Zoobotânico floresceu para muito além do que seus criadores esperavam quando abriu, em 1895.
Imagine: naquele momento, o hoje Museu Goeldi era composto pelo prédio da Rocinha, e, em cada um de seus lados, havia um horto botânico e um jardim zoológico. Como um organismo vivo, esse espaço se ampliou para os terrenos vizinhos até ocupar o quarteirão inteiro que ocupa hoje. Suas árvores, a maioria plantadas, cresceram até formar a cobertura densa que conhecemos. Parecida com as florestas que, no passado, estavam por todos os lados. E que hoje encontram no Parque Zoobotânico seu último refúgio no centro de Belém.
Em todo esse tempo, além do espaço, as relações das pessoas com a natureza também mudaram. Hoje, uma das funções do Parque é ser local de apoio e tratamento para animais que devem ser reintroduzidos na natureza. Os que ficam, por não serem mais capazes de retornar, são mantidos de acordo com os melhores padrões de tratamento ou encaminhados a outras instituições no Brasil.
Animais – Atualmente, quase 3 mil animais habitam o Parque Zoobotânico, sem contar com os visitantes da fauna livre, como pássaros, que usam o Parque como área de alimentação ou repouso. Uma das dúvidas mais frequentes do público é justamente sobre os animais do Parque. A timidez de alguns deles, como a onça Luakã, que nem sempre gosta de se mostrar, gera até mesmo boatos sobre sua morte.
A diretora do Museu Goeldi, Ana Luiza Albernaz, esclarece que a única grande perda durante o período da pandemia foi a do jacaré Alcino, que viveu por mais de 70 anos no Parque.
“Antes da pandemia, perdemos a onça chamada Guma, que morreu de câncer, uma doença que não seria controlável. Então eles eram animais bastante velhos, que viveram bastante tempo no Museu, foram muito bem tratados, tanto que tiveram suas vidas tão longas. Essas duas mortes não são mortes que sejam por algum descuido ou por algum problema de gestão desses animais”, esclarece a diretora.
O chefe do Serviço do Parque Zoobotânico, Pedro Oliva, explica que o espaço tem menos animais do que já teve há alguns anos, e que isso se deve à legislação vigente, que não permite mais tantos animais em tão poucos metros quadrados.
“Por isso não podemos ter tantos animais quanto as pessoas gostariam. E, às vezes, os visitantes chegam aqui perguntando se vão ver girafas ou panteras. E nós temos onça, jacarés, macacos, araras, ariranhas… esses outros animais exóticos, de fora da Amazônia, nós realmente não temos” ensina Pedro.
Ele diz que limitar o número de animais também possibilita ao Parque ter um ganho de qualidade no tratamento deles. O foco, então, passa a ser naqueles que são ameaçados de extinção.
“junto à Associação de Aquários e Zoológicos do Brasil, temos grupos que fazem estudos sobre animais ameaçados de extinção, com trocas e permutas, o que faz com que possamos ter vários animais desses distribuídos em vários zoológicos do país. Como é o caso das ariranhas, das ararajubas e do gavião real”, explica Pedro.
O chefe do Parque Zoobotânico esclarece: os especialistas do Parque não vão até a natureza buscar esses animais. Muitos são trazidos ao espaço para cuidados após apreensões e outros são trocados com outros zoológicos, com objetivo de formar pares, estimular a reprodução e então planejar a soltura e devolução desses animais na natureza. “Exemplos da qualidade desse trabalho de manejo é a alta taxa de reprodução de animais como as cotias, os guarás, as tartarugas-da-Amazônia e os jabutis”, aponta Pedro.
Desafios – Por conta da pandemia de Covid-19, o Parque Zoobotânico fechou para o público, mas sua manutenção e o tratamento de seus animais nunca pararam. Ainda que a falta de recursos ao longo dos últimos anos seja um grande desafio para o espaço.
Vale lembrar, o Museu Goeldi tem outras três bases físicas além do Parque. O Campus de Pesquisa em Belém (PA), sua Estação Científica, na Floresta Nacional de Caxiuanã (PA), e seu Campus Avançado em Cuiabá (MT), o futuro Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal.
A Diretora do Museu Goeldi, Ana Luiza Albernaz, explica que a maior parte do orçamento da instituição é voltada a despesas principais com essas bases, como vigilância, limpeza e manutenção do parque (como tratadores e jardineiros). As despesas com energia elétrica também são altas, já que coleções e laboratórios permanecem ligados o tempo todo.
Com todos esses custos obrigatórios, Ana Albernaz explica que “temos menos de 10% do orçamento anual para eventualmente fazer alguns consertos. No ano passado, tivemos quebra de equipamentos grandes de pesquisa, que precisamos repor. Nós tivemos também conserto de telhados de coleção. Coisas mais emergenciais que comprometeram esse parco recurso que a gente tem pra decidir sobre o uso dele” esclarece.
Recursos - A instituição ainda busca, por exemplo, recursos para restaurar o centenário prédio da Rocinha, atingido pela queda de um galho de árvore em 2021. Os custos são estimados entre 10 e 15 milhões de reais. Com essas limitações, a instituição está sempre buscando parceiros e recursos externos, na expectativa de preservar e atualizar sua atuação.
Apesar disso, a infraestrutura também se renova: o novo Centro de Exposições Eduardo Galvão será inaugurado no Parque Zoobotânico neste semestre. Outra boa notícia é que recentemente, o Museu Goeldi recebeu uma suplementação em seu orçamento para manutenção predial, que servirá para consertar boa parte das pendências do Parque: seu calçamento, guarda-corpo dos recintos, e alguns telhados. Infraestrutura que se deteriora com muita facilidade devido a alta umidade e insolação.
Ciência - A programação deste domingo (28) é especial para o aniversário do Parque Zoobotânico, mas fique atento: todo último domingo de cada mês sempre acontece o Domingo é Dia de Ciência, quando o público pode conferir materiais de educação, peças da coleção didática e conhecer mais sobre as pesquisas realizadas pelo Museu Goeldi, conversando diretamente com seus cientistas.
Texto: Uriel Pinho, com colaboração de Kauanny Dias
Serviço
Aniversário do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi
Programação especial “Parque Zoobotânico: 127 anos de preservação e Educação sobre cultura e biodiversidade Amazônica”
Domingo, 28 de agosto
Entrada das 9h às 14h (encerramento às 15h)
Programação:
Clube do Pesquisador Mirim
Apresentação de kits e jogos educativos, pelos alunos do Clube do Pesquisador Mirim, com a temática Parque Zoobotânico
Coleção Didatica Emília Snethlage
Apresentação do acervo da coleção didática como animais taxidermizados, artefatos indígenas, fósseis entre outros.
Carro da Leitura
Com um acervo de livros, fantoches, pintura de desenhos e contação de histórias com fantoches para as crianças.
Oficina Inclusiva: Modelando em argila a Fauna do PZB
Ministrantes: Alcemir Aires e Thiago Ferreira (PCD/cego)
Bolo de Plantas e Flores com parabéns para o Parque Zoobotânico e distribuição de mudas